efectuar possam ser coordenados, distribuídos, para que se evitem duplicações e ainda por outras razões poderosas.

A ajuda domiciliária é um dos serviços que tem de poder contar com um grande corpo voluntário. Pelo País fora há velhos solitários que desejariam ser visitados. Também necessitam de auxílio nos serviços domésticos os que, vivendo nas suas casas, não podem executar certos trabalhos. Estes precisam de quem lhes faça as compras, os acompanhe às saídas à rua, à igreja, aos passeios indispensáveis.

Mulheres e homens, raparigas e rapazes novos, e até as pessoas mais ágeis da terceira idade, deveriam formar este grande corpo voluntário. Uma larga campanha será necessária para se angariarem boas vontades para estes diferentes trabalhos que virão a ser necessários.

Na política de fomento habitacional estamos certos de que não será esquecida a terceira idade.

Na Inglaterra, na Dinamarca, na Noruega, etc., as habitações para velhos estão a cargo dos municípios. Estes suportam uma grande parte dos encargos, embora subsidiados pelos governos.

As nossas câmaras municipais, sobretudo as das maiores cidades, onde o problema da habitação é mais grave, não regatearão, certamente, o seu contributo nesse sector. É lícito esperar igualmente a ajuda da Previdência Social neste campo.

Foi sugerida pelo Deputado avisante a criação do Dia Nacional do Velho, para que o problema seja avivado. Não se poderia, do mesmo modo, instituir na metrópole selos da assistência pública, à maneira do nosso ultramar? E criar a obrigatoriedade de afixar na correspondência, na época do Natal, de 1 de Dezembro a 15 de Janeiro, um selo do valor de $50? Creio que nessa quadra de confraternização universal não se negarão mais $50 por cada carta a favor do velhos do nosso país.

Quando for estudada a forma de criar ocupação para a terceira idade virá a necessidade da valorização e aperfeiçoamento dos seus conhecimentos. Também aqui o corpo de voluntários terá um grande papel a desempenhar. Entre os nossos universitários, alunos dos liceus, dos institutos industriais, das escolas de enfermagem, do magistério primário, etc., encontraremos muitos jovens dispostos a desempenhar essa nobre missão.

Deste intercâmbio entre a gente moça e a idosa colhem-se valiosos resultados: os primeiros, sadios e cheios de vivacidade, transmitem, com a frescura da sua juventude, os seus conhecimentos, e os segundos dão, em contrapartida, um bocado da sua experiência e sabedoria. Promove-se assim o melhor conhecimento de duas gerações distantes, humanizando-as.

Em países altamente civilizados, tanto os jovens como os velhos têm os seus problemas. A falta de afecto que sentem uns e outros não é substituída por um elevado nível material. Vive cada um desses grupos sociais a sua vida própria, seus receios, suas angústias, e não raro são levados a praticar actos de desespero. É precisamente entre jovens e pessoas de idade que se verifica maior índice de suicídios nesses países mais evoluídos. Não poderão ser atribuídos à falta, de integração desses grupos no todo da comunidade? À falta de calor humano?

Todos sabemos que o problema da velhice não é dos mais graves em Portugal. Em 1980 atingiremos quase 10 por cento. Na metrópole temos uma percentagem de terceira idade sensivelmente igual à da Holanda, com uma população aproximada.

Mas no meio da nossa população idosa temos muitos milhares de casos verdadeiramente angustiantes. Sei que o conhecem e o sentem os que trabalham nos serviços sociais dos nossos Ministérios da Saúde e Assistência, das Corporações e do Ultramar, nas nossas diversas organizações humanitárias. Mas para que o estudo desse problema à. escala nacional seja profundo terá, evidentemente, de levar o seu tempo. Mas estou certa de que não demorará a palavra de ordem para que seja iniciado e para que sejam atendidos os casos mais graves na medida das possibilidades.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: No nosso ultramar não existe um problema da velhice. Mas pelos velhos que lá vivem tem-se feito pouco ou quase nada. Julgo que tem maior acuidade o caso da terceira idade em Macau, onde os velhos dos asilos vivem como que armazenados, aguardando o fim da vida. O estudo já em curso virá, certamente, resolver o problema com dignidade.

Em Moçambique, das instituições existentes podemos considerar duas delas modelares, embora cada uma no seu género:

Em Lourenço Marques a Mansão dos Velhos Colonos, com quartos para casais idosos e para pessoas isoladas, com um parque infantil muito frequentado e uma piscina para os mais crescidos. Os velhos colonos aí residentes podem contactar com crianças e jovens na sua própria casa. São hoje pequenas as dimensões desta instituição. Em Nampula, a Obra da Protecção aos Inválidos. Estes vivem num aldeamento, dedicando-se cada família a culturas agrícolas e criação de aves. que por vezes são vendidas na cidade.

Em Cabo Verde, porém, existem casas económicas, às quais têm prioridade pessoas idosas. É um exemplo para a metrópole esta modalidade de distribuição de algumas casas de renda baixa, comportável nos magros orçamentos.

Mas que dizer dos que não são beneficiados pela Assistência Pública? Muitas das viúvas e filhos de funcionários cuja vida foi consagrada ao serviço da Nação vêem-se desamparados e desprotegidos com a perda do chefe da família. Para muitos deles não veio a tempo a pensão de sobrevivência.

Não foi só nos campos de batalha que Portugal escreveu o seu destino histórico. Não é só das vitórias militares, com vidas oferecidas ao altar da Pátria, que se orgulha Portugal. Modestos funcionários e particulares gastaram uma vida inteira em terras inóspitas do nosso ultramar para o engrandecimento da Nação. Pensemos nas suas famílias necessitadas