Com tal chave de segredos se abrem as portas e penetram os blocos mais cerrados.
Louvo, por isso, o que se tem feito na banca para melhorar e esclarecer os créditos conferidos e as ousadias e lutas dos exportadores per manter íntegro o crédito do produto e assinalar juridicamente um triunfo natural indiscutível.
O Sr. Cunha Araújo: - V. Ex.ª dá-me licença?
O Orador: - Faça favor.
O Sr. Cunha Araújo: - Sabido como é que as exportações estão condicionadas às existências (stocks), muito se contribuiria para a expansão do vinho fino do Douro (vinho do Porto) se se aumentasse o crédito aos exportadores e se lhe facilitasse a longo ou a médio prazo, por forma que mais amplamente pudessem negociar e expandir a sua mercadoria. Era só isto que desejava acrescentar às considerações de V. Ex.ª
francês subiu 7 por cento.
A França consumia antes já o dobro da Inglaterra.
De 5 milhões de litros em 1959, chegou-se a quase 13 milhões de litros o ano passado.
Faz certa impressão que os portos engarrafados não correspondam à aceitação e propensão que temos de algumas marcas.
Também ali são fornecidos em taras pouco correntes - bonbonnes e encanastrados.
Encontram-se também firmas de importadores britânicos aqui não conhecidos.
Falei cem um armazenista que me pareceu consciencioso e disse haver o maior cuidado em passar o porto dos cascos e recipientes para as garrafas e que as imitações estavam banidas.
A moda continua porto e roquefort.
Mas há por lá Reserve Alto Douro, Casa del Porto encanastrado, porto rosé e outras singularidades.
Talvez valesse a pena mandar lá um provador a ver por onde param as modas.
Um historiador inglês, Raymond Pastgate, afirma:
Há uma coisa em que estão de acordo a classe trabalhadora, a classe média e a classe mais elevada: nada há tão apetecível como um bom cálice de porto.
Sabe-se que de todos os vinhos do Mundo, o porto é o que mais interessa aos Britânicos. Interessa!
O gosto pela bebida famosa vem do tempo da rainha Catarina de Bragança.
As proibições de importação de vinhos franceses, no tempo de Carlos II e de Guilherme de Orange, determinavam o afluxo do porto e dos vinhos portugueses.
Era a idade de ouro daquele néctar.
The englishman and his port torna-se um paradigma, geralmente aceite. Mas os maiores tributos literários vieram do Doutor Jonhson, de Oxford, e de Meredith, no Egoísta.
Tem-se acrescentado que o porto deve a sua existência a ingleses conhecedores e industriosos.
Tem-se ido mais longe, afirmando que existe uma ligação temperamental entre os Britânicos e aquela perfeição das nossas encostas e vales.
Nenhuma dúvida existe em reconhecer que foram os mercadores britânicos que fizeram dele um objecto marcante nos fluxos e contrafluxos do comércio mundial e que o associaram aos carregamentos de bacalhau. Sempre que a Inglaterra se afastou da balança de poder continental aproximou-se de nós e do porto.
Existe uma documentação histórica imensa - memórias, versalhadas, literatura, cartas de banquetes, historiografia; tudo isso atesta a ascendência e predomínio do porto nas mesas, nos bares, nas estantes e frasqueiras.
Alguns ingleses pensam mesmo que o porto se enriquece mais de qualidades no subsolo londrino do que nos armazéns de Gaia.
As alterações monetárias, a luta mercantil, as mutações políticas, a vaga do xerez no tempo de Afonso XIII, têm repercutido sobre a importação.
Mas, segundo alguns, será pior - a revolução dos rendimentos e os exageros da fiscalidade, que empobrecem em vez de enriquecer. O declínio daí resultante parece, porém, travado. Os leilões continuam. Os vintages sobem de cotação.
E se as decepções continuarem, também os Ingleses despertarão para a fidelidade da aliança e para a perseverança no porto.
Passemos à República Federal Alemã. O terceiro lugar na importação pertence a esta.
Ali o branco reno sucede ao branco mosela e fazem ambos sede, na alternativa.
Do reno há cem tipos e as garrafas vendem-se caras, de 37$ a 70$, na nossa moeda.
Surpreendeu-me que o porto, com toda a sua nobreza e recomendação, fosse vendido barato - logo depois dos vermutes e por baixo dos xerezes. É claro que há ali uma grande cadeia de restaurantes italianos que propõem os seus vinhos, e a cerveja obtém predomínio mais que maciço. Há, pois, muito que fazer.
Reporto-me agora à Bélgica. Esta ilustre nação teve entre as duas guerras, em Antuérpia um centro de comercialização de portos imitativos e desacreditados.
Mas hoje, nos restaurantes e rôtisseries de categoria, serve-se porto das melhores marcas, autêntico.
O mercado perdeu, mas recupera desde 1956.
Quanto aos Estados Unidos, já disse alguma coisa que dá que pensar.
Na grande federação norte-americana as leis de comércio e consumo variam de estado para estado.
Estes protegem as marcas e firmas americanas, mesmo quanto elas copiam ou imitam as produções requintadamente europeias.
Há porto americano, com aparências de tom, sabor e com garrafa, em quatro grandes estados.