imperativa não consintamos se perca o espírito do mar, que nos recorreu no mundo e na história o carácter e a grandeza da Pátria, antes lutemos afincadamente pela sua revivescência, pois dela depende algo de tão alto como é o futuro da própria Nação.

Vozes: -Muito bem!

O Orador:- -Já no nosso ultramar, designadamente em Angola, se começam a sentir sérias dificuldades de transportes marítimos de longo curso, cada vez maiores de ano para ano, por faltas de praça em navios nacionais para as suas exportações, destinadas quer à metrópole, quer ao estrangeiro, com os prejuízos de toda a ordem, comerciais e cambiais, que o facto implica, não se devendo esquecer entre essas implicações as de carácter social e político que lhe estão associadas e são por de mais evidentes.

Têm chegado ao Governo, enviadas pelas associações económicas angolanas, entre as quais citarei a de Benguela, reclamações tão justificadas que não puderam deixar de ser acolhidas pelo Ministério do Ultramar e pelo Ministério da Marinha. Estes Ministérios, honra lhes seja, tiveram de determinar no mês findo que a Junta da Marinha Mercante possa e afinal deva - pois estão ameaçados interesses vitais mais que legítimos das nossas províncias ultramarinas - autorizar o transporte de cargas, em navios estrangeiros, entre portos portugueses, enquanto se mar tiver a triste situação que acabei de expor.

São estas, pira já - e várias outras podem advir -, as consequências, que eram previsíveis e foram inevitáveis, de não haver sido continuada nos níveis necessários, durante a vigência dos três Planos de Fomento anteriores, a renovação da marinha mercante, em boa hora pleiteada e superiormente promovida de colaboração com os armadores tradicionais, na década de 1945 a 1955, pelo Ministro da Marinha, almirante Américo Tomás.

Vozes: -Muito bem!

toda a sua influência ao serviço da causa junto dos estaleiros portugueses da Margueira, para que intensifiquem a sua acção de construção naval; e junto dos de Viana do Castelo, Aveiro, Figueira da Foz e Lobito, para que, sob a sugestão de encomendas de alguns daqueles 37 navios previstos no III Plano de Fomento, ampliem as suas carreiras e assim possam intensificar também a sua acção construtora, prestando - com o fomento do trabalho e, portanto, dos empregos e com a poupança de divisas - a colaboração que é legítimo esperar deles na obra, eminentemente nacional, de renovação da nossa marinha mercante.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Agostinho Cardoso: - Sr. Presidente: Há pouco mais de uma semana efectuou a sua primeira visita de trabalho à ilha da Madeira o Sr. Ministro das Comunicações, Eng.º Canto Moniz.

Situado a pouco mais de uma hora de voo de Lisboa, o Funchal é quase um arrabaldeda capital, como agora ali sé diz, ligado a esta por duas carreiras diárias nos confortáveis aviões da TAP.

Começa assim a ser habitual vir-se da Madeira a Lisboa tratar dos problemas de interesse regional, ou ir-se lá observá-los no ambiente próprio.

Todavia, esta visita ministerial revelou-se de especial importância, que me interessa sublinhar nesta tribuna.

Em primeiro lugar, da percepção local de um número relativamente elevado de assuntos dependentes da sua pasta pôde o Ministro tomar decisões, no sentido de acelerar a realização de várias obras de real projecção no distrito, e dar orientação definitiva a outras, no sentido de uma próxima efectivação.

Entre as primeiras, refira-se o prolongamento da avenida marginal, e entre as segundas, a iluminação dos obstáculos de aproximação do aeroporto de Santa Catarina, permitindo a sua utilização durante a noite.

Salientou o próprio Ministro o significado da sua visita de trabalho, ao afirmar que ela:

... se integrava na linha de rumo lançada pelo Presidente do Conselho com vista a dinamizar a administração pública, acelerando-se, tanto quanto possível, a administração pública do Estado, procurando-se dar satisfação, tão rapidamente quanto possível, aos anseios das populações, e não perdendo tempo nos estudos e nas medidas que a resolução de tantos e tão importantes problemas exigem.

O segundo aspecto, porventura o mais importante da visita do Sr. Eng.º Canto Moniz à Madeira, acha-se concretizado nestas palavras que ali pronunciou:

Consegui, meus senhores, conjugar esta minha visita à Madeira com a realização de reuniões de estudo com os três colegas da Bélgica, da Alemanha Federal e da Itália, especialistas desses países sobre