valiosíssima na exportação dos produtos florestais transformados, como o proprietário pode obter um maior rendimento dos seus terrenos.

A expansão das indústrias grandes consumidoras de madeiras poderá atingir, na vigência do III Plano de Fomento, uma taxa de acréscimo anual da ordem dos 15 a 20 por cento.

No período de 1960-1965 a indústria da celulose expandiu-se ao ritmo médio anual de 18,4 por cento e a indústria de aglomerados de partículas e fibras de madeira ao ritmo de 37 por cento.

Fixa-se para as indústrias transformadoras, no seu conjunto, uma taxa de expansão de 9 por cento na vigência do Plano. No entanto, apesar de moderada, ela não atingirá aquele número se não forem estimulados os sectores industriais com maior potencialidade de crescimento, como é o caso das indústrias de celulose e aglomerados.

Para isso, porém, terão de poder dispor da matéria-prima necessária para poderem competir no mercado externo, para onde se destinam 70 por cento da produção e nalguns casos até ultrapassando os 95 por cento.

O consumo global de madeiras (autoconsumo, combustível, serração, celulose, aglomerados, etc.) foi em 1966, no nosso país, de 5 100 000 m3 de pinho e 960 000 m8 de eucalipto e prevê-se, em face da expansão das indústrias do respectivo sector, que seja em 1970 de 6 240 000 m3 de pinho e 1 610 000 m3 de eucalipto e em 1973 de 7 310 000 m3 de pinho e 1 760 000 m3 de eucalipto.

Verifica-se assim que o consumo global de madeiras poderá crescer, neste período de 1966-1973, de cerca de 48,5 por cento, sendo 43 por cento o acréscimo de consumo de pinho e 83 por cento o acréscimo de consumo de eucalipto.

A produção média anual (possibilidade) dos povoamentos existentes em 1966, para um período de nove anos - 1967-1975 -, computa-se em 6 783 416 m3 de pinho e 1 260 555 m3 de eucalipto.

Daqui se conclui que em 1973, se contássemos apenas com os povoamentos existentes, o déficit de madeiras seria enorme, podendo atingir mais de 1 000 000 m3.

Pelo exposto se pode avaliar da premência deste assunto, e tanto mais que os problemas de produção florestal não se podem resolver a curto prazo, mas a longa distância, a períodos nunca inferiores a dez ou vinte anos a partir da instalação daquela. Encarado este problema ao ritmo de 50 000 ha anuais de florestação, não podemos deixar de olhar com apreensão que serão necessários, mesmo assim, quarenta ou mais anos para arborizar os 2 000 000 ha de terrenos de aptidão florestal. E as economias de hoje não se compadecem com ritmos de trabalhos lentos.

Urge, assim, dar o maior incremento aos trabalhos de florestação, a ritmos sempre crescentes, para que no próximo período se possa duplicar a área anual de mata agora prevista. E, a par deste programa de arborização, é necessário promover intensa valorização do património florestal existente, orientando o proprietário florestal para uma exploração intensiva e racional das suas matas.

Nem sempre, porém, se encontra, é certo, plena receptividade da lavoura em novas técnicas de exploração ou mesmo de reconversão. Ainda recentemente o Sr. Ministro da Economia afirmou que «na actividade agro-florestal, para além das insuficiências técnicas e financeiras da grande maioria das empresas agrícolas, um dos maiores obstáculos à reorganização das empresas e do sector está no conhecimento imperfeito, quando não desconhecimento total, por parte dos empresários, quer das orientações definidas pelo Governo, quer dos apoios financeiros e técnicos por ele oferecidos ao lavrador para que este possa executar a reconversão da sua exploração».

A campanha anunciada pelo Sr. Ministro da Economia, que irá ser lançada naquele sentido, é sem dúvida fundamental para um aceleramento do aproveitamento da terra mais racional e mais rentável. Mas a insuficiência técnica e financeira das empresas agrícolas é um obstáculo de não menor importância para a expansão do sector.

O apoi e, o afirmava, dizendo:

A justa defesa do produtor florestal tem de ser urgentemente resolvida se quisermos aumentar a produção florestal - o que, se é do interesse da lavoura, uma vez que a correcta utilização dos solos impõe um movimento acelerado da florestação privada, é também do interesse da própria indústria já instalada, que corre hoje grande risco de se encontrar amanhã na necessidade de importar matéria-prima.

Esta situação do mercado da madeira, além de permitir uma especulação, cria na lavoura um clima de dúvida e de desinteresse por novos investimentos florestais, além de que prejudica a rentabilidade da própria indústria. E indispensável, por isso, que o proprietário obtenha da sua mata um rendimento compensador, estimulante de novos empreendimentos.

Muitos outros países tiveram ou têm problemas semelhantes. Interessa referir o caso francês (Landes), onde foi criada uma organização completa, desde cooperativas florestais, sindicato dos proprietários, sindicato dos exploradores, até à Central Florestal do Sudoeste, sociedade anónima formada pelas empresas industriais para execução da actividade de exploração. Toda esta organização movimenta anualmente um volume de madeiras de 4 500 000 m3 e resolveu completamente os problemas da comercialização de madeiras, semelhantes aos nossos, conseguindo que a lavoura receba preços mais elevados pelas madeiras em pé e a indústria pague preços mais baixos pelas madeiras postas na fábrica.

Esta organização está a ser adaptada em Espanha (região de Bilbau), onde técnicos franceses dão a sua colaboração à montagem e funcionamento de todo o sistema.

Interessa que a lavoura se organize para a exploração das suas matas, à qual a indústria deverá, no seu próprio interesse, dar a maior colaboração, com o apoio dos serviços oficiais, no sentido de aproximar mais o circuito mata-fábrica e racionalizar o mais possível os respectivos circuitos de distribuição; a indústria deve ainda procurar adquirir directamente à lavoura a maior quantidade de madeiras, pois, além de estabelecer assim o controle e o