A questão dos continuados desequilíbrios nos pagamentos externos de algumas províncias ultramarinas, particularmente de Angola e Moçambique e na medida em que esses desequilíbrios se revelam nas posições dos respectivos fundos cambiais, tem vindo a concitar cuidada atenção e está na origem dos referidos empréstimos concedidos pelo Fundo Monetário da Zona do Escudo e pela Diamang e, bem assim, de um conjunto de diplomas promulgados em 8 de Setembro último.

Naturalmente que outras providências de fomento económico das províncias e de defesa das suas balanças de pagamentos deverão ser adoptadas em próximo futuro, pois que, por muito relevantes que sejam as operações de crédito realizadas e as referidas disposições legais, elas não serão suficientes, só por si, para coarctar a formação dos desequilíbrios de pagamentos externos em Angola e Moçambique. Pelo que respeita aos valores do comércio da metrópole com o estrangeiro -cujas variações, como se viu, continuam a revestir-se de importância fundamental no contexto da balança de pagamentos internacionais da zona do escudo -, o quadro XXI, a seguir, indica que a tendência de agravamento do déficit tradicional prosseguiu durante o ano de 1966 e que entre os períodos de Janeiro--Agosto de 1966 e 1967 o saldo negativo se elevava de 6989 para 7461 milhões de escudos, devido ao incremento das importações, porquanto o montante das exportações continuou a aumentar.

Comércio especial da metrópole com o estrangeiro

(Valoras alfandegários em milhões de escudos)

Para os mencionados agravamentos do saldo negativo do comércio da metrópole com o estrangeiro concorreram, em 1966, as importações de produtos alimentares (trigo, batatas, arroz), medicamentos, carvões, resinas artificiais, maquinas e aparelhos eléctricos, e não eléctricos, automóveis para transporte de pessoas e partes e peças separadas do automóveis e, no período da Janeiro a Agosto de 1967, confrontado com o correspondente de 1966, as de produtos alimentares (carnes, bacalhau, trigo, batatas), petróleo em bruto e gasolinas e óleos, medicamentos, automóveis para transporte de pessoas, máquinas e aparelhos eléctricos e aeronaves Para a elevação do valor das exportações para o estrangeiro, as maiores contribuições devem-se, sobretudo, em 1966, a tomates em conserva, pirites, resinosos e vestuário de algodão, e de Janeiro a Agosto do ano em curso, relativamente a igual período do ano passado, às conservas de peixe, as conservas de tomate e ao vestuário de algodão.

Quanto ao comércio da metrópole com as províncias ultramarinas, o excedente elevou-se de 423 milhões de escudos em Janeiro-Agosto de 1966 para 572 milhões de escudos no período homólogo do ano em curso, em consequência da expansão relativamente mais acentuada das vendas (de 2488 para 2859 milhões de escudos) do que das compras pela metrópole (de 2065 para 2287 milhões de escudos).

É de notar, por fim, que as «razões de troca» do comércio externo da metrópole - que haviam subido de 99 paia 102,4 entre o 3 º e o 4 º trimestre de 1966- acusavam posteriormente um sentido de quebra, descendo para 101,4 no 2 º semestre de 1967 E o que revela o quadro XXII.