lhões de dólares para apoiar essa moeda. Mas tais intervenções revelaram-se insuficientes. Os mercados de câmbios tiveram de ser encerrados a 12 de Fevereiro e as autoridades norte-americanas acabaram por proceder à desvalorização da sua moeda em 10%.

A nova desvalorização do dólar, bem como as medidas entretanto tomadas pela Itália e pelo Japão, no sentido de deixarem flutuar livremente as suas moedas, não conseguiram, todavia, evitar outra crise nas relações monetárias internacionais. Com efeito, na sequência de um novo e intenso afluxo de capitais à Europa, em especial à Alemanha, os bancos centrais, ao decidirem, no dia 1 de Março, apoiar uma vez mais o valor da divisa norte-americana, viram-se obrigados a comprar o montante estimado de 3600 milhões de dólares. No dia 2 de Março os mercados de câmbios encerravam, mantendo-se nessa situação por um período particularmente longo.

Entretanto, realizou-se em Paris uma conferência monetária englobando os nove Estados membros da Comunidade Económica Europeia, bem como os Estados Unidos da América, o Canadá, a Suíça e o Japão, a qual conduziu à adopção no plano internacional de um acordo prevendo, nomeadamente, uma acção pragmática nos mercados cambiais, com vista a assegurar em comum um sistema ordenado de taxas de câmbio. Tal decisão equivalia ao abandono de facto, pelo menos provisoriamente, do sistema de paridades fixas estabelecido pelo acordo de Bretton-Woods, que a reunião de final de 1971 em Washington tentara salvar.

Na conferência de Paris ficou igualmente decidido que se procedesse com urgência ao exame das propostas feitas com o objectivo de consolidar parte dos créditos em divisas externas possuídos pelos bancos centrais - principalmente em dólares e libras -, obrigando-se os E U A, por seu lado, a apoiar a sua moeda nos mercados de câmbios mediante a negociação de novos créditos a curto prazo a conceder pelos demais países. Nesse sentido, foram aumentados para 11 700 milhões de dólares os acordos swap em vigor entre o Banco da Reserva Federal e os bancos centrais dos principais países.

Além disso, abordou-se, por um lado, o problema da supressão progressiva, até final de 1974, das restrições impostas pelos E U A na medida em que a melhoria da sua balança de pagamentos o permita, e por outro lado, a necessidade de uma mais eficiente disciplina dos mercados das eurodivisas.

A generalização do regime de flutuação ordenada de câmbios levantava dificuldades especiais à Comunidade Económica Europeia, na medida em que poderia pôr em perigo a sua política agrícola comum e ameaçar o bom funcionamento de toda a união aduaneira. Para evitar essas dificuldades foi decidida, em 12 de Março, a flutuação conjunta em relação ao dólar das divisas dos países do Mercado Comum Acordou-se, além disso, na manutenção do desvio máximo instantâneo de 2,25 % entre duas quaisquer moedas da Comunidade, regime que estava a funcionar desde o acordo estabelecido em 10 de Abril de 1972 O Reino Unido, a Irlanda e a Itália, cujas moedas se encontravam já em regime de câmbios flutuantes, não ficaram associados àquela decisão, mas comprometeram-se a fazê-lo logo que possível.

Antes da abertura dos mercados cambiais, ocorrida em 19 de Março, a Alemanha teve, porém, que proceder a um ajustamento na taxa central da sua moeda, revalorizando-a em 3 % relativamente ao valor dos direitos de saque especiais. A Suécia e a Noruega decidiram, por seu lado, aderir ao bloco monetário europeu. Entretanto, vários países reforçaram, antes da abertura dos mercados de câmbios, o seu dispositivo de controlo de entrada de capitais, registando-se ainda, a 15 de Março, a revalorização do schilling austríaco em 2,25%

Posteriormente, e durante várias semanas, a calma reinou, de modo geral, nas relações monetárias internacionais.

Todavia a partir de meados do mês de Maio a instabilidade voltou a acentuar-se O preço do ouro no mercado livre ultrapassou pela primeira vez 100 dólares por onça em 14 desse mês, atingindo no dia seguinte, no mercado de Paris, o valor de 128,5 dólares Paralelamente, registou-se uma fraqueza acentuada do dólar e da lira, assistindo-se, em contrapartida, a uma enorme pressão sobre o marco, que, na sequência da intensificação das medidas restritivas, tendo em vista refrear a forte expansão económica interna, foi de novo revalorizado no final de Junho, em 5,5 %.

Nos princípios de Julho, o Banco da Reserva Federal viu-se forçado a intervir nos mercados para apoiar o dólar, beneficiando, para tanto, de um novo aumento de 6250 milhões de dólares nos acordos swap, que atingiram, assim, o montante de 17980 milhões.

Entretanto, os Ministros das Finanças e os governadores dos bancos centrais dos países da Comunidade Europeia, reunidos em Londres a 17 e 18 de Julho, definiram os princípios a que, em seu entender, deveria subordinar-se a reforma do sistema monetário internacional.

No final do mês de Setembro realizou-se a reunião anual do Fundo Monetário Internacional, não se tendo, todavia, registado progressos sensíveis na condução dos trabalhos referentes à reforma do sistema monetário internacional apesar das perspectivas optimistas reveladas durante a reunião dos Ministros da «Comissão dos Vinte», efectuada em Washington em fins de Julho.

Nestas circunstâncias, reconhecida embora a necessidade de acelerar os trabalhos relativos à reforma do sistema, foi prorrogada até 31 de Julho de 1974 a conclusão dos estudos da «Comissão dos Vinte», de forma a poderem ser apreciados na próxima assembleia geral do F M I Com a entrada de três novos membros -Dinamarca, Irlanda e Reino Unido -, efectiva desde l de Janeiro de 1973, as Comunidades Europeias tornaram-se a primeira potência comercial do Mundo e, a uma grande distância dos demais, o primeiro mercado para as exportações da metrópole e o principal fornecedor das suas importações.

Compreende-se, assim, facilmente que muitas das modificações das políticas da

C E E, quer no plano interno, quer no plano internacional, possam ter reflexos importantes sobre o comércio externo do nosso país.

Do ponto de vista português, o aspecto mais importante da actividade das Comunidades em 1973 foi