mento incluído no Plano Intercalar e que se espera permitirá cobrir praticamente os consumos metropolitanos durante o III Plano, no entanto haverá que estudar novas ampliações de capacidade que poderá ser necessário instalar nos últimos anos do hexénio de 1968-1978, para satisfazer os consumos posteriores. O consumo de carvões nacionais em 1965 cifrou-se em 430 000 t de antracite e 90 000 t de lignite (peso antes da secagem), consumiram-se ainda as seguintes quantidades de carvões importados 430 000 t de bulha, 220 000 t de coque e 10 000 t de antracite. Estes números, em ordem de grandeza, não se afastam muito das médias do último decénio, excepto para a importação de coque, que sofreu acréscimo brusco a partir da entrada em funcionamento da Siderurgia Nacional. Ao longo daquele período, observa-se, com efeito, relativa estabilidade dos valores à volta da média, sem tendência definida de crescimento ou decréscimo sustentados.

Em percentagens, verificou-se que, em 1965, os carvões nacionais representaram 20 por cento do poder calorífico total dos combustíveis sólidos consumidos (18 por cento as antracites, 2 por cento as lignites), os carvões estrangeiros satisfizeram 44 por cento daqueles consumos (28 por cento as bulhas, 15 por cento o coque e l por cento as antracites).

Os principais consumidores das antracites nacionais foram, naquele ano, a central térmica da Tapada do Outeiro e a indústria dos cimentos. 70 por cento do consumo total, as lignites destinam-se também, sobretudo, à indústria cimenteira, a qual é ainda o principal consumidor da hulha importada.

Espera-se, e está definida ]á orientação nesse sentido, que a produção nacional de antracites aumente ligeiramente e se destine, por forma cada vez mais preponderante, à produção de energia térmica. Quanto às lignites, a instalação prevista de uma central térmica à boca da mina de Rio Maior elevará a extracção a níveis muito superiores aos actuais. Quanto a lenha e resíduos vegetais, combustíveis que, em 1965, segundo estimativa grosseira, representaram 54 por cento em peso e 36 por cento em poder calorífico dos consumos totais de combustíveis sólidos, não se prevêem alterações significativas nos valores absolutos actuais, o que corresponderá a diminuição em valores relativos. Com efeito, nas actividades industriais a competitividade dos outros combustíveis, especialmente dos líquidos, é muito grande, nos usos domésticos, em que sobressai o consumo de lenha nas zonas rurais, a crescente concorrência dos gases liquefeitos e a atracção da população rural pelos centros urbanos conjugam-se no sentido de tornar pouco provável o aumento do consumo actual. À produção de energia cabe satisfazer, nas melhores condições económicas e com risco de restrições quanto possível reduzido, as necessidades directamente geradas pelo desenvolvimento das actividades produtoras de bens e serviços que a utilizam como factor de produção e também as procuras que o processo geral de desenvolvimento activamente estimula, como é o caso dos usos domésticos.

A optimização económica do problema da produção energética depende da adequação das formas e fontes de energia aos fins em vista, para o que se torna necessário equacionar os rendimentos da respectiva utilização, os custos de produção, as disponibilidades nacionais e regionais, a viabilidade e os encargos das importações, os requisitos técnicos e financeiros dos equipamentos produtores e utilizadores, as tecnologias utilizáveis, etc..

Em economia de mercado, a escolha dos utilizadores far-se-á, naturalmente, através do preço unitário de cada uma das formas de energia por que podem o ptar e dos custos finais resultantes do rendimento de utilização que o seu equipamento permita. Entretanto, o funcionamento dos mecanismos de mercado, no caso da energia, tem sido fortemente condicionado pela maneira como se formam os preços em relação aos quais o consumidor reage, com efeito, é possível inflectir as opções dos consumidores em sentidos não coincidentes com os que resultariam da estrutura de preços moldada sobre a dos custos de produção, mas que, por motivos de interesse nacional não redutíveis a critérios económicos imediatos, se julguem preferíveis em determinado momento. Tal inflexão pode obter-se, nomeadamente, através de imposições fiscais e aduaneiras, de imputações de custos de produção mais ou menos arbitrárias, de condicionalismos financeiros decorrentes da oportunidade conjuntural das tecnologias de maior ou menor intensidade capitalística, de subsídios de exploração ou investimento. Ao traçar, de forma muito geral, os objectivos a que deve obedecer o desenvolvimento das infra-estruturas produtoras de energia, tem de colocar-se em pé de igualdade duas preocupações fundamentais por um lado, a satisfação das procuras com um grau de garantia economicamente julgado razoável, por outro, uma atenção crítica constante sobre a necessidade e a propriedade das inflexões que, através das tarifas, se reflectem na estrutura dos consumos dos diversas formas de energia - necessidade e propriedade essas que são, por seu turno, funções de circunstâncias que o tempo continuamente modifica. Electricidade. A procura de energia eléctrica continuará a ser, basicamente, satisfeita a partir de produções internas, já que as possibilidades facultadas pelas interligações internacionais apenas permitem fazer face a certas carências temporárias resultantes de regimes hidrológicos desfavoráveis, circunstâncias em que, aliás, aquelas interligações se revestem de grande e comprovado interesse. O programa de construções de novos centros produtores, a realizar durante os próximos seis anos, continuará a visar a garantia da satisfação dos consumos permanentes em ano muito seco, com uma probabilidade de 95 por cento, assegurando, além disso, aos consumidores especiais, certo nível mínimo de fornecimentos anuais. A projecção para os consumos permanentes foi feita, como se referiu, à taxa de 11,4 por cento de acréscimo anual, o que, contando com as perdas, conduz, para os anos do Plano, aos seguintes valores de produção, expressos em milhões de kilowatts-hora.