mento do prazo dos créditos. A retenção de lucros levanta já alguma controvérsia teórica e prática, e a experiência indica que, em muitos países que estimularam o autofinanciamento como modalidade de desenvolvimento (particularmente a Holanda, o Reino Unido e os Estados Unidos da América), se tem registado, em consequência da política social, da competição exterior, da escassez de mão-de-obra e, mesmo, das políticas de estabilização monetária, uma redução da parcela destinada à poupança interna da empresa (á a hipótese designada por «efeito Lamfalussy»)

A taxa de autofinanciamento é elemento estrutural que não se modifica rapidamente, e os números parecem indicar, na metrópole, maior participação do sector «Sociedades» até 1965, com elevadas taxas de crescimento anual no período de 1958 a 1964 (18,6 por cento nos lucros, 14,7 por cento nas amortizações), em particular no sector das indústrias transformadoras, e mais ainda no «Comércio, bancos, seguros e operações sobre imóveis»; a este resultado não é certamente alheia a dinâmica de descimento industrial, a expansão dos serviços bancários e mais-valias criadas nas transacções imobiliárias em resultado do desenvolvimento urbano e turístico e da própria pressão inflacionista. A evolução recente parece indicar que esta situação aparentemente desafogada (pelo menos na indústria transformadora e nos bancos) não obedece ao mesmo módulo de crescimento, e, se se olhar à evolução dos sal Anos, à intensificação da competição internacional e nos efeitos da indispensável política de estabilização, antevê a secção grandes dificuldades na obtenção de nível tão elevado de autofinanciamento Embora o ritmo anual de acréscimo na formação de lucros retidos (cerca de 15,2 por cento) possa ser elevado, terá ainda o projecto de procurar compatibilizar esta hipótese com o objectivo da repartição mais equitativa dos rendimentos, salvo se a extrapolação dos lúcios a preços corren tes obedecer a outra constelação de preços, entrando, portanto, em conflito com a estabilidade suposta no decorrer do período (aumento de preços médios inferior a 2 por cento anualmente)

A secção pondera, por um lado, a conveniência de se analisar a participação do sector privado através de uma mais sistemática e sistematizada política de amortização, e chama a atenção, igualmente, para a compatibilidade das projecções, quer com os objectivos sociais fixados, quer com a estabilidade monetária pressuposta e desejável

Neste contexto, afigura-se extremamente apropriado transcrever um passo do trabalho destinado a uma conferência sobre mercados financeiros organizada pelo sector privado sob a égide do Conselho do Atlântico e da O C D B

Se o passado referente ao autofinanciamento das empresas se apresenta claro, já o mesmo não acontece em relação no seu futuro. Encontramos uma escola de pensamento que preconiza o aumento de (...) do valor do autofinanciamento através ao investimento voltarem, geralmente, & sociedade donde emanaram, mesmo no caso de serem mais urgentemente necessários noutros locais tal processo constitui a antítese de um mercado financeiro livre. Um mercado livre e eficaz saberia garantir uma repartição dos capitais entre utilizadores que estivessem dispostos a pagá-los. Assim, quando em 1964 o Governo Trabalhista adoptou medidas destinadas a aumentar o autofinanciamento, o Sr Heath veio atacar esta atitude declarando «É a sobrevivência do maior, não a do mais apto». A Alemanha seguiu um processo que consiste em foiçar a entrada dos capitais no mercado financeiro graças a uma política fiscal apropriada, tendo obtido resultados benéficos O desagravamento fiscal dos dividendos, recentemente adoptado em França, facilita o autofinanciamento, permitindo diminuir os fundos necessários a manutenção de um nível constante de dividendo líquido

Seja qual for o futuro, a diminuição dos fundos provenientes do autofinanciamento teve como consequência que as necessidades de capitais das sociedades - necessidades essas que registam um aumento crescente - viessem a constitua um dos principais elementos da procura de capitais fornecidos pela poupança e cuja satisfação obrigaria teoricamente ao diferimento das restantes procuras

É evidente que nos encontramos perante um elemento estrutural profundamente enraizado nas economias da Europa ocidental, sendo pouco provável que as políticas de pleno emprego sejam modificadas. A continuação da escassez de mão-de-obra, das reduções de horas de trabalho, de um aumento de salários provavelmente mais rápido que o da produtividade, significa um aumento da pressão exercida sobre as sociedades para que estas procurem capital no exterior, não apenas para substituir a perda do capital de autofinanciamento, mas também para substitua a mão-de-obra por um novo investimento, a fim de reduzir os custos de produção. Por outras palavras, as empresas da Europa ocidental necessitam de novos capitais destinados a investimento para manter a posição que detinham anteriormente, o facto de se substituir por capitais uma mão-de-obra cada vez mais rara - isto é, a possibilidade de progredir - exige uma procura mais intensa de capitais no exterior

Escusado será dizer que, se a indústria se achar incapacitada de encontrai capitais, quer porque o governo tenha exercido um direito de prioridade para seu próprio benefício, quer porque aqueles se revelem demasiadamente caros para poderem ser utilizados com lucro, se criará uma situação de grande perigo Na verdade, produzir-se-á neste caso uma diminuição na taxa de crescimento da indústria, ou esta revelar-se-á menos competitiva do que as indústrias de outros países que disponham de capitais para assegurar o desenvolvimento. Este grave perigo vem sublinhar a necessidade de assegurar, a longo prazo, e um funcionamento eficaz do mercado financeiro capaz de fornecer os capitais adequados para alimentar