lidade de estender àqueles ilhas do Atlântico os enormes benefícios da TV? Ou será talvez da fraca rentabilidade da operação, esquecendo-se que, no campo educativo e da formação da nossa juventude - para apontar apenas este argumento - todo o capital empregado está a render juro a cem por um.

Todavia, consta-me que, quanto à Madeira, já há alguma coisa feita nesse sentido, o que me intriga ainda mais a passagem em claro do ilustre administrador-adjunto da Radiotelevisão Portuguesa. E quanto aos Açores? Vamos estar à espera mais três, quatro ou cinco anos por um benefício que tem de se estender sem demora a todos os portugueses, ou ficaremos eternamente esquecidos? Já não bastará, Sr. Presidente, a nossa insularidade, o nosso condicionalismo geográfico, que nos obriga a um isolamento forçado, quando ali mais do que em qualquer outra parte se impunha a presença da Radiotelevisão Portuguesa?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nós queremos, Sr. Presidente, que a TV seja uma realidade nos Açores, mas uma realidade a breve prazo.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tem uma aspiração de há muitos anos, e que é o de aumentar a potência dos seus emissores de modo a cobrir plenamente todo o arquipélago. Conta com uma boa colaboração e com um lote de colaboradores, alguns de mais alto nível que se encontram nos Açores. Colabora permanentemente com a Emissora Nacional na difusão dos noticiários e em todos os momentos altos da vida nacional. Não pede dinheiro, nem subsídios, nem favores: apenas justiça para a sua pretensão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois, não obstante tudo isto, e que já é muito, não há maneira de se conseguir dos organismos responsáveis autorização para o aumento de potência de uma estação que está prestando um alto, um relevante serviço aos Açores e ao País. Não será possível, Sr. Presidente, demover esta quase que má vontade, ou, talvez, esta emperrada burocracia a favor de uma causa justa e da maior utilidade para as gentes açorianas? Aqui fica a interrogação a aguardar uma resposta de quem de direito.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Chegaram à Mesa o Diário das Sessões n.ºs 165 e 166, que mandei distribuir a VV. Ex.ªs para que possam ser aprovados amanhã, depois de todos terem tempo de os lerem.

Queria ainda pedir aos Srs. Deputados que queiram intervir no debate sobre Casas do Povo e previdência rural o favor de fazerem a sua inscrição até amanhã. Efectivamente, é indispensável conhecer com certa antecedência o número de oradores que desejam intervir nesse debate para se distribuírem pelo máximo de dias de que puder dispor-se. Parece-me indispensável conhecer até ao fim da sessão de amanhã o número de Deputados que desejem intervir no debate.

Finalmente, se me dão licença, uma pequena observação. Eu tinha marcado o início da sessão de hoje para as 15 horas e 30 minutos precisas. A essa hora havia na sala alguns Deputados, mas só às 15 horas e 50 minutos pôde começar-se a chamada, porque só depois de chegarem os menos retardatários se verificou haver quorum pa ra a sessão poder funcionar no período de antes da ordem do dia. Sempre quero dizer, com desgosto, que não é das coisas que mais pode prestigiar a Assembleia a falta de pontualidade ou assiduidade. E já agora deixem que eu conte porque se fixou no Regimento, como hora regimental, as 15 horas e 30 minutos.

Antes disso, porém, contarei uma história. Desde há alguns anos, por amável indicação do Presidente da Assembleia Nacional, que faço parte da Assembleia dos Parlamentares da N. A. T. O. Esse organismo tem uma comissão chamada Comissão Permanente, de que fazem parte os chefes das delegações dos vários países. Além das reuniões na sede da organização, essa comissão reúne duas vezes por ano fora da aludida sede. Reúne na Primavera na capital de um país da N. A. T. O. do Sul e no Verão na capital de um país da N. A. T. O. do Norte. Um dia, quando se discutia quais as capitais onde a Comissão podia reunir, verificou-se que deveria ser em Oslo e em Atenas. Então, o delegado do Parlamento norueguês, vice-presidente da Câmara dos Deputados, disse que não contassem com a reunião no seu país antes de fins de Julho, que era quando provavelmente haveria algum sol e falta de chuva. Mais disse que contassem com o começo da reunião, pela manhã, às 8 horas e 30 minutos e que da parte da tarde os trabalhos acabariam às 16 horas, a fim de se aproveitar o máximo de luz. Por sua vez, o delegado grego anunciou que a reunião no seu país teria de começar às 11 horas, ser interrompida às 13 e recomeçar às 17, porque no seu país a hora do almoço seguia-se a da sesta. Daí, que as sessões do Parlamento começassem a funcionar às 18 horas, para só acabarem às 23 ou 24 horas.

Em qualquer dos países, porém, começava-se sempre à hora exacta.