serviços telefónicos em causa, demasiado conhecida e que nem por o ser obstava a que, tal como decorre da intervenção criticada, se continuasse a estabelecer a diferenciação entre Estado e companhia ou C. T. T. e companhia, com vista unicamente a mostrar-se um comportamento divergente quanto à apresentação da escrituração das chamadas, aliás no prosseguimento de um modo arreigado de diferenciar entidades que os próprios serviços assim continuam a distinguir, o que pode ser verificado mesmo aqui dentro desta Casa quando procuramos o telefone e o contínuo nos interroga se queremos a rede do Estado ou a da companhia ....

Porque o essencial não é comparar taxas vigentes em países estrangeiros, cujos níveis de vida se nos não equiparam.

Porque o essencial não é ....

Mas valerá a pena insistir no que seria ou não seria essencial foca: nessa nota dos C. T. T., que não convenceu ninguém?

Evidentemente que não. Até porque esta espécie de réplica não visa realmente o fundo, mas a forma (modo) de um continente sem conteúdo, importando, sobretudo, que fique bem claro não dever, nem poder, ser repetido em tão alto nível que nesta Assembleia se propagam boatos!...

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

A Sr.ª D. Custódia Lopes: - Sr. Presidente: O facto de pela primeira vez na já longa história da província de Moçambique um governador-geral da província de Angola a visitar oficialmente leva-me, como representante da província do indico nesta Câmara, a dizer algumas palavras de aplauso e de satisfação por este acontecimento, palavras que reflectem o sentir de toda a população de Moçambique, que, ontem, à chegada do ilustre governante, se manifestou calorosamente em expressões de júbilo e da alegria por tão honrosa visita.

Na mensagem que o ilustre visitante dirigiu ao povo de Moçambique, logo após a sua chegada, estão bem expressos os sentimentos de fraternidade que unem as duas províncias e que o ilustre governador-geral de Angola tão bem traduziu no abraço muito grande que consigo levou e que, como disse, não cabe nos seus braços, pois é enviado por 5 milhões e meio de portugueses de Angola para todos os seus irmãos de Moçambique.

Em boa hora o governador-geral de Moçambique, com o compreensivo assentimento de S. Ex.ª o Ministro do Ultramar, entendeu estreitar mais ainda os laços fraternos que sempre uniram as duas grandes províncias portuguesas do Atlântico e do Indico, que para mais se amarem melhor se devem conhecer.

E nada mais acertado do que um intercâmbio de conhecimento das duas províncias, começando pelos seus mais altos e ilustres governantes, a quem incumbe, nesta hora difícil, zelar pelo desenvolvimento e progresso destas terras portuguesas, que, embora diferentes em vários aspectos, têm problemas e sentimentos comuns.

Gostaríamos de que esta larga visão política de intercâmbio se estendesse aos demais territórios ultramarinos e pudesse abranger também os representantes das várias províncias ultramarinas nesta Câmara, à semelhança do que se vem fazendo com a visita de ilustres Deputados metropolitanos ao ultramar.

Seria também de desejar que se intensificasse o intercâmbio nos vários sectores culturais e sociais, não esquecendo a juventude escolar, que, através de excursões tão do seu gosto, muito aprenderia pelo contacto directo com a geografia, a história, as gentes e os costumes das várias terras do ultramar, e colheria dele uma visão mais ampla e realista, que muito contribuiria não só para seu conhecimento mais concreto e profundo dos seus múltiplos problemas, mas também para um estreitamento de relações entre as diferentes populações portuguesas do ultramar, entre si e com as da metrópole, com as quais se torna igualmente necessário acentuar o intercâmbio, para que assim se fortaleça cada vez mais a unidade de sentimentos que deve ser comum a todos quantos, nos diversos continentes, constituem a Nação Portuguesa.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A oradora foi muito cumprimentada.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua o debate do avisa prévio acerca dos problemas da população idosa do nosso país, do fenómeno do envelhecimento da população e da política da velhice.

Tem a palavra o Sr. Deputado Leonardo Coimbra.

O Sr. Leonardo Coimbra: - A história, para além das contradições que dinamizam a sua evolução, possui um valor de eternidade. Todo o acto realizado no tempo, pelo seu conteúdo moral e espiritual e pela sua dependência ou oposição ao amor essencial, assume uma ressonância eterna. O Universo, na sua fase actual de gestação e cosmogénese, como maravilhoso pedestal da eternidade, está dividido entre o egoísmo próprio da ordem da natureza, e que sòmente conduz à tirania, contradição e caos, e o amor trazido por Cristo à terra e que, por ser a própria essência de Deus, é a única força definitivamente criadora e unificante.

Das existências ordenadas e aparentemente sem sentido, o amor de Cristo forma um mundo unificado e harmonioso. É a orientação reintegradora de todas as realidades em Deus, como seu fim último e supremo, que explica e dá sentido a toda a existência, de outro modo pulverizada e perecível como astro desorbitado e sem rumo. E o que se passa com a criação em g eral sucede com o destino individual de cada homem.

Toda a existência é uma luta entre o egoísmo, que enraíza o homem nos valores perecíveis e efémeros (e sòmente pode conduzir à contradição e ao dissídio), e o amor, que unifica e constrói, no complexo entrelaçamento da liberdade (que nos torna semelhantes a Deus) e da graça vivificante, capaz de renovar e recriar o novo homem na ordem do amor e da vida espiritual.

E nesse progresso e acção criadora, que constitui o drama profundo e irrevogável de toda a existência humana, o homem vai-se enriquecendo espiritualmente, na medida em que os degraus do tempo se desgastam e ele caminha para a velhice e para a morte.

A velhice deveria, assim, constituir o período mais rico de densidade existencial e. de mais válida maturação cultural e espiritual, para que a grande e definitiva opção da morte pudesse ser profundamente consciente e lúcida.

Mas esta condição ideal pode não se realizar, e talvez a maior parte das vezes assim suceda. A velhice, considerada sòmente como expressão da decadência das vir-