cento anuais, toda o economia do Plano (e, com ela, a própria estratégia da expansão) fica dependente do realismo com que aquela margem tenha sido estabelecida - ou da decisão e eficiência da necessária política estabilizadora para que se mantenham nos valores projectados os limites das variações dos preços.

Que a primeira condição corre o risco sério de não se verificar, é opinião que resulta da simples experiência quotidiana sobre a conjuntura destes últimos dois anos, em que se tem concretizado uma tendência de alta de preços bem superior aos limites aceitáveis, pois se calcula acima do ritmo de elevação de 4 por cento ao ano (recorda-se, com a secção de Crédito e Seguros, a evolução dos índices de preços e de salários em 1966 e no 1.º semestre de 1967, constante do gráfico III do seu parecer subsidiário, com a maioria das variações dos preços situando-se entre 4 e 10 por cento e as dos salários entre 10 e 18 por cento).

Mas, sendo assim, o problema desloca-se para o campo da necessária política de estabilização, e, nesta, não será perda de tempo atentar-se nas reflexões atrás feitas. Com efeito, se a estabilização pode vir a corresponder a um reajustamento e este tem de ser orientado pelos critérios gerais da estratégia de crescimento adoptada - o que está em causa é toda uma política de preços e de rendimentos integrada na política global que por aquela estratégia se exprime, quer quanto aos sectores produtivos em causa (privados e públicos), quer quanto ao condicionalismo criado à economia nacional pela evolução dos preços internacionais, que tenderá a tornar-se cada vez mais dominante à medida que se processe a integração da nossa economia em espaços económicos mais vastos.

Reconhece-se a complexidade do problema, mas repete-se a urgente necessidade de o encarar. Posta nestes termos, a questão da estabilidade não se refere a valores globais, mas ganha a sua dimensão significativa no confronto entre os vários sectores.

Se se quiser, a mero título exemplificativo, observar a experiência das áreas industriais mais relevantes, chegar-se-á aos seguintes resultados globais

Para esses resultados, cada sector contribui do seguinte modo:

Quer dizer deixando de lado o período do I Plano, fortemente influenciado pelas vicissitudes da guerra da Coreia, a nossa experiência recente parece revelar que o índice de preços por grosso reflecte, com algum desfasamento e por forma atenuada, as oscilações dos preços dos bens importados, mas, ao mesmo tempo, alguns sectores (como os da metalúrgica e metalomecânica), onde haja elevada participação do trabalho, sobretudo especializado, mostram-se muito sensíveis à elevação geral dos salários. A par disso, a inelasticidade relativa da oferta, as condições da concorrência intersectorial e a evolução da produtividade respectivas parecem ter sido - e de certo continuarão a ser - factores muito importantes da evolução dos preços um cada um dos sectores considerados.

Se se quisesse arriscar indicações tendenciais, dir-se-ia:

Passando por alto - aliás injustificadamente -, o efeito eventualmente exercido pela própria política de fomento nos sectores considerados, as flutuações dos preços dos materiais e produtos importados tenderão a repercutir-se desfasada e atenuadamente no índice geral de preços por grosso, e, com maior incidência, como é óbvio, nos produtos nacionais em que a participação de matérias e semiprodutos importados for maior, a menos que se consigam, no curto espaço de tempo a que respeita o III Plano de Fomento, profundas alterações estruturais que modifiquem substancialmente a correlação observada, na nossa experiência recente, entre aqueles índices.

Naquelas condições

O sector metalúrgico e metalomecânico deverá apresentar preços com tendência a um crescimento menos rápido do que o nível geral, não obstante o (...)