cumentação utilíssima e actualizada. E não quero deixar de aqui também transcrever, como apontamento para análise, por reputá-la oportuna e muito certa, a opinião sobre este tema de Alexis Garrei, em O Homem, Esse Desconhecido:

É necessário que o homem que envelhece não deixe de trabalhar. A inacção ainda diminui mais o conteúdo do seu tempo. O ócio ainda é mais perigoso paru. os velhos do que para os novos. Aqueles cujas forças declinem deve dar-se um trabalho apropriado, ir as não o repousa. Tão-pouco se devem estimular nesse momento os processus funcionais. É preferível suprir a sua Lentidão por um aumento da actividade psicológica. Cheios de aventuras mentais e espirituais, esses dias deslizarão mais lentamente e podem até recobrar a plenitude dos da juventude.

A ocupação das pessoas idosas é também objecto do estudo apresentado pelo Dr. Agostinho Cardoso, e aqui o apoio nas suas judiciosas considerações. Estou, porém, ao lado de Eduarda de Almeida quando preconiza, para a elaborarão dos esquemas de protecção à velhice (rastreio, profilaxia e ajuda), englobados, os problemas do trabalho, a criação de dispensários de gerontologia, de função ç oliva ente, cujos objectivos devem ser:

Diagnosticar a pessoa idosa no &eu aspecto global (físico, fisiológico, psíquico, psicológico e social);

Fazer a profilaxia física, mental e psicossocial da senilidade em geral;

Pôr à disposição dos clientes a ajuda de que dispõe.

Acreditamos que estes dispensários possam ser peças fundamentais na estrutura da protecção futura à velhice em toda a sua amplidão (assistência médica e medicamentosa, ajuda psicossocial e auxílio material), mas sobretudo no estudo das faculdades individuais das pessoas idosas e, portanto, no melhor ajustamento às tarefas e aos locais de trabalho onde aquelas devem passar a exercer a sua actividade. Suo múltiplas as tarefas que podem caber a estes dispensários, mas a sua orgânica precisa de ser estudada cuidadosamente para, que se não venha a criar mais organismos sem acção válida.

Não nos adiantemos, porém, na enumeração de directrizes e de. redes completas de serviços para a cobertura e satisfação integral dos anseios e necessidades das pessoas idosas. Essa finalidade deverá ser encontrada fora do seio desta Assembleia pelos organismos e técnicos especializados o cabe inteiramente na definição de uma política social incluída a das pessoas idosas, que o Governo deve traçar.

Parece-me, no entanto, que, para concluir, e dada a complexidade e amplidão de todos os problemas ligados à terceira idade, deveria de facto, ser imediatamente constituído um grupo de trabalho, «Comissão de estudos do problema da velhice», que poderia ser nomeado pelo Conselho Social, a que se refere a Lei n.º 2115.

Essa comissão deveria ter presentes as conclusões dos trabalhos que nesta Assembleia decorreram e poderia também encarar como objectivo concreto o da criação, no Secretariar o Técnico da Presidência do Conselho, de uma divisão de estudos ou assuntos sociais, departamento que incluiria uma secção respeitante à terceira idade. Seria esta secção que ficaria depois, no futuro, responsável peles trabalhos e estudos referentes às pessoas idosas e que desempenharia uma função de ligação entre todos es departamentos e Ministérios por onde correm os ma s variados assuntos do domínio que estamos a tratar. Um serviço coordenador da protecção à terceira idade será de grande utilidade; integrado, no âmbito de uma estrutura de promoção social, num organismo que trata das questões de planeamento e desenvolvimento económico parece-me ainda de maior interesse, com a certeza de um maior equilíbrio na definição dos esquemas que convenha adoptar para um viver mais tranquilo das pessoas idosas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi minto cumprimentado.

O Sr. Braz Regueiro: - Sr. Presidente: Preocupam-me, como médico e como homem, todos os problemas relacionados com a velhice, pelo que muito me regozijo de participar, com esta achega modesta e despretensiosa, no debate e discussão de assunto tão oportuno e aliciante.

Na verdade, os problemas da velhice suscitam cada vez mais o interesse dos clínicos, dos sociólogos e dos políticos.

Basta que 10 por cento de uma população seja constituída por gente velha paru que a medicina, a sociologia e a economia tenham de conjugar-se para uma solução geral, moral e política.

Mas o que é afinal uma pessoa idosa-

Que é e em que consiste o envelhecimento?

Qual é o sentido profundo da acção em discussão, velhice e longevidade?

Que serão as sociedades de amanhã em relação ao acréscimo da longevidade?

Como se comportará o homem precocemente e por muito tempo afastado do trabalho? Como reagirá a família?

Tantas e tantas perguntas que, afinal, sempre se encontram na mesma origem: o respeito pela vida na sua continuidade, e do homem que é dela o seu total representante.

E porque estou convencido que até o mais profano nestes problemas, mas neles naturalmente interessado, encontrará nas suas soluções e nas respostas às perguntas feitas o eco das suas próprias preocupações; considerando também que, qualquer que seja a idade referenciada, é necessário integrar, e não segregar, o homem velho na sociedade, já que em corpo e alma ele persiste sempre como homem, por tudo isso felicito o ilustre Deputado Dr. Agostinho Cardoso pelo aviso- prévio que em boa c inspirada hora trouxe a esta assembleia política.

Apoio-o de todo o meu coração.

A velhice, como é do conhecimento geral, explica-se por modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que arrastam, concomitantemente, consequências sociológicas e económicas.

O envelhecimento, considerado como fenómeno biológico e fisiológico, é um processo inerente à natureza de toda a matéria viva. Esta nasce, desenvolve-se, mantém-se por um tempo mais ou menos longo em estado de equilíbrio, e depois decresce por uma involução inexorável e progressiva, mais ou menos rápida, até à morte.

Mesmo sem entrar em consideração com um estado patológico - doença de um órgão ou alteração de uma função particular -, pode afirmar-se que a senescência aparece como resultado das leis da evolução biológica que nos governa.

Precisamente por causa dessas leis, o espírito se dá conta que é em vão que se possa prolongar indefinidamente a vida.