Cada um destes hospitais é hoje um centro piloto para os demais; cada um deles pretende atingir e manter nível internacional.

Em Janeiro deste ano houve reunião geral do simpósio para dar balanço ao conseguido no primeiro ano de funcionamento. Permito-me salientar dois factos ocorridos nessa reunião, que vêm relatados em número especial de um jornal médico:

O Prof. Adolfo Azoy, director do Hospital Clínico da Faculdade de Medicina de Barcelona, veio participar dessa reunião e solicitar a admissão do seu hospital no Seminário.

E diz o mesmo jornal que todos os assistentes comentaram de forma muito favorável a decisão de ambos os Hospitais, que, como é sabido, fazem esforços extraordinários para modernizar as suas respectivas organizações hospitalares e que têm sido, indubitavelmente, a grande escola de formação de especialistas».

Ficou marcada para Fevereiro a sessão destinada a diálogo de hospitais universitários com os do Seminário, mas ainda nada sei do que ali se passou. Esperava-se que os demais hospitais universitários seguissem o exemplo do de Navarra - o único universitário que fora incluído no simpósio -, submetendo-se também àquele conjunto de exigências mínimas.

Assim se dará um grande passo para se conseguir o que constitui desejo veemente de todos os médicos responsáveis do país vizinho - que os hospitais acreditados no simpósio, pelo facto de o serem, estejam em condições de oferecer à Universidade, isto é, às Faculdades de Medicina, os necessários recursos para a formação prática do graduado.

Sr. Presidente: Recordo, com muita saudade, o tempo em que o ensino da Pediatria, o da Propedêutica Cirúrgica, o da Urologia e o da Venereologia e Sifiligrafia, em Lisboa, eram ministrados nos Hospitais de D. Estefânia, de Arroios e do Desterro, cujas cadeiras estavam, respectivamente, a cargo dos

Profs. Jaime Salazar de Sousa, Reinaldo dos Santos e D. Tomás de Melo Breyner. Nenhum deles era hospital escolar. Pertenciam, como pertencem, aos Hospitais Civis de Lisboa, que sempre foram escola de médicos e alfobre de mestres de Faculdade.

Apoiados.

Eu sei também que em Coimbra, o Prof. Morais Sarmento fazia as suas aulas de Tisiologia no Sanatório de Celas, que também não era hospital escolar. Este problema não é de topografia nem de rótulo.

Quando poderemos nós saber quais dos nossos hospitais e dos vários serviços de cada um deles estão em condições de garantir uma capaz preparação dos médicos que ali vão fazer o seu internato, buscar a sua graduação e fazer os seus estágios de especialista?

Quais são os que, à sombra do seu título, do seu passado ou do seu titular, não ludibriam o pobre médico que ali se abriga ou para ali é distribuído?

Quando é que se elabora a lista dos hospitais ou dos serviços que podem albergar os estagiários do último ano de Medicina?

A Ordem dos Médicos tem feito o que pode no que se refere à idoneidade para os estágios, para a especialização, mas isso é só um aspecto parcelar deste delicado problema.

Quando poderemos nós realizar trabalho idêntico ao dos Espanhóis? Temos possibilidades de o fazer e temos necessidade de o realizar o mais rapidamente possível. Temos um Governo à altura das circunstâncias e um Ministro da Saúde e Assistência capaz de conceber e impor, novos conceitos, modificar regulamentos e compromissos e marcar novos rumos neste tão importante sector da vida nacional. Estamos seguros de que o ilustre Ministro da Educação não deixará para tarde a reforma do ensino médico que urge fazer. E os médicos não faltarão com o seu entusiástico apoio para essa necessária reforma, que insistentemente vêm pedindo, e cuja atitude foi tão mal interpretada, numa hora de deplorável infelicidade - e que se desejava fosse de paz e de alegria -, por quem devia conhecer a justiça dos seus anseios e a generosa dedicação do seu esforço colaborante.

Sr. Presidente: E, já que abordei este ponto da dedicação dos médicos pelo hospital, seja-me permitido recordar aqui o que ainda há dias se passou aquando do fenómeno sísmico que abalou Portugal continental. Os jornais noticiaram largamente como todo o pessoal dos hospitais acorreu pressuroso a todos os seus postos e como se houve com inteira dedicação, socorrendo os que dele careciam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Médicos, enfermeiras e demais pessoal, desde o ínfimo ao mais alto, tudo soube cumprir o sen dever abnegadamente. E não só o dos hospitais, mas o de todos os serviços públicos - do Exército e dos civis, dos bombeiros, dos telefones, etc.

Todos eles bem merecem o reconhecimento da Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cazal Ribeiro: - Sr. Presidente: Com larga soma de pormenores e um dramatismo perfeitamente justificado, toda a imprensa de Lisboa, no louvável intuito de pôr cobro a um estado de coisas que não se justifica, nem pode admitir-se, se referiu ao desmoronamento na Brandoa, concelho de Oeiras, de um prédio de sete pisos, em acabamento.

O caso, já de si insólito, mais grave se torna ainda por a referida edificação, já construída até ao 6.º andar, ser clandestina! Mas há pior: reconhecidamente, existe no local mais uma série de edifícios, um dos quais de dez pisos, igualmente clandestinos! E alguns estão habitados, e os inquilinos, embora não tenham água, nem luz, nem