(a) Valores provisórios

À semelhança dos anos anteriores, o favorável resultado das contas exteriores reflectiu-se nas disponibilidades liquidas em ouro e divisas, a curto prazo, que tiveram no conjunto o significativo acréscimo de 4 662 000 contos.

Além da ampla elevação das reservas do Banco de Portugal, observou-se nova acumulação das disponibilidades cambiais noutras instituições de crédito, ainda que por forma menos acentuada do que em 1965. Para o corrente ano, os elementos completos, de que se dispõe, sobre a balança de pagamentos da zona do escudo referem-se apenas ao l.º trimestre. Como é habitual nos primeiros meses do ano, formou-se naquele período um déficit moderado (817 000 contos), em que influíram as transacções de mercadorias e as operações de capital a curto prazo.

Importa, contudo, assinalar a melhoria observada na balança de transacções correntes da metrópole, que apresentou saldo positivo de 270 000 contos, como consequência da elevação das receitas de invisíveis correntes, em particular as proporcionadas pela actividade turística. Os elementos disponíveis sobre o financiamento dos pagamentos internacionais da zona do escudo no l.º semestre de 1967 revelam já um saldo positivo na balança de pagamentos de 772 000 contos.

Por sua vez, o saldo das liquidações cambiais efectuadas através do Banco de Portugal durante o período de Janeiro a Agosto deste ano fixou-se em + l 283 000 contos, contra + 524 000 contos em igual período de 1966. Em consequência da evolução favorável das relações económicas externas, o valor global das disponibilidades líquidas em ouro e divisas do banco emissor situou-se, em 31 de Agosto último, em 32 857 000 contos, revelando um acréscimo de l 440 000 contos em relação ao inicio do ano. Dada a tendência observada nos anos anteriores, poderá admitir-se que na parte final do ano se acentue a melhoria do resultado das contas exteriores Com efeito, espera-se que prossiga a elevação do saldo de transacções correntes, não obstante as expectativas de agravamento do déficit da balança comercial, em conexão essencialmente com as necessidades de importação decorrentes do processo de desenvolvimento económico. Além disso, e conforme a previsão orçamental, as entradas de capitais do sector público devem continuar a diminuir em 1967, como nos dois anos precedentes.

Por outro lado, poderá verificar-se no corrente ano a reimportação, em proporções apreciáveis, de capitais colocados no estrangeiro, como resultado da amnistia concedida às infracções cometidas às disposições reguladoras dos movimentos de capitais privados, através do Decreto-Lei n.º 47 913, de 7 de Setembro último.

Comercio externo No decurso dos últimos anos as transacções comerciais da metrópole têm determinado a formação de elevados deficits Esta tendência, que se acentuou a partir de 1965, reflecte crescimento das importações acentuadamente superior ao das exportações.

De facto, as necessidades em matérias-primas e bens de equipamento, indispensáveis ao desenvolvimento económico do País, impuseram o movimento crescente do valor das importações. Para esta evolução concorreram ainda as dificuldades de adaptação da oferta interna de produtos alimentares às alterações da estrutura do consumo, paralelamente à expansão das despesas dos consumidores

Por seu lado, as exportações progrediram a cadência elevada, embora nos dois últimos anos tenha ocorrido abrandamento da expansão, facto que se relaciona com as medidas de estabilização adoptadas nalguns dos países com que Portugal mantém mais estreitas relações económicas e com a persistência de uma situação de desequilíbrio nos pagamento s interterritoriais. No entanto, o aumento das exportações tem sido acompanhado de significativa melhoria da sua estrutura, devido, em especial, ao incremento da colocação nos mercados estrangeiros de alguns produtos industriais, nomeadamente têxteis, concentrados de tomate, pasta para papel e diamantes não industriais.

Consequentemente, tem vindo a diminuir a importância relativa dos principais produtos que são tradicionalmente