ocupação do nosso mercado pela produção estrangeira em condições de igualdade, pelo menos, com a produção portuguesa, e simultaneamente nos abriu as portas de um mercado consumidor dez vezes maior do que o nosso mercado interno, com todas as perspectivas de uma expansão que poderá ser espectacular, levou a indústria a sacrifícios de instalação que se estão a traduzir em real actualização técnica.

Tem-se animado, por vezes, que o processamento do crescimento industrial se efectivou com uma aceleração para a qual o potencial financeiro dos industriais se não encontrava preparado, mas não se vê que em regime de esforço decorrente da imposição de uma guerra - em cuja estratégia a indústria tem parte fundamental- e da necessidade já referida de integração num espaço económico que o jogo das economias mais evoluídas desencadeou, não se vê, repito, que possa a indústria portuguesa processar com menos aceleração um movimento de descimento, sem caminhar para mais do que uma subordinação económica, para um aniquilamento de estruturas.

Ocasionais embaraços, que são muitos e de origem diversa, não invalidam essa realidade que é estar-se no início de uma nova indústria entre nós.

O que poderá discutir-se, e talvez com razoabilidade, será uma certa descoordenação no descimento, e por certo que teia de assacar-se a alguns sectores da Administração grande responsabilidade dessa descoordenação que resultou de uma falta de esclarecimento prático das realidades industriais - falta de esclarecimento ou esquecimento.

Por memória se refere, para exemplo, a esquematização burocrática de um sistema de condicionamento, que desta foi ma se tornou obsoleto e inoperante

Para se ser mais claro, não deveria a Administração em matéria de condicionamento industrial usar de fórmulas unilaterais de resolução, e apoiar-se, bem ao contrário, no parecer mais realista dos sectores privados

Tem-se animado por várias vezes, e até em declarações o que se terá de esperar e aceitar que a promoção desses regulamentos teia de contemplar, naturalmente, uma visão adequada do crescimento industrial

Vozes: - Muito bem !

Mas termos mais equipamento industrial não é o mesmo que termos crescimento económico, porque este pressupõe produtividade e rendimento, e a indústria reequipada nem está suficientemente produtiva, nem dá rendimento

E se é certo que por vezes se podem apontar erros a alguns industriais, por ano terem acautelado devidamente as suas actividades por forma a poderem suportar os embaraços de uma crise, a verdade é que os problemas que afectam a indústria no crescimento económico não são os problemas básicos de crise nos países altamente industrializados Estas crises decorrem de um subconsumo frente a um excesso de produção que provoca, necessariamente, a instabilidade de preços e resolvem-se pela manipulação da procura global, isto é, pela estimulação de mercados que possam absorver o excesso da produção determinante da crise O caso português é diferente, pois temos um mercado de «espaço» que supera largamente o consumo local, mas subsistem embaraços que dificultam a nossa penetração e presença com permanência nesse mercado

Que embaraços são aqueles, pois, que impedem a indústria de se tornar rentável? Qual a sua origem?

Pois são fundamentalmente embaraços que decorrem da falta de compreensão e entendimento do que possam ser as iniciativas que estão na base de um rápido desenvolvimento industrial

Vozes: - Muito bem !

Não é possível a uma indústria que se transmude do «quase nada» para «alguma coisa», num esforço notável de investimento que lhe esgotou as reservas de capitalização, exigir-se, simultaneamente, um esforço de organização que lhe assegure desde logo, sem capitais de maneio indispensáveis e estruturas de apoio adequadas, a