a sua dificuldade em manter, sem oscilações sensíveis, uma taxa de expansão relativamente elevada. Com frequência, e assim se verificou ainda em 1964 e no ano em curso, a continuidade do desenvolvimento acentua as pressões sobre os níveis de salários, e daí sobre os custos de produção e os preços de venda. Isto porque os acréscimos da produtividade nem sempre conseguem compensar a subida das remunerações da mão-de-obra; em resultado, intensificam-se as tensões inflacionistas, do mesmo passo que tendem a diminuir as margens de lucro do capital, o que não deixa de se reflectir na propensão ao investimento e obriga, em última análise, a adoptar providências para conter aquelas tensões, mas que, por sua vez, acabam por afectar a expansão da produção global de bens e serviços.

Medidas tais como subidas das taxas de desconto, restrições ao crédito bancário, condicionamentos impostos a certas operações internas ou externas de capitais, etc., se, por um Indo, reduzem a amplitude do movimento ascensional dos preços, por outro lado - numa série de reacções em cadeia tanto mais rápidas e extensas, quanto maior for a sensibilidade da economia, a qual é função do seu estádio de desenvolvimento -, limitam a expansão da produção. E nem o recurso à mão-de-obra estrangeira parece constituir solução razoável, representando antes mero paliativo de atenuação de dificuldades imediatas; será talvez na exportação do excesso de capital e de técnicas para regiões menos desenvolvidas, criando aí novos mercados e facilitando. nos países adiantados uma especialização produtiva e o emprego generalizado dos processos de automação que residirá, no entender de alguns, a linha de orientação preferível, tanto para as economias evoluídas como para as subdesenvolvidas.

À conciliação da expansão económica e da estabilidade financeira interna, nos países altamente industrializados na situação de quase pleno emprego de factores produtivos, suscita delicadas questões, envolvendo opções que nem sempre são politicamente fáceis.

Quando se pretende fomentar a expansão do produto nacional sacrificando-lhe os princípios conducentes à .manutenção do equilíbrio monetário, o resultado é normalmente a "crise" e a subsequente recessão da actividade.

Ora, se o Ocidente, desde o final da II Grande Guerra, tem podido obstar á formação de situações como as que se verificaram no período de 1920-1931, deve-se isso à aplicação sistemática das políticas de estabilização, que umas vezes aceleram e outras retardam a actividade económico-financeira, mas de que não são só os países imediatamente interessados a acusar os reflexos. À conjuntura económica antes mencionada não caracterizou igualmente todos os países industrializados da Europa Ocidental. Nota-se que, se nuns países houve que providenciar no sentido de apoiar a expansão -promovendo ò aumento do crédito bancário, etc.-, noutros foi necessário coarctar pressões inflacionistas que tendiam a intensificar-se. Todavia, as subidas de salários e preços no consumidor não foram totalmente sustadas e continuaram dentro de limites mais ou menos estreitos.

Salienta-se justamente, no relatório da proposta de lei, o caso do Reino Unido, cuja situação tem concitado as atenções internacionais, e que afinal se poderá enquadrar no esquema político-económico apontado: quando as autoridades britânicas pretenderam estimular a expansão, a procura interna comportou-se por forma que se gerou uma deterioração crescente na balança de pagamentos externos, visto as exportações terem permanecido quase estacionárias; e, não obstante as medidas entretanto promulgadas, os deficits cambiais acumularam-se, por efeito, além do mais, de um refluxo dos capitais privados a curto prazo, exercendo pressões muito sensíveis sobre o valor da moeda, que somente pôde ser sustentado mediante o recurso vultoso ao auxílio monetário internacional. Neste contexto, e atendendo a que o dito auxílio, alias na sua maior fracção sob a forma de créditos a curto prazo, não será susceptível de acréscimo sensível, tudo dependerá da amplitude e eficiência das providências postas em execução pelas autoridades, e da capacidade de decisão do Governo britânico, que, em particular, terá de ponderar o risco político em que incorre e que não é certamente despiciendo. Quanto aos pagamentos externos dos países europeus da O. C. D. E., .ª balança respeitante ao ano findo voltou a apresentar um excedente, posto que inferior ao obtido em 1963, "m consequência, principalmente, de o saldo das operações de capitais não ter podido compensar o aumento, de déficit na balança comercial.

Observando as variações das reservas centrais de ouro e divisas dos vários países europeus, .nota-se que em 1964 a grande maioria averbou acréscimos, sobressaindo os alcançados pela França (quase 820 milhões de dólares), Itália (cerca de 420 milhões), Espanha (um pouco mais de 360 milhões) e Bélgica (um pouco mais de 250 milhões). Na verdade, apenas o Reino Unido (mais de 830 milhões de dólares), a Grécia, a Turquia e a Jugoslávia sofreram diminuições das suas reservas. Deste modo, a posição do conjunto desses países .europeus na repartição das reservas totais de ouro e divisas elevou-se em 1964 menos de 49 por cento para um pouco acima dos 50 por cento.

(Milhões de dólares)

Áustria ....

Bélgica ....

Dinamarca ....

Finlândia ....

França ....

Crucia ....

Irlanda ....

Islândia ....

Itália ....

Noruega ....

Suíça ....

Turquia ....

Jugoslávia ....

Países europeus da 0. C. D. E. (6)

Estados Unidos ....

Canadá ....

Restantes ....

Total ....

(a) Inclui a posição ouro no F. M. I. Referente á liquidação de quotas.

(b) Este total não corresponde a soma das Importâncias indicadas para os diversos países, em virtude do certos montantes não individualizados.