De acordo com esta evolução, é de prever que o número de visitantes estrangeiros ascenda em 1966 a 1 800 000 e, uma vez que a receita média por turista tem ultrapassado nos últimos anos 3000$, o montante global em divisas proporcionadas pelo turismo pode ascender a cerca de 6 milhões de contos.

Em face da acção do turismo na promoção do crescimento económico, o Governo continuou a prestar decidido apoio à valorização turística do País, através, quer de empreendimentos de natureza infra-estrutural, quer da assistência técnica e financeira à iniciativa privada, em especial no âmbito do Plano Intercalar de Fomento.

2 - Situação financeira interna

Preços e salários A manutenção da estabilidade financeira interna constitui uma das condições essenciais do processo de crescimento económico. Em particular nos países em via de desenvolvimento, em que se impõe amplo esforço no sentido de acelerar o ritmo de expansão do rendimento nacional, podem ser especialmente graves as consequências de uma situação de carácter inflacionista. No actual estádio de desenvolvimento desses países - nos quais a actividade industrial se encontra em geral numa fase de modernização -, convém evitar que os investimentos produtivos sofram contracção, em consequência de políticas restritivas no domínio da procura.

Em Portugal, ao contrário do que aconteceu na maioria dos países da Europa Ocidental, a tendência para a elevação dos preços manteve-se moderada até 1963. Porém, nos dois últimos anos, desenvolveram-se pressões sobre os preços dos bens alimentares, como resultado, em parte, da falta de adaptação da produção agrícola às novas exigências da pr ocura

Esta evolução impôs atenta vigilância com o objectivo de conter as tensões inflacionistas verificadas, frequentes, aliás, nas economias em que, a par de sectores evoluídos, existem também actividades menos adaptáveis às transformações inerentes a um rápido crescimento económico. De harmonia com esta orientação, além de medidas de carácter selectivo, com efeitos a curto prazo, o Governo definiu no Plano Intercalar de Fomento uma política geral coordenada e compatível com o objectivo de um equilibrado descimento do produto nacional. Da observação do índice geral de preços por grosso em Lisboa ressalta que de 1960 a 1964 o seu agravamento foi diminuto. No ano transacto verificou-se, todavia, subida de maior amplitude (2,9 por cento), que se deve atribuir principalmente à elevação dos preços dos bens alimentares. Aliás, o movimento no sentido da alta dos preços por grosso relativos à alimentação iniciou-se em 1963 e prosseguiu, ainda que mais moderadamente, no ano seguinte.

Atendendo à origem das mercadorias, importa assinalar a subida do índice de preços por grosso relativo aos produtos da metrópole em 1965 -4,5 por cento-, enquanto no período de 1960-1964 não se registara variação significativa. A alta dos preços por grosso no último ano resultou assim essencialmente do agravamento dos custos dos produtos fabricados na metrópole, uma vez que nas restantes rubricas se registaram movimentos de extensão reduzida. Enquanto que a análise dos preços por grosso mostra que a tendência para a alta se acentuou em 1965, nos índices de preços no consumidor os aumentos provinham já de 1964 e agravaram-se no ano seguinte. Assim, o índice de preços no consumidor em Lisboa, que entre 1960 e 1968 havia aumentado, em média, 2 por cento, acusou agravamento de igual amplitude - 3,4 por cento - nos dois últimos anos. Para o comportamento observado em 1964 concorreu decisivamente a subida dos preços da alimentação, cuja progressão teria acusado ligeiro afrouxamento no último ano, a que se opôs, no entanto, a elevação da renda média do tipo de habitação considerado no índice e dos preços dos serviços domésticos, assim como dos bens e serviços abrangidos na rubrica «Higiene».

A tendência para a subida dos preços no consumidor foi ainda mais acentuada no Porto, e, à semelhança do que se verificou em Lisboa, foram os índices relativos à alimentação, habitação e «diversos» que determinaram fun damentalmente a elevação do índice no período de 1960-1965, dado que nas outras rubricas os índices se mantiveram estáveis ou aumentaram ligeiramente.

Nas restantes cidades que constituem objecto de observação estatística observaram-se, de um modo geral, movimentos de sentido idêntico, o índice de preços no consumidor acusou ligeira elevação até 1968, mas no último biénio, particularmente em 1965, assistiu-se a acréscimo mais acentuado. Exceptua-se deste comportamento o índice de preços no consumidor em Évora, que se agravou de modo sensível em 1968, registando posteriormente afrouxamento no ritmo da subida. Assinale-se ainda a considerável alta dos preços no consumidor em Faro durante o último ano, em consequência não só da elevação dos preços dos bens alimentares, como também do substancial incremento das rendas de habitação, factos que se encontram, aliás, em estreita ligação com o crescente afluxo de turistas.

Por último, importa referir que em todas as cidad es considerados os preços relativos à alimentação apresentaram, em geral, elevação superior à do índice geral de preços e, com excepção de alguns agravamentos de carácter mais restrito, a sua tendência para a alta se deve atribuir, essencialmente, a subida do custo de vida. Durante o 1.º semestre do ano corrente prosseguiu a elevação dos preços por grosso e no consumidor.

Assim, o nível de preços por grosso em Lisboa acusou aumento de cerca de 4 por cento, superior ao observado em idêntico período de 1965. Para este facto contribuiu de modo decisivo o agravamento observado nos preços dos produtos da metrópole e do estrangeiro, em particular de certos bens alimentares e artigos manufacturados.

De igual modo, acentuou-se o movimento ascendente dos preços no consumidor, ainda que de amplitude mais moderada do que nalguns países da Europa Ocidental. O mapa seguinte comprova a afirmação.

Preços no consumidor na Europa Ocidental

(Base: 1960)