que deixaram muito poro trás as reclamadas obras ao regra do Sorraia e se lançaram ao trabalho da irrigação do Alentejo; que puderam transpor o Tejo em obra sem dúvida grandiosa em todos os tempos e a maior dos nossos dias; que se mostram ao menos iguais as de há um século na estruturação em novo Código das normas do direito civil; as gerações que engrandeceram a Nação, tornando-a mais próspera, e defenderam a sua unidade, tornando-a mais sólida; essas gerações, trabalhando, lutando, sofrendo, se não devem ambicionar louvores, têm legitimo direito a que se lhes permita afirmar terem cumprido o seu dever. E se tiver de concluir-se que os princípios morais e políticos que professam foram havidos na ordem que usufruímos e no progresso de que as outras gerações gozarão mais do que nós, pode ser que ainda aqui tenhamos contribuído para reabilitar dois conceitos envilecidos - o da política e do Governo - que, ao menos entre nós, o povo tem tendência a não prosar, pelos muitos enganos que em seu nome se lhe têm servido. E se, por fim, à volta das estruturas, sociais que esses princípios permitiram criar, se fortalecer a unidade e solidariedade dos Portugueses, ter--se-á atingido o que há de essencial à obra que têm de prosseguir em comum. Assim a Providência abençoe e faça frutificar esse trabalho.

(A assistência, de pó, aplaudiu calorosamente a mensagem presidencial e aclamou o Chefe do Estado, o Sr. Presidente do Conselho e a Pátria).

O Sr. Presidente da Assembleia Nacional: - Em nome do Chefe do Estado, tem a palavra o Sr. Deputado António Manuel Gonçalves Rapazote, para, em nome das duas Câmaras, responder à mensagem presidencial.

Os grandes problemas que nos são postos na mensagem que acabamos de receber revertem e defesa do território, ao desenvolvimento e integração económica do espaço português, à normalidade, estabilidade e continuidade das instituições, mas todos Têm ordenados à compreensão de uma realidade que nos precede e nos transcende e que a presença do Chefe do Estado testemunha - a intangibilidade da unidade portuguesa.

Colocada a Nação no trágico dilema de ser ou não ser, de continuar a vida ou sofrer profunda viragem na sua história ...,

eu creio que devo situar-me no ângulo das instituições políticas para dominar o valor e o sentido profundo da mensagem, projectando-a, com os nossos anseios mais veementes, no plano da actividade dos órgãos da Representação Nacional.

Desse ângulo posso verificar se as instituições serão bastante fortes e suficientemente ágeis para suportar as duríssimas provas a que se encontra submetido o agregado nacional; avaliar da sua aptidão para resolver as equações políticas de uma evolução vertiginosa e cósmica; e considerar o comportamento do homem português e da comunidade em que se encontra plasmado e inserido.

Quero faze-lo sereno como quem medita e determinado como quem está em vigília.

Lamego.

E tinha as suas razões - eram as mais velhas da Europa.

Expressão natural do nosso viver, as instituições têm a marca da cordura que se desprende da fácil comunhão dos sentimentos; o escudo da fidelidade, que é o brasão da raça; e a segurança da lealdade sem limites, que é o cimento mais forte do próprio poder político.

No quadro dessas instituições, a mensagem do Chefe do Estado e a resposta da Representação Nacional constituem acto da maior transcendência, diálogo que se desenvolve perante a Nação, portas e janelas abertas, interessado mas franco, com a naturalidade e a seriedade das falas familiares.

Creio que nunca terá tido maior ressonância do que nesta hora crucial em que, mercê de Deus, se reúne, no colorido das gentes e no mais vivo recorte do seu escol do pensamento e da acção, o Portugal multirracial e pluricontinental que construímos e somos.

Províncias portuguesas de aquém e de além-mar, poros livres, terras taladas e terras cativas, todas recolhem, comovidamente, nesta abertura solene, a palavra do Chefe do Estado.

Do Chefe do Estado revestido de toda a sua autoridade, assente em juramento soleníssimo, autoridade visível, concreta, personalizada.

Os consagrados manipuladores da pobre razão humana que, sufocados pela estreiteza das suas filosofias, sobrecarregaram o povo de tremendas alienações e são capazes de alienar a própria soberania, nunca poderão entender a naturalidade e a humanidade da relação de quem manda e de quem deve obedecer.

Sem o licor capitoso das abstracções, sem a acrobacia dos sofismas, nós nos conformamos com o singelo e claro assentimento do povo, a devoção e a inteireza do governante.