Não pode este parecer deixar de se referir à posição da Igreja Católica em relação à coeducação.

Em 1929, Pio XI Divini (...) Magistri, considera o chamado «método da coeducação erróneo e pernicioso à educação cristã, confundindo a legítima convivência humana com a promiscuidade e a igualdade niveladora e (...) a aplicação dos princípios da (...) em todas as escolas, nomeadamente no período mais delicado e decisivo da informação, qual é o da (...)?

Mas a Igreja é consciente de que se processa uma alteração profunda nas mentalidades e nos hábitos sociais.

Em 1951, Pio XII numa alocução aos pais de família franceses, fazia notar que a encíclica citada datava de há mais de vinte anos e era preciso considerá-la em função da evolução da civilização.

Em 1937, o mesmo Papa aprovou as conclusões do inquérito feito nas escolas católicas da Europa e da América sobre a coeducação, cujos resultados são enunciados nos seguintes princípios:

1 - A c oeducação propriamente dita de per si não pode ser aprovada de modo geral.

2 - Embora possam resultar algumas vantagens da coeducação honesta, e na qual os jovens de ambos os sexos, convivendo honestamente por necessidade e perfiando numa espécie de comutação, se estimulem a fins egrégios e poderes, completando-se mutuamente -, e modo como ela se processa implica perigos para os costumes, principalmente no tempo da puberdade, os quais são indubitavelmente e de longe maiores do que as vantagens resultantes da coeducação. O documento cita em abono as afirmações da encíclica Divini (...) Magistri sobre a coeducação e recomenda as devidas cautelas nas escolas onde tiver de ser praticada por necessidade, como um mal menor.

Em 1953, o Secretariado-Geral do Ensino Católico Francês fazia publicar uma nota sobre a coeducação nas escolas, cuja actualidade é flagrante. Dela se transcrevem dois dos dez pontos de que consta: «Ainda que as circunstâncias não o exigissem, poder-se-ia encarar a tendência para a escola mista com o propósito de dar aos jovens um meio de informação mais conforme às condições de vida extra-escolares actuais. Os métodos de educação encontrariam neste facto uma forma de renovação.» e «Responsáveis e educadores que se orientam no sentido da escola mista têm o grave dever de estabelecer uma verdadeira coeducação que responda às exigências pedagógicas específicas desta nova educação.» 12.

A posição da Igreja em relação ao assunto em causa parece continuar a evoluir no mesmo sentido. Os seus textos mais recentes que se ocupam da educação - enci

9 Cf. Acção Social Cristã, II A Igreja e a família. Guião Gráfica, 1933.

10 Cf. E. Breuse, La coeducation dans les irodes mictes, Presses Universitaires de France, Paris, 1970.

11 Cf. Acta Apostolicac Sedis, 1938.

12 Cf. E. Breuse, Op. (...)

clicas Malter et Magistra e Pacem in Terris e a «Declaração sobre a educação cristã - Concílio Vaticano II» -, embora continuem a insistir num ensino que atenda à diferenciação dos sexos explicitam a exigência da separação.

Recentemente, o Episcopado português manifestou-se em termos idênticos acerca deste assunto, insistindo porém na necessidade de uma formação especial para os professores a quem for confiada a coeducação. Para satisfazer a uma decisão tomada pela Comission in the of Women, em 1966, e a uma resolução da Economic (...) Social (...), em 1968, a U. N. E. S. C. O preparou o Study of Co-Education, publicado em Agosto de 1969. Trata-se de um documento de indispensável consulta em que figuram as respostas de 103 países e territórios - d-s quais 19 europeus, 15 americanos e 21 africanos - ao questionário formulado.

Embora algumas destas respostas devam ser consideradas com reservas, a análise da legislação em vigor nos diferentes Estados e Territórios mostra que os textos actuais raramente exprimem uma opção nítida pela coeducação (...). Onde ela existe, parece resultar mais de uma evolução lenta do sistema coeducacional do que de uma posição de princípios com excepção dos países de leste europeu e da U. R. S. S. onde as classes mistas foram introduzidas como uma consequência da mudança radical do sistema social, político e económico.

Na Ásia, apenas a Arábia Saudita e o (...), onde a tradição, assume uma excepcional importância têm a educação totalmente separada por sexos. Os restantes quatro países, incluídos no cardinal 6 do quadro, têm classes no nível pré-primário.

O quadro seguinte indica a distribuição dos vários sistemas educacionais pelas regiões terrestres 13.

(ver tabela na imagem)

Note-se que 48 dos 94 Estados e Territórios considerados, ou sejam 53 por cento, dão preferência à coeducação em todos os níveis de ensino.

O gráfico 1 traduz a percentagem de países que aceitaram a coeducação, desde o início da escolaridade, em função dos níveis escolares que interessam a este parecer 11.