outra, cobrindo o Noroeste atlântico, com o Douro inferior, os vales do Tâmega e do Paiva e ilhas na terra fria transmontana e nas serranias do Zêzere. "0 travo acido e picante dos vinhos verdes ou quase verdes, feitos de uvas mal amadurecidas durante estios já húmidos, guarda a débil lembrança de outras bebidas fermentadas, como a cidra e a cerveja, que a expansão da vinha suplantou."

Mais: as grandes manchas vínicas localizam-se dentro de um grande triângulo, limitado a ocidente pelo Atlântico e pela longa faixa do areal que vai da Nazaré ate as proximidades de Espinho, a norte pelos maciços da Peneda, Geres, Cabreira, Marão, Alvão, Padrela e Bornes e a sueste pelo Tejo, charneca do Ribatejo, Zêzere e contrafortes da Estrela.

Ainda aqui, porem, factores orográficos e climáticos ajudam a definir diversos núcleos culturais. Assim, de norte passa sul, distinguem-se como principais regiões: vinhos verdes, região duriense (vinho do Porto), Lafões, do Pinhel, Bairrada, Alcobaça, Torres Vedras (sub-regiões do Bombarral, Torres, Lourinhã, Alenquer e Cadaval), Bucelas, Ribatejo (sub-regiões de Almeirim e Cartaxo), Colares, moscatel de Setúbal e Lagoa.

Uma comparação entre a carta vinícola do continente e a carta de relevo do solo - a parte a zona ao sul do Tejo, onde a vinha escasseia - permite concluir que as clareiras da primeira carta são preenchidas pelas montanhas da segunda.

E o caso da região dos vinhos verdes, onde a vinha não vai alem de 700 m-800 m do amplo anfiteatro formado pelas serras fronteiriças ; do conjunto Nave Montemuro, a espanar a reigião duriense do Dão; do Caramulo, a evitar que esta região se a ligar a Bairrada; da Estrela, Lousa e Açor, vincando comprida esteira na direcção nordeste-sudeste, e mesmo de Candeeiros, Aire, Montejunto e Sintra, de proporções mais modestas, e certo, mas com inteira responsabilidade no recorte da mancha vinícola portuguesa.

A comparação dia carta vinícola com os cartogramas representativos da densidade populacional e das espécies arbóreas características permite salientar, respectivamente:

A coincidência entre as áreas de vinha e as zonas de grande ocupação humana; O paralelismo entre a distribuição do Pinus pinaster, Ait, e as principais manhas vinícolas.

Estimou-se que, das áreas ocupadas pela vinha no continente, cerca de 70 por cento se localizam em encosta e meia encosta e se 30 por cento em terrenos planos. Daqui as próprias dificuldades de motorização.

"Nos granjeios, as podas, empas, cavas, estrumações, esladroas, tratamentos contra o míldio e oídio, raspas, despampas, vindimas, transportes e trabalhos d(c) adega sucedem-se numa sequência rítmica, prendendo o homem a terra."

Orlando Ribeiro assinala que "as exigências de mão-de-obra, nos trabalhos que trazem o homem a roda da cepa durante dois terços do ano, confinam a cultura a áreas assaz povoadas e reduzem-na muito nas regiões de granjeio extensivo de cereais".

Mesmo que não se considere na região das vinhos vendes, onde outros factores, além da vinha, terão influído na concentração humana, a correspondência entre a densidade populacional e a intensidade dos vinhedos e, pois, flagrante.

Na região duriense as manchas mais carregadas na carta vinícola coincidem com as áreas de mais intensa população. O mesmo acontece no Dão e na Bairrada.

E ate no Alentejo, Cuba, Vidigueira, Borba, Vila Viçosa, zonas mais populosas em províncias rarefeitas, são igualmente as que dispõem de vinhedos.

Uma tentativa de avaliação da distribuição da vinha no continente foi realizada vai para vinte anos pelo Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário.

O quadro XVII, extraído da sua Carta da Distribuição da Vinha em Portugal, revela os valores a que se chegou na repartição da vinha por distritos.

A área total mencionada na referida Carta (cerca de 383 000 ha) era, pois, superior a estimativa actual dos 350 000 ha, constante do relatório que precede o projecto d decreto-lei em apreciação.

A analise por distritos e demasiado generosa, visto nenhum deles representar ou esgotar um território vinícola homogéneo. Muito geral e igualmente a divisão, pura e simples, em regiões vinícolas, na medida em que, por um lado, as mais importantes regiões demarcadas se caracterizam por ampla diversidade de condições produtivas e, por outro, a vasta superfície produtora de vinhos "supostamente ânimos", onde a Junta Nacional do Vinho exerce a sua intervenção, apresenta-se como um mosaico de bem diferenciados "países vinícolas".

0 quadro XVII revela a produção vinícola manifestada por regiões: em Portugal continental nos anos de 1961-1970.