do Mercado Comum pode, em certo sentido, dizer-se inversa da mundial.

Noutro sentido, pode observar-se a perspectiva de um aumento da procura, não à sombra dos grandes consumidores actuais, mas graças aos medias e pequenos consumidores, verificando-se, deste modo, uma modificação nos hábitos alimentares. Os gastos, a publicidade e o nível económico dos povos não serão, pois, alheios ao sucesso das esforços a empreender.

Conhecerão as tempos próximos uma solução razoável do problema vitícola mundial, graças à intensificação das trocas internacionais, apoiadas numa eliminação de barreiras, consumando-se um equilíbrio geral que anule os desequilíbrios locais?

Segundo Protin, director do Office International de la Vigne et du Vin, os vinhedos mundiais expandir-se-ão lentamente, alcançando 11 milhões de

hectares, dos quais 9,9 milhões destinados a uvas para vinho.

Assim, com base no rendimento médio de 39,3 hl por hectare, poderia concluir-se que em 1990 a produção mundial se aproximaria dos 890 milhões de hectolitros.

Entre 1959 e 1967 as populações dos países consumidores aumentaram de 1168 milhões de habitantes para 1328 milhões.

Nestes mesmos países o consumo anual per capita passou de 16,4 l em 1959 para 17,4 1 em 1967.

O aumento registado entre 1959 e 1967 no consumo directo ficou a dever-se ao crescimento populacional (dois terços) e ao aumento do consumo per capita, (um terço).

As possibilidades de expandir o mercado mundial dependerão essencialmente do aumento do consumo per capita.

Os esforços até agora despendidos pelos países produtores, a tal propósito, têm sido insignificantes. Parece que os vinicultores da maioria dos países europeus não aceitaram ainda a ideia de que o vinho é um produto comercial. Têm-se recusado, em suma, a adoptar uma estratégia comercial que fomente a própria procura.

O consumo em 1990 dependerá não só do «consumo directo», mas ainda dos «usos e perdas industriais».

Já se calculou que os «usos e perdas industriais» atingirão, em 1990, 45 milhões de hectolitros.

Só as «perdas») normalmente computadas em 2 por cento do total das colheitas, somariam nesse ano 8 milhões de hectolitros.

Neste modelo chegar-se-ia às seguintes conclusões:

O mercado mundial de vinho revelaria um deficit de 10 a 15 milhões de hectolitros, ou seja o equivalente a 2,5 por cento da produção.

Outras previsões, realizadas na base de grupos de países, revelam um ligeiro aumento na produção e uma pequena diminuição no consumo. Os resultados seriam os seguintes:

Usos e perdas industriais: 45 milhões de hectolitros;

Procura total: 391 milhões de hectolitros.

O acentuar da tendência, já referida, de o aumento do consumo se dever ao acréscimo da população, poderá permitir o seguinte resultado:

Em 1967, 1328 milhões de habitantes;

Em 1990, 1700 milhões de habitantes;

Em 1967, 17,5 l;

Em 1990, 21,2 l;

Em 1990, 360 milhões de hectolitros.

«Estes números podem encorajar os vinicultores a adoptarem uma política mais dinâmica que contemple, ao mesmo tempo, a produção e as vendas.» 11

3 - Produção e comércio de uva de mesa A produção mundial de uva de mesa atingiu, em 1970, cerca de 6245 milhares de toneladas. Este número revela o incremento sensível verificado nos últimos anos, quando o compararmos com as médias de produção de 1955-1958 (3848 milhares de toneladas) ou de 1959-1962 (4764 milhares de toneladas).

O quadro VII permite uma ideia da repartição da produção mundial par grandes regiões económicas.

Os elementos disponíveis do Office International de la Vigne etb du Vin, constantes do mapa VI anexo a este parecer, permitem sintetizar, por continentes, nestes termos a produção de 1969 e 1970:

Pode afirmar-se que boa parte dos países dotados de condições naturais para a produção de uva da mesa tem intensificado o seu cultivo (recomendação do VI Congresso

11 Cf. o artigo publicado em Julho-Agosto de 1970 na Revue Vinicole International, por D. Boulet e J. P. Laporte, «Reflections on the Long Term Prospects of the World Market for Wine», pp. 109 e segs. Cf. ainda o relatório de. B. Protin, do O. I. V., intitulado Situation de la Viticulture dans le Monde en 1970, Outubro de 1071 (ed. ciclostilada).