O programa de execução era progressivo, pelo que em 1968 e 1969 investimento e área a arborizar eram inferiores à média. Assim, em 1968 deveriam ser beneficiados 25 000 ha na propriedade privada, o que exigiria um investimento de 109 000 contos, dos quais 75 000 contos seriam financiamentos feitos aos proprietários florestais. Em 1)69 previa-se uma arborização na propriedade privada em 38 000 ha, com um investimento de 144 550 contos, dos quais no 000 contos provenientes de fontes privadas e destinados a financiamentos aos empresários florestais.

A realidade, porém, é bem diferente deste panorama e não deixa de ser altamente preocupante, não só para a lavoura, que, se vê impossibilitada de realizar os seus programas de reconversão de culturas inframarginais ou utilização de terrenos incultos, não vendo assim aumentados os seus rendimentos, como para a própria indústria utilizadora de produtos da floresta, cuja produção começa a ser inferior 10 consumo, além de se ver comprometido o desenvolvimento projectado para aquela indústria.

Já no despacho orientador da indústria da celulose, de 11 de Julho de 1966, o Sr. Secretário de Estado da Indústria reconhecia «a necessidade imperiosa de se estimular por todos os meios o repovoamento florestal, como determinante que é da expansão da indústria transformadora de produtos florestais».

É através do Fundo de Fomento Florestal que devem ser realizados e executados estes programas. No entanto, verificar-se que este organismo não tem tido meios ao seu dispor para pç der impulsionar os trabalhos que lhe estão confiados.

Assim, em 1968 deveria receber 34 000 contos do Orçamento Geral do Estado e 75 000 contos de fonte privada, e recebeu apenas 23 000 contos do Orçamento Geral do Estado, o que significa uma redução de 32 por cento, e não obteve qualquer quantitativo de origem privada para financiar empreendimentos.

Deste modo, a florestação na propriedade privada não ultrapassou os 9000 ha, apenas 36 por cento da programação feita, área esta ainda inferior à conseguida durante os dois últimos anos do Plano Intercalar de Fomento.

Da mesma forma, o panorama para o corrente ano de 1969 não se apresenta mais optimista, porquanto ao Fundo de Fe mento Florestal apenas foram atribuídos 27 500 contos o que significa ter tido uma redução de cerca de 20 por cento do previsto. Não foram consideradas quaisquer verbas de fontes privadas, o que, a ser assim, significará não se cumprir a arborização de 38000 ha previstos para o ano de 1969.

O que se passou em 1968 e o que se apresenta para 1969 é motivo de sérias apreensões. A razão desta situação deve-se aos condicionalismos financeiros postos aos organismos que deveriam promover os créditos aos proprietários florestais, motivados principalmente, segundo se julga, por falta de promulgação de diplomas sobre a estruturação do crédito florestal.

Como se sabe, os investimentos florestais têm uma taxa de rentabilidade baixa e realizável só a longo prazo. Daqui resultam grandes dificuldades para o empresário florestal em mobilizar capitais para estes empreendimentos e os capinais que lhe possam ser facultados têm de ser a uma taxa de juro baixa.

Estabelece-se no referido Plano de Fomento que os financiamentos florestais se deveriam centralizar no Fundo de Melhoramentos Agrícolas e ser através destes serviços que seriam feitos os financiamentos. Assim, os capitais destinados ao fomento florestal poderiam provir de «Promissórias do Fomento Nacional», sobre cujas importâncias recairiam taxas apenas de 1 por cento. Como já se disse, à falta da referida promulgação de disposições legais que facultem ao Fundo de Melhoramentos Agrícolas concentrar os capitais necessários para pôr à disposição dos empresários florestais, assim como às alterações à regulamentação relativa ao Fundo de Fomento Florestal, se deve todos os obstáculos que impediram o cumprimento dos planos.

Se, porém, todo este mecanismo do financiamento continuasse a correr pelo Fundo de Fomento Florestal, conforme lhe é permitido pela sua actual legislação reguladora, todo o sistema se simplifica e é natural possa vir a ser mais rápido.

Seja como for, importa, porém, estabelecer com rapidez as estruturas e os meios necessários para a rápida execução dos programas de reflorestação.

A floresta portuguesa ocupa cerca de 3 000 000 ha, dos quais apenas 10 por cento, cerca de 300 000 ha, pertencem ao Estado. Daqui se vê a alta importância que representa para o País a floresta privada e a execução dos seus programas.

O produto florestal foi em 1964 de 2 808 000 contos, dos quais 1 609 000 contos correspondente ao material lenhoso. A exportação total de produtos florestais e derivados atingiu em 1965 o valor de 3 203 315 contos, sendo o valor material lenhoso de 1 112 215 contos. Tendo o valor da exportação total do País, no ano de 1965, sido de 17 812 000 contos, o produto florestal contribuiu para a exportação com cerca de 18 por cento, o que representa um valor muito importante.

A procura de madeiras nos mercados europeus tem subido num ritmo crescente, notando-se, no entanto, uma modificação na estrutura dessa procura, principalmente nas dimensões e qualidades de madeiras redondas.

A produção de madeiras redondas para a indústria, na Europa, passou de 173 000 000 m3 em 1950 para 212 000 000 m3 em 1960; prevê-se, de acordo com os planos de exploração dos diversos países, que a produção em 1975 seja de 270 000 000 m3. No mesmo período, os consumos passaram de 174 000 000 m3 para 246 000 000 m3, pré vendo-se para 1975 um consumo de 365 000 000 m3.

Daqui se conclui que, enquanto em 1960 havia um déficit de madeiras de 34 000 000 m8, em 1975 irá haver um deficit de 95 000 000 m3.

De trabalhos realizados pela F. A. O., organismos florestais e outros se salienta o constante aumento do interesse pela produção lenhosa e sua a produção de matéria-prima necessária à indústria utilizadora de madeiras e encontra o País hão só uma fonte de divisas