meses de 1974 ritmos de crescimento da actividade económica bastante elevados. Assim, e segundo as previsões do Secretariado da O C D E, a expansão actual poderá vir a ser a mais intensa que se produziu desde o início da década de 50. Este movimento conjuntural, que se iniciou em 1972 na América do Norte, generalizou-se aos países europeus da zona, que deverão registar em 1973 taxas de crescimento da ordem de 5% a 6%.

Nestas condições, é provável que as margens de capacidade por utilizar venham a ser absorvidas, em grande parte, até ao l º semestre do próximo ano, especialmente na França, na Alemanha e no Reino Unido. Por conseguinte, e apesar do ligeiro abrandamento que se antevê para a primeira metade de 1974, é muito natural que possam surgir em certos países europeus excessos de procura, com repercussões sensíveis sobre a alta de preços.

Por outro lado, determinados factores com relativa autonomia poderão vir a exercer um papel influente na expansão da actividade económica. É o caso dos investimentos em bens de equipamento e em stocks (que normalmente acompanham com ligeiro atraso a evolução da conjuntura), da construção de habitações (a que o clima inflacionista poderá imprimir novo impulso) e do consumo privado (que deverá continuar a progredir rapidamente no próximo ano).

O jogo desses factores poderá determinar em certas economias pressões excessivas sobre a sua produção potencial, tanto mais que a política económica se caracteriza, na maior parte dos casos, por uma orientação relativamente expansionista De um modo geral, os orçamentos em execução, bem como outros programas de despesas públicas, reflectem tal orientação, contrabalançada apenas em parte por actuações mais restritivas no domínio monetário Assim, na Itália prevê-se que o sector público venha a imprimir considerável impulso à economia e as políticas orçamentais do Reino Unido e do Canadá são também nitidamente expansionistas. Nos Estados Unidos os programas de despesas da Administração Central vêm evoluindo em sentido restritivo, mas as despesas das administrações locais devem acusar sensível aceleração. Por outro lado, na França, na Espanha e nalguns países escandinavos as finanças públicas têm assumido uma orientação menos expansionista.

Relativamente às actuações no domínio do crédito, os comportamentos adoptados revelam-se mais diferenciados Em certos países, como na Itália, na Suécia e na Espanha, a política monetária parece manter o seu carácter liberal, enquanto na França, na Alemanha, no Japão e nos Estados Unidos as autoridades adoptaram uma linha de acção restritiva, ainda que em graus diferentes Todavia, a orientação das políticas de crédito pode vir a alterar-se rapidamente e é difícil avaliar em que medida e em que prazos essa actuação irá afectar o crescimento da produção.

Várias razões parecem justificar a hesitação dos Governos em seguir, nesta situação de alta conjuntura, uma política eco nómica mais restritiva, semelhante às adoptadas aquando de fases de expansão anteriores. É que, em vários países, o desemprego atingiu, na última fase de abrandamento da expansão económica, taxas superiores às registadas em períodos análogos da década de 60. Tal circunstância leva as autoridades a manter uma política expansionista até que o desemprego se situe a níveis mais aceitáveis. É de salientar, porém, que as altas taxas de desemprego que têm sido verificadas nem sempre podem atribuir-se à incidência da política conjuntural sobre a procura De facto, em alguns países o desemprego tem-se mantido elevado, independentemente do nível de pressão da procura, traduzindo a existência de determinados desequilíbrios estruturais no mercado de trabalho. Após o afrouxamento que se produziu nas taxas de inflação durante a parte inicial de 1972 e que foi praticamente simultâneo nos países europeus e nos Estados Unidos da América, a alta de preços voltou a intensificar-se, não havendo qualquer sinal de desaceleração no decurso do l º semestre de 1973.

Nos Estados Unidos da América os preços por grosso têm subido muito rapidamente desde o final de 1972, havendo a respectiva taxa anual de crescimento excedido 20 % no l º semestre deste ano Paralelamente, o índice de preços no consumidor acusou também sensível aceleração, com uma taxa anual da ordem de 8 % para o mesmo período.

A intensificação das tensões inflacionistas proveio, em grande parte, dos preços dos bens alimentares Assim, nos Estados Unidos da América o índice de preços no consumidor desses produtos aumentou a um ritmo anual de 23% no 1.º semestre de 1973. Por sua vez, na Europa a alta de preços dos bens alimentares nos primeiros meses do corrente ano. embora menor do que nos Estados Unidos, foi bastante pronunciada, correspondendo a uma taxa anual de 11%.

As perspectivas de evolução dos preços encontram-se fortemente condicionadas pelas pressões da procura, que parecem agravar-se em quase todos os países Com efeito, e embora existam ainda margens de capacidade disponível que permitem à produção crescer a um ritmo bastante rápido, surgem já mais de saturação em certos sectores. Esta expansão acentuada da actividade económica tem vindo a reflectir-se na subida dos preços de muitas matérias-primas da indústria.

As altas registadas nos meses mais recentes nos mercados internacionais pelas cotações de muitas dessas matérias-primas e pelos preços dos combustíveis líquidos são verdadeiramente espectaculares e estão já a provocar subidas de custos muito acentuadas em numerosos sectores produtivos e substanciais elevações de preços em diversos produtos acabados.

Por outro lado, como já se disse, os preços dos produtos alimentares continuaram a progredir rapidamente no decurso de 1973. Os preços da carne manterão, sem dúvida, a sua tendência para a alta, ainda que a ritmo mais moderado, mas os de outros produtos agrícolas têm denunciado recentemente forte progressão Deste modo, e embora a subida dos preços dos bens da alimentação possa vir a revelar algum abrandamento durante o próximo ano, os aumentos já verificados não deixarão, certamente, de exercer considerável influência sobre a espiral preços-salários.

Pelas razões apontadas, as previsões dos índices de preços implícitos no produto nacional bruto para 1973.