Esta evolução é de molde a pôr em dúvida o realismo da hipótese admitida para o período de 1968-1978 - 20 por cento -, sobretudo quando se pensa no programa de investimentos que implica. Sem, de modo nenhum, pretendei ser excessivamente pessimista, parece muito mais possível a taxa de 15 por cento (proposta como hipótese fraca no relatório do Grupo de Trabalho n.º 9} do que a apresentada como meta no capítulo do projecto em estudo Adiante justifica-se mais em pormenor esta posição.

A previsão das receitas provenientes da exportação de serviços de turismo assenta na premissa da manutenção do quociente verificado em 1965 entre as receitas globais e o número de dormidas de estrangeiros em hotelaria, obteve-se assim uma taxa média de crescimento variável directamente com o aumento das dormidas. Ora, visto que, como o próprio capítulo salienta, estes cálculos carecem de base estatística suficientemente rigorosa, e que, por tal motivo, esta variável não pode desempenhar qualquer papel estratégico na economia do capítulo, a secção sugere que as referências que a ela se fazem sejam eliminadas Finalmente, estranha a secção que não se explicite no capítulo qual a hipótese admitida para o crescimento das dormidas de nacionais. A evolução da oferta Capacidade hoteleira Para satisfazer a evolução programada da procura, define o capítulo as necessidades de construção de novos alojamentos hoteleiros. Porém, os números apresentados merecem um comentário.

Em primeiro lugar, embora não se explique no capítulo, percebe-se da leitura do relatório do Grupo de Trabalho n º 9 "Turismo e hotelaria" que a capacidade prevista foi dimensionada para satisfazer a procura no mês de Agosto de cada ano, calculada admitindo a manutenção das percentagens verificadas em 1965, por nacionalidades e classes de estabelecimento.

Ora, como se propõe no capítulo em exame uma intensificação substancial das verbas destinadas à promoção turística, parece de concluir que um dos efeitos deste investimento será exactamente o de conseguir baixar relativamente as percentagens de dormidas no mês de ponta, com efeitos imediatos nas necessidades de alojamento futuras.

Deste modo, a secção sugere que se revejam os cálculos referentes à capacidade hoteleira necessária, tendo em conta (se possível avançando hipóteses quantificadas) os efeitos resultantes da promoção turística orientada para uma melhor distribuição das dormidas ao longo do ano, embora se reconheça que estas hipóteses só poderão apresentar-se com um mínimo de realismo depois de alguns anos de experiência em promoção.

Para se ter uma ideia mais completa do programa proposto apresenta-se o seguinte quadro

Acréscimo médio anual do número de camas 6

A simples leitura do quadro levanta dúvidas sobre a viabilidade do programa proposto, que corresponde a, num período que decorre entre 1966 e 1968, passar de um ritmo de 1800 camas anuais para cerca de 7500, embora haja que reconhecer que no período que agora finda o sector não contou com a ajuda financeira do Estado prevista no Plano Intercalar 7.

Ora, este programa não entra em conta com o alargamento da utilização dos meios complementares de alojamento (apartamentos e quartos mobilados, sobretudo), que concorrem, em preço e qualidade, com as categorias de alojamento de nível médio. Deste modo, considera-se que este é outro factor de sobreavaliação da capacidade

Resumindo as considerações anteriores, a secção recomenda a revisão das estimativas da capacidade hoteleira necessária, tendo em conta as razões expostas e, sobretudo, uma preocupação de aplicação criteriosa dos meios financeiros que no capítulo se consideraram disponíveis. Mão-de-obra As estimativas de mão-de-obra, baseadas num inquérito a indústria hoteleira, supõem a manutenção, no futuro, da relação actual entre o número de empregados e o número de quartos. Em média, seria necessário formar cerca de 4700 profissionais, número nitidamente superior à capacidade actual das escolas profissionais do sector.

Espera-se que a produtividade da mão-de-obra aumente, pelo que aquele número - 4700 por ano - poderá ser reduzido.

No entanto, há que considerar a importância fundamental que tem a qualidade do pessoal sobre a futura evolução da afluência turística, pelo que a secção secunda inteiramente as propostas expressas no capítulo referentes às providências para o aperfeiçoamento e fixação dos profissionais de hotelaria realização de cursos móveis e exames periódicos, que proporcionarão ensino paralelo ao das escolas hoteleiras. Investimentos a meios de financiamento

1)Necessidades globais O programa de investimentos apresentado no capítulo em exame, no que se refere à hotelaria, parte da fixação dos seguintes custos por quarto e por categorias de estabelecimentos

Contos por quarto

Hotéis de luxo e de 1.ª classe 360

Hotéis de 8 E classe 150

Pousadas e outros estabelecimentos

hoteleiros do Estado, estalagens,

pensões de luxo e de 1.ª classe 250

O método de previsão parece aconselhável h secção, apenas se põe em dúvida que se consigam custos daquele montante, sobretudo para os estabelecimentos de qualidade superior De facto, conhecem-se casos de estabele-

7 O número correspondente à hipótese de um crescimento anual das dormidas de 15 por cento seria de cerca de 4000 camas/ano adoptando a mesma base de cálculo do capítulo.

8 A título exemplificativo, em Espanha, para o período de 1964-1967, do total de camas previsto, cerca de 50 por cento corresponde a alojamentos extra-hoteleiros

9 Parece da interesse comparar estes números com os verificados em Espanha

Objectivos de 1965 85 400