ordenação espacial de actividades ter-se-á, porém, de esboçar previamente o complexo de transportes e comunicações, o qual permite frequentemente uma rotura com os condicionalismos locacionais do passado. Certamente que as glandes regiões industriais tradicionais mantêm muitas das vantagens que as recomendaram para o seu desenvolvimento, e a adição dessas vantagens representa um resíduo ou força de inércia que atenua as potencialidades de dispersão industrial dos processos tecnológicos modernos.

Não é somente no domínio da produção industrial que esta perspectiva descentralizadora se levanta. A inovação técnica, expandindo os órgãos terciários da produção, vem também facilitar a descentralização de algumas formas de produção de serviços, como, por exemplo, a investigação e a informação, que não obedecem a factores de localização iguais aos da produção industrial. E, se se pensar na trindade residência-trabalho-cultura e recreio, vir-se-á a encontrar no tercei ro termo mais uma variável que permite a descentralização de actividades e é mesmo exigida pela sua própria natureza Bastará lembrar a indústria turística facilmente, se concluirá que através dela se encontra um factor importante de descentralização de homens e de actividades.

Finalmente, convém sempre recordar que todas estas reflexões sobre uma óptica nova na análise da economia regional poderão ainda revestir uma amplitude maior ao alargar-se o horizonte da observação às ligações internacionais de diversas regiões nacionais, nas quais o turismo é a ilustração mais significativa. Neste caso, como nos anteriores, depende-se em larga medida da rede de transportes e comunicações que se estabelecer dentro da região e como elo de ligação com outras áreas nacionais e estrangeiras.

O planeamento regional urbano deve nesta sequência atender aos objectivos gerais de desenvolvimento e tender a construir um espaço urbano em que os problemas económicos e sociais sejam devidam ente ponderados. Por seu lado, as perspectivas sociais não podem conter-se na simples preocupação de um equilíbrio na composição sócio-profissional dos núcleos, devendo, além disso, atender a que no espaço de vinte anos ver-se-á ascender novas gerações que terão, porventura, motivações económicas e sociais diferentes.

Logo, alargar, repensar e reintroduzir a análise sociológica no espaço económico de Lisboa pareça ter importância suficiente para que se abandonem puras soluções de planeamento fisco e as ponhamos ao serviço do homem e da comunidade, se assim não acontecer, correr-se-á o risco de se gerarem estrados de tensão social que se repercutem no comportamento das populações urbanas, e em especial nas camadas jovens, que ma s profundamente sentirão a desadaptação entre o habitat que lhes é oferecido e as aspirações e motivações - que lhes pertencera e sei fio peculiares.

Reconhece-se que, apesar dos fulgurantes progressos técnicos, grande parte das populações citadina s habita nas mesmas» casas e circula nas mesmas ruas, dado que o quadro urbano é de larga duração e a sua permanência mais dificulta a adaptação a novas formas de viver e a rápida evolução técnica. O enquadramento físico construído terá sempre uma presença do passado, mas este facto não deve conduzir a planear de modo que essa presença se separe do futuro a tal ponto que ene desertos nos contactos sociais das gerações vindouras, que só serão vencidos através de elevados custos económicos e humanos. Todo o aperfeiçoamento que possa ser introduzido no plano director à luz desta concepção de vida urbana

futura merece o apoio desta Câmara, pois deve ter-se presente que o ritmo de crescimento programado para o País indica que dentro de vinte anos terá praticamente triplicado o nível de rendimento dos Portugueses e que, portanto, se acentuarão movimentos já iniciados entre nós e experimentados de forma mais intensa noutros países europeus.

construção de um futuro longínquo como aquele que visa o plano director da região de Lisboa.

Isto é, a região de Lisboa deve exercer o seu papel animador ou motriz na economia interna sem criar assimetrias espaciais de desenvolvimento que comprometam a repartição inter-regional do crescimento, e, simultaneamente, desempenhar a sua função de contacto internacional, a qual podei á manter, e até acelerar, o seu descimento sem sacrifício - e até com benefício - de outras regiões portuguesas. Eis um aspecto em que, no entender da Câmara, o plano director ganharia em abranger um horizonte mais amplo. Através, quer da perspectiva económica interna ou internacional de uma região urbana, quer do ordenamento social, surge o complexo de comunicações como factor essencial do equipamento urbano, é mesmo frequente ouvir afirmar-se que dele o transporte preceder a residência e o ambiente urbano, em lugar de lhe suceder.

Uma população de 2 a & milhões de habitantes num espaço como o da região de Lisboa e com a cidade, zona de polarização, significará uma circulação diária de muitos milhões de homens, mercadorias ou palavras As redes de comunicações existentes correspondem, em regra, t uma estrutura do passado, e ao longo delas foram-se aglomerando os consumidores e produtores, espessando-se o tráfego à medida da aproximação do centro de irradiação, mas este crescimento por eixos, de transporte veio a ser afectado pela introdução e fulgurante crescimento do transporte automóvel, o qual veio adensar o tecido das zonas urbanas e, simultaneamente, provocar estrangulamentos quase insolúveis nos pólos de atracção de actividade, habitação e recreio.

Verdade é que, neste contexto, não se tem recentemente introduzido inovação revolucionária no transporte propriamente urbano, mas já o mesmo não sucede na comunicação entre pontos por vezes afastados, em que a distância praticamente não conta, mas se atende ao tempo gasto na deslocação, podem, assim, surgir alterações