Verifica-se, assim, que a necessidade de reequipamento é uma constante desta industria e constitui mesmo o seu problema mais agudo, face às dificuldades de financiamento que se lhe deparam

O grau de utilização do equipamento instalado é muito apreciável, situando-se acima dos 80 por cento na generalidade dos sectores mais representativos, e deve notar-se que uma parte muito importante das máquinas em actividade trabalha em regime de três turnos, ou, pelo menos, em dois turnos diários

Os valores anuais de investimento atingem valores extremamente elevados, que em 1965 se cifraram em mais de 900 mil contos (só máquinas e seus acessórios)

Fura fazei face a esta necessidade, a industria tom contado com o autofinanciamento, com o apoio da banca comercial e com o recurso aos financiamentos da Caixa Nacional de Crédito

A emissão de acções e obrigações quase não se verifica, por várias razoes, entre as quais avulta o cunho familiar da maioria das empresas, sendo raras as que se constituíram em sociedades anónimas. Deve ainda mencionar-se uma forma de financiamento efectivamente usada e que consiste nas facilidades de aquisição de equipamento importado, que, com aval bancário, permitem o pagamento diferido períodos de cinco e mais anos

1.6 - Mercados

Os produtos têxteis destinam-se fundamentalmente ao consumo final interno e à exportação

Já no Plano Intercalar se assinalou o grande incremento das exportações têxteis a partir de 1960, principalmente no sector algodoeiro, e a mudança verificada nos países de destino, que passaram a ser os nossos parceiros na E F T A , os Estados Unidos e o Canadá, em substituição dos tradicionais mercados africanos Mais recentemente, tomou corpo a exportação de confecções e malhas, aquelas primeiro sob a forma de reexportações de tecidos importados e confeccionados em Portugal. Contudo, o aumento da confecção industrial tende a fazer maior uso dos tecidos portugueses, o que pode vir a provocar alteração sensível na estrutura das nossas exportações têxteis aumento das confecções e abrandamento do ritmo exportador de fios e tecidos, com o correspondente aumento do consumo interno aparente de tecidos, por virtude dos que se destinam as fábricas de confecção, e não ao consumo final

No período deste plano vamos assistir, certamente, a muito5 mais complexo movimento de artigos têxteis, com maior interpenetração de actividades, até aqui bastante independentes entre si

Em 1964 a exportação absorveu já mais de 60 por cento da produção algodoeira, sendo agora uma determinante imperiosa para este sector. Também os sectores da confecção, da cordoaria e dos bordados da Madeira vivem em estreita dependência da exportação, no sector da juta a exportação atingiu igualmente cerca de 45 por cento da respectiva produção, e nos lanifícios a tonelagem exportada começa a assumir significado no total produzido

Os valores da exportação de têxteis em 1964 alcançai em grande projecção no conjunto do comércio externo nacional, sendo de registar os valores seguintes como mais significativos

A exportação total situa-se, assim, na ordem dos 3 800 000 contos, cabendo pouco mais de 1 milhão ao ultramar

§ 2.º Objectivos e orientações básicas

2.1 -Produção e factores de produção

A características dominante das indústrias têxteis é serem cada vez mais dependentes dos mercados externos, o que, se por um lado lhes proporciona boas perspectivas de expansão, por outro obriga-as a permanente esforço de actualização de equipamento, de redução de custos de produção, de racionalização de fabricos e de reestruturação comercial, esforço para o qual nem todas as empresas se encontram devidamente preparadas

É certa a perspectiva de vir a intensificai-se ainda mais a concorrência no mercado internacional, nomeadamente por parte dos chamados países novos, que começam a dispor de indústria têxtil algodoeira e surgem no mercado com «preços políticos», a fim de assegurar um volume de divisas essencial ao seu processo de desenvolvimento. Face aos produtos que predominantemente constituem a produção desses países, parece evidente que a indústria têxtil portuguesa deverá orientar-se progressivamente para o fabrico de artigos de qualidade, e, portanto, de maior preço unitário, com aumento da utilização das novas fibras e processos

Isso acarretará ainda maior necessidade de reequipamento, como, aliás, se tem vindo a verificai nos sectores têxteis dos outros países europeus, a tal ponto que, em estudo recente da O C. D. E (1965), esta organização modificou as suas previsões quanto ao futuro da indústria algodoeira europeia, chamando-lhe agora indústria de capital, e ante vendo-lhe um futuro muito menos sombrio do que lhe profetizara em 1955

A indústria têxtil nacional está particularmente bem situada para poder vir a consolidar uma posição relativamente forte no panorama têxtil europeu, desde que sejam satisfeitas algumas condições básicas, mormente no que respeita ao financiamento do seu indispensável reequipamento permanente. Em relação aos factores da produção, são de assinalar resumidamente as seguintes condições Dispor das matérias-primas pelo menos aos preços da concorrência internacional. Entenda-se preços dentro das fábricas, eliminando-se, pois, as taxas de importação e outras que oneram as matérias-primas importadas,

b) Fomentar a cultura do algodão no ultramar, que já corresponde apenas a menos de metade das necessidades da indústria metropolitana, situação que se agravará se vierem a ser instaladas mais fábricas têxteis em Angola e Moçambique. Problema semelhante se põe quanto a cultura de sucedâneos da juta (actualmente comprada no Paquistão e na Tailândia), que parece viável na província em de Moçambique. E evidente o interesse destas medidas, quer para a economia das províncias, quer para a balança portuguesa do pagamentos,