Foram já apresentadas em pormenor as previsões relativas ao comportamento de algumas componentes da despesa nacional - consumo público, formação bruta de capital fixo e transacções correntes de bens e serviços com o exterior. Referem-se agora as suas relações com a despesa nacional.

A exigência em bens de capital derivada do crescimento previsto para o produto implicará que, durante o III Plano, o esforço de acumulação de capital vá sucessivamente aumentando e atinja, em 1973, 21,8 por cento da despesa nacional Assim, como já se apontou, neste ano realizar-se-á um volume provável de formação bruta de capital fixo da ordem dos 87 milhões de contos, ao passo que em 1965 não deve ter ultrapassado os 17 200 000 contos.

O crescimento de 5,7 por cento projectado para as despesas de consumo público a preços de 1963 conduziria a perda de posição no total, sendo, aliás, de notar que a percentagem de 12,6 estimada para 1967 deverá vir ainda influenciada pelo comportamento das despesas militares.

Relativamente ao consumo público, o tratamento a preços constantes pode, no entanto, falsear a sua posição relativa no. conjunto da despesa, pois não entra em conta com a revisão dos vencimentos dos funcionários públicos Ora, como já se referiu, a consideração dos aumentos deflacionados destas remunerações deverá avolumar a posição do consumo público no conjunto da despesa.

Em resultado da evolução prevista para as importações e exportações de bens e serviços, o saldo da balança de transacções correntes da metrópole com o exterior, que ainda em 1967 teia assumido o valor negativo de 4 600 000 contos, tenderá, a atenuar-se sensivelmente ao longo do período do III Plano, estimando-se que em 1973 apresente já valor positivo, da ordem dos 700 000 contos Em consequência, diminuirá- sensivelmente o peso do referido saldo na despesa nacional, passando a representar no último ano do III Plano apenas mais 0,4 por cento da despesa nacional, quando, em 1967, tal peso terá sido de menos 4 por cento.

De acordo com as projecções realizadas, o consumo privado alcançaria níveis que traduzem o crescimento médio de 5,9 por cento se ano em 1968-1973, sensivelmente superior ao do passado recente, mas que conduzira, contudo, a nítida perda de posição na despesa nacional (cerca do 65,1 por cento em 1973), em consequência do andamento ainda mais acelerado previsto paia as restantes componentes da despesa.

Uma das facetas da alteração estrutural que acompanhará a nova etapa de desenvolvimento a iniciar com o III Plano de Fomento pode ser traduzida pela posição que os diversas componentes da despesa assumido após 1967. Tal alteração caracterizar-se-á, fundamentalmente, por quebra acentuada da posição do consumo privado, que, em 1973, representará cerca de 65,1 por cento da despesa nacional, ou seja uma ordem de grandeza aproximada da dos países mais evoluídos De facto, o peso do consumo privado no total da despesa tende a diminuir à medida que se registam mais altos níveis de progresso económico e social, sendo de admitir que, sem prejuízo dos consumidores, essa posição possa vir a verificar-se. Com efeito, para o conjunto dos países da OCDE , era cerca de 68,6 por cento em 1961-1964.

Para esta evolução contribuirá, por um lado, o aumento da intensidade de formação de capital requerido pelo esforço de desenvolvimento futuro e, por outro, a evolução favorável do saldo da balança de transacções correntes, que, em 1973, provavelmente, assumirá valor positivo.

Financiamento

A capacidade de financiar o investimento do País depende, fundamentalmente, do nível da poupança formada internamente Quando, porém, este nível de poupança se revela insuficiente para, por si só, fazei face as necessi-

dades de investimento ditadas pela aceleração do processo de crescimento económico, torna-se necessário o recurso à poupança externa.

Com efeito, uma vez formada nos vários sectores - famílias empresas, Estado -, a poupança interna tem de ser convenientemente orientada paia o investimento, quer mediante a sua aplicação directa no próprio sector (autofinanciamento), quer através da sua mobilização de um para outro sector operada por intermédio do Estado e das instituições que actuam no mercado financeiro.

Para eficiente planeamento do processo de financiamento do investimento, necessário se tornai ia dispor de um quadro de fluxos financeiros. Tal quadro, por em, não existe ainda entre nós, embora a sua construção esteja