Do que precede podia concluir-se que a movimentação de fundos em mercado, por tomada de acções novas, se acelerou consideravelmente no ano corrente, devido, além do mais a muito maior oferta de títulos à subscrição pública. Aliás, observou-se frequentemente as subscrições excederem por larga margem as ofertas de títulos, obrigando a rateios.

Por outro lado, operaram-se vultosos [...] de capital de sociedades anónimas já constituídas nem sempre reservados na totalidade paira os accionistas do momento, o que ocasionou outro fluxo quantioso de operações a somar-se ao precedente.

De reparar a , este propósito, com base nos elementos apresentados no relatório da proposto de lei do meios, que a importância global das emissões de acções efectuadas aumentou, entre es períodos de Janeiro a Outubro de 1971 e 1972, de 2038 paru 5513 milhões de escudos, quando o acréscimo registado entre 1970 e 1971 não chegou a 360 milhões de escudos. Não se afigura, contudo, que o interesse assim manifestado pela tomada de acções fosse norteado principalmente, por «motivo de aplicação» de obtenção de rendimento destas não só, para uns as diferenças entre os preços por que as acções eram oferecidas à subscrição e os valores por que estavam sendo cotadas bolsa acções de emissões anteriores das mesmas sociedades mas também, para a generalidade, as fracas taxas de rendimento real esperável dos títulos em causa.

No que respeita às obrigações, e não obstante as taxas de juro real mais elevadas que se ofereceram, comentava-se justamente no relatório cia proposta de lei:

O volume das emissões de títulos de rendimento fixo, por sua vez, embora registe um aumento sensível no período em exame, não pode considerar-se

significativo quer em valor absoluto, quer interpretado numa perspectiva temporal adequada, e denuncia, nomeadamente, quando se confronto, com a evolução ocorrida no tocante às acções um acentuado desinteresse do público em geral pelos títulos de obrigação que usualmente só oferecem em mercado.

Mas, ao que se pensa, o próprio «clima» que se criou à volta das emissões de acções terá contribuído para o aludido desinteresse do público, alem de que, presentemente, outras formas de aplicação a «rendimento fixo» concorrem vantajosamente, por certas condições adicionais oferecidas com os títulos de obrigação. A questão basilar não se resume, de facto, à simples, consideração de que com a persistência dais pressões inflacionárias, a taxa de rendimento real desses títulos (tal como o valor a receber por amortização dos inc emos) tende a decrescer.

Esta evolução mostra a necessidade, já apontada em anteriores pareceres da Câmara sobre propostas de leis de meios, de revisou urgente dos regulamentos que vigoram sobre os serviços e operações das Bolsas de valores, a fim de conceder a estas instituições condições da funcionamento compatíveis com as exigências da economia e também, com os requisitos autuais de uma acção anti-inflacionista. Reflectindo os movimentos antes mencionados, os índices; quantidade de títulos de rendimento variável transaccionados na Bolsa de Lisboa (v. quadro XXVI) mostraram crescimento muito acentuado entre os períodos de Janeiro a Julho de 1971 e 1972, em particular os referentes, nas empresas metropolitanas, nos grupes «Transporte;», «Outras actividades», «Instituições de crédito» e «Seguros».