Deste modo, e considerando a evolução observada durante o 2.º semestre nos anos anteriores, é legítimo admitir que se intensifique ainda a melhoria do resultado das finanças exteriores na parte final do ano, de modo a formar-se, como no último quadriénio, um amplo saldo positivo. Com efeito, espera-se que o saldo das transacções correntes revele evolução favorável, devido especialmente às boas perspectivas da exportação de produtos industriais e de desenvolvimento do turismo e ainda à tendência para declínio da taxa de acréscimo das importações. Em contrapartida e conforme a previsão orçamental, as entradas de capitais do sector público devem atingir em 1966 montante inferior ao do ano transacto.

Referir-se-á finalmente que o total das reservas em ouro e divisas do banco emissor se situava em 30 de Setembro último no elevado quantitativo de 29 599 000 contos, revelando um acréscimo de 1 041 000 contos, relativamente ao início do ano.

Os números seguintes mostram a evolução operada, a partir de 1962.

Comércio externo Ao longo dos últimos anos tem vindo a verificar-se contínua elevação do déficit do comércio externo global da metrópole, particularmente nítida em 1965. Esta tendência tem sido resultante de expansão mais acentuada nas importações do que nas exportações, como reflexo, essencialmente, das necessidades de aquisição de matérias-primas e bens de equipamento decorrentes do próprio processo de desenvolvimento económico. De facto, não obstante a diminuição das importações de alguns produtos, em consequência de se ter iniciado ou desenvolvido a produção interna de bens substitutivos, o valor importado revelou nítido movimento ascendente. Quanto aos produtos alimentares, após sensível acréscimo em 1964, as importações elevaram-se no ano transacto a cadência mais moderada.

Por sua vez, as exportações da metrópole registaram nos últimos anos apreciável expansão, que tem sido acompanhada de melhoria da respectiva estrutura. De facto, tem vindo a elevar-se de modo sensível a colocação nos mercados externos de alguns produtos que incorporam elevada contribuição de trabalho nacional, em particular artigos de vestuário e outros produtos têxteis, concentrados de tomate e pasta para papel.

Se, quanto à evolução do déficit da balança comercial e às suas incidências na balança de pagamentos, o comércio externo da metrópole tem revelado comportamento desfavorável, a conjugação das variações dos valores médios dos produtos exportados e importados em 1965 determinou, no entanto, apreciável melhoria das razões de troca (1), que nos anos precedentes tinham permanecido praticamente estáveis.

No mapa seguinte pode apreciar-se a evolução do comércio externo global da metrópole, individualizando a parte relativa ao estrangeiro.

Comércio externo da metrópole

(Milhares de contos)

Prosseguiu, portanto, no 1.º semestre do ano em curso a elevação do déficit comercial total, ainda que a ritmo mais lento que no período homólogo do ano anterior.

A avaliar pelo valor médio da tonelada exportada, que aumentou mais acentuadamente que o da tonelada importada, parece legítimo admitir que tenha prosseguido naquele período a melhoria das razões de troca.

Interessa, porém, analisar separadamente a evolução recente das transacções comerciais da metrópole com o estrangeiro e com as províncias ultramarinas. O déficit da balança comercial da metrópole com o estrangeiro, que vinha já a crescer entre 1962 e 1964, acentuou-se no ano transacto, atingindo a avultada expressão de cerca de 10,5 milhões de contos. Este comportamento, que se prende com o processo de industrialização em curso, uma vez que a expansão das importações (+20,2 por cento) se ficou a dever essencial-

(1) Valores calculados pelo Banco de Portugal.