As novas tecnologias - ou seja os conjuntos de técnicas mecanizadas e automatizadas produzindo a ritmo industrial 1 - nasceram com o fabrico de armamentos e foram rapidamente generalizadas a outras produções em série.

Mas tal generalização só foi possível a partir das actividades fecundas de uma grandiosa tarefa científico-tecnológica. Se tal projecto se executou com êxito no apertado prazo de três anos, deve-se isso a Ter sido possível coordenar os resultados de uma investigação científica de base, oriunda das Universidades, com diversificadas investigações científicas aplicadas, tendentes à obtenção quer de sucessivas técnicas cada vez mais eficazes, quer de novos materiais, quer de peças cada vez de maior utilidade.

Dezenas de milhares de habitantes dessas cidades, que eram simultâneamente, conjuntos de bairros-laboratórios e de bairros-oficinas, estiveram voluntariamente segregados da sociedade americana, consentindo em comunicar com os seus parentes através de uma posta-restante e sujeitando-se a um regime de censura à sua correspondência.

Os processos de gestão do projecto Manhattan enformaram depois as grandes organizações de pesquisa americanas do pós-guerra.

je no Mundo mais de duas dezenas de organismos de investigação que empregam, cada um, para cima de 25 000 pessoas.

Até à 2.ª Guerra Mundial a pesquisa dos saberes já se apresentava organizada em milhares de institutos e centros, famosos e fecundos, uns à ilharga das Universidades, outros autónomos, mas a criação das várias comissões de energia atómica e das comissões de estudos espaciais fez nascer organismos de grande envergadura e complexidade, visando a investigação nos domínios da ciência pura e aplicada, no âmbito de variadas técnicas e, por fim, interessando as tecnologias.

A par de tais criações, ampliaram-se os institutos e centros universitários, impulsionou-se a pesquisa nos serviços hospitalares e de saúde, buscaram-se novos aperfeiçoamentos em todos os ramos industriais e forçou-se a inovação tecnológica, tanto na produção e na distribuição, como na gestão.

1 Cf. com a antiga definição: «Estudo de ferramentas, processos e métodos num ofício ou numa indústria. Conhecimento dos materiais e termos peculiares a um ofício ou a uma arte.»

Neste ano de 1970 a investigação obriga a investimentos da ordem dos 2500 milhões de contos para o conjunto mundial.

A investigação constitui hoje um feixe de profissões que obrigam a cuidadas formações e a educações permanentes, interessando variados quadros de escol.

Surgiram neste quarto de século inúmeras ciências novas, novos entroncamentos de ciências e técnicas e novos domínios a prospectar.

Surgiram, principalmente, organizações que exigem a colaboração de numerosos laboratórios nacionais e de variadas empresas industriais, cada uma das quais chamada a produzir elementos que devem encaixar num gigantesco conjunto programado.

Lembremo-nos ainda que em 4 de Outubro de 1957, em Tiuratan, junto do mar Aral, um foguetão de três andares colocou em órbita uma pequena esfera de 83,5 kg.

O Sputnik I começou, tal como fora previsto, a rodar em volta da Terra em 96 minutos, e nenhum dos responsáveis do mundo ocidental se convenceu de que esse era o primeiro passo dado para o desembarque do homem na Lua.

Para todos os responsáveis políticos o Sputnik II, já com meia tonelada de peso, levou uma cadela como passageiro, os Americanos compreenderam que tinham de coordenar os seus esforços no domínio dos estudos espaciais. A N. A. S. A. nasceu em Outubro de 1958, e venceu porque dispõe das três principais características de um organismo de pesquisa:

1.º Um estado-maior pensante, competente e sabendo-se apoiado pela confiança governamental;

2.º Uma estrutura de gestão administrativa;

3.º Fundos bastantes para realizações de envergadura.

Assombram as proezas americanas e russas na conquista da Lua! Entusiasma a orquestração perfeita entre muitos milhares de empresas e de técnicos, cada um dos quais tem de elaborar e construir um pequeno elemento de um gigantesco puzzle que é de facto um quebra-cabeças, mesmo para um estado-maior pensante, formado por peritos americanos ou russos.

A doze anos do lançamento do Sputnik I, exactamente no dia 20 de Julho de 1969, Armstrong e Aldrin pisaram o solo da Lua. Pisaram-no depois de terem executado perfeitamente, tanto eles como Collins, tudo quanto de havia programado.

No dia 24 de Julho de 1969, às 17 horas e 50 minutos (com atraso de 753 milésimos de segundo sobre o previsto), a missão da Apolo XI terminava com a amaragem da cápsula a poucas milhas do Hornet.

Horas antes de amarar, Collins havia exprimido a convicção dos três tripulantes:

Esta nossa viagem no espaço pode Ter-lhes parecido simples ou fácil. Gostava de lhes assegurar que não foi assim.

O foguetão Saturno V que nos colocou na primeira órbita é um maquinismo excepcionalmente complicado, mas todas as suas peças funcionaram maravilhosamente. O computador que está por cima da minha cabeça tem uma memória de 38 000 palavras, cada uma das quais escolhida de maneira que nós, tripulantes, fôssemos auxiliados ao máximo. Existem aqui mais de 300 interruptores iguais ao que tenho agora na mão. Além deles, há milhares de outros circuitos, nas alavancas a nos controles. O motor do foguetão