Para este resultado não concorreram apenas (ou talvez até principalmente) as variáveis monetárias. Aliás, poderá admitir-se que, no dito stock monetário, haja crescido bastante a parte correspondente a poupanças e a outras disponibilidades monetárias com fraca velocidade de rotação, ou, com rotação relativamente sensível, mas em relação a operações de baixas (ou nulas) incidências em termo, da produção global de bens e serviços.

Como quer que seja, não deve minimizar-se o referido significado dessa evolução, tanto mais que, consoante adiante se mostrara, o principal factor da expansão dos meios de pagamentos internos continuou a ser o crescimento do saldo do crédito bancário distribuído. No mencionado acréscimo do stock monetário no período Janeiro/Junho de 1973, foi pouco significativa a parte respeitante a circulação monetária (notas e moedas fora das caixas das instituições do sector monetário), bem menor até nesse período (+146 milhões de escudos) do que no 1.º semestre de 1972 (+492 milhões).

Mas, ainda que a representação dos «meios quase imediatos de pagamento» na expansão do stock monetário global se mantivesse a mais elevada, a verdade e que se registaram algumas variações merecedoras de reparo. Assim, entre os mencionados 1.ºs semestres de 1972 e 1973.

Enquanto o aumento dos «depósitos à ordem ou com pré-aviso até trinta dias e outras responsabilidades à vista em escudos» passava de 438 para 4963 milhões de escudos,

O dos «meios quase imediatos de pagamento» contraiu-se um pouco, de 10 498 para 10 329 milhões.

E isto terá advindo, ao que se afigura, de maior preferência pela liquidez imediata, especialmente para fins de realização de certas operações mais ou menos especulativas ou por efeito da concessão de maior volume de créditos ao consumo e outras formas de credito pessoal, em conjugação com mais elevado afluxo de transferências privadas, de receitas de turismo e de capitais privados para aplicações diversas. Pelo que respeita as fontes de emissão dos aludidos acréscimos do stock monetário nos 1.ºs semestres de 1972 e 1973, julga-se de notar o que se segue: Os aumentos da moeda emitida pela Casa da Moeda foram praticamente idênticos (da ordem dos 50 milhões de escudos),

b) Quanto a emissão monetária do Banco de Portugal, ao passo que no 1.º semestre de 1972 diminuíra de 125 milhões de escudos (por efeito, principalmente, da acentuada quebra de recurso ao credito por parte do resto do sistema bancário), no 1.º semestre do corrente ano aumentava ide 1745 milhões (devido, em especial, ao avultado acréscimo das reservam de ouro e divisas),

c) Mas a variação positiva da «moeda escritural pura» criada pelas instituições de credito com base na «moeda legal» que afluiu às suas caixas ainda aumentou, de 11 501 para 13643 milhões de escudos.

Deste modo, a relação entre os meios totais de pagamento e o montante daquela «moeda legal», que se elevara no 1.º semestre de 1972 de 3,44 para 3,64, subia de 3.55 para 3,68 em igual semestre do corrente ano, a evidenciar o significado daquela evolução da «moeda escritural pura», não obstante as apontadas variações da emissão monetária do Banco de Portugal. Quanto aos principais factores de variação do stock monetário, verificou-se, entre os 1.ºs semestres de 1972 e 1973. um pequeno aumento dos acréscimos nas «disponibilidades líquidas em ouro e moedas estrangeiras» (de 2093 para 2178 milhões de escudos), em consequência dos resultados da balança de pagamentos internacionais. Simultaneamente, reduziam-se bastante (de 3349 para 1026 milhões de escudos) as variações positivas de «carteira de títulos e participações financeiras».

Desta maneira, foi a expansão do saldo do crédito bancário (representado por «Carteira comercial» e por «Empréstimos e outros créditos em escudos»), uma vez mais, o principal factor da anotada elevação dos meios lotou de pagamento, o que seria de aceitar, desde logo. em face da evolução da «moeda escritural pura». Com efeito.

O aumento do saldo da «carteira comercial» passava de 4414 para 12397 milhões de escudos,

O dos «empréstimos e outros créditos em escudos», de 6515 para 5567 milhões,

donde uma acentuação sensível da expansão do credito bancário total, de 10 929 para 17 964 milhões, correspondente, em termos relativos, à subida da taxa de acréscimo de 7,1% para 9,4%, não explicável, certamente, pelo comportamento da produção nacional de bens e serviços.

Parece de admitir, portanto, que terá continuado o mentido de quebra da relação entre o crédito bancário distribuído e o produto nacional bruto a preços correntes de mercado. Aliás, nada garante que se tenham registado modificações muito consideráveis na estrutura repartitiva desse crédito, continuando a predominar, largamente o crédito a curto prazo e a ser muito relevante a representação do crédito ao consumo e outras formas de credito pessoal, do crédito à importação de bens de consumo (duradoiro ou não), de matérias-primas ou produtos intermédios, do crédito à comercialização de vários bens, etc. Quer dizer, assim, que não será ainda razoavelmente proporcionada a parte do credito bancário de apoio directo à expansão da capacidade produtiva interna, especialmente da formação de capital fixo.

Sem duvida que no final de Junho de 1973 já se faziam sentir alguns efeitos das providências adoptadas em Dezembro de 1972 quanto ao condicionamento de créditos dos bancos comerciais para «financiamento, directo ou indirecto, de despesas correntes dos consumidores» e para «financiamento da importação de bens e serviços de consumo, duradoiro ou não» (com excepção de produtos alimentares indispensáveis ao abastecimento publico).

Ora, por exemplo, no concernente ao saldo da «Carteira comercial» dos ditos bancos, é certo que em Junho de 1973, e num saldo global de 124 388 milhões de escudos, o montante indicado como «crédito ao consumo» era da ordem dos 12 900 milhões e o do