vez, em pôr, apreensivamente, o problema da sua sucessão, encontrou para o caso o pensamento justo e a solução exacta, afirmando que as instituições funcionariam quando fosse oportuno funcionarem.

Lembro-me de ter dito na Assembleia Nacional, quando, alguns anos atrás, se perfaziam vinte e cinco anos sobre a data em que entrara para o Governo, que Salazar era o homem que não errava nunca. Quando as soluções que encontrava nos ofereciam dúvida, bastava que passassem os tempos para verificarmos como estavam certas.

Assim sucedeu sempre durante a segunda grande guerra ao serem encaradas as mais melindrosas situações de política externa. E assim se passou sempre, com igual segurança, durante quarenta longos anos, em tudo que ocorreu nos múltiplos problemas dos negócios públicos.

Mais uma vez Salazar nos mostrou como tudo havia de passar-se quando o destino nos fez suportar a sua falta, que, dias antes, continuávamos confiadamente a vulgar afastada.

De facto, as que sejam as contrariedades que as contingências da política lhe tenham reservado, por muitas as lutas a que o tenham obrigado a defesa da Pátria perante interesses estranhos, nunca, nem na vida pública nem da vida privada, deixou, até hoje, de ter a seu lado esforçados desejos de cumprir, nem lhe faltaram dedicações sinceras.

Pois, também como portugueses, podemos orgulhar-nos de que não deixou de acontecer assim em todas as formas da assistência que na sua doença lhe tem sido prestada. Nem no valor indiscutivelmente demonstrado da técnica, nem nos extremos inexcedíveis da solicitude e da dedicação.

É observação que honra quem a merece e que deve, nesta oportunidade, não deixar de ser feita.

Ouvi há dias definir por forma inconfundível o estado de consternação do País em face da doença do Prof. Salazar, frisando que se não tratava, nesse caso, de distinguir entre amigos mais ou menos íntimos, nem que com ele privavam mas de peito ou que as circunstâncias mantinham mais distantes, visto que uma vida inteira, dedicada exclusivamente a viver para Portugal e para os Portugueses, fizera desse homem um membro da família de cada um de nós.

E tem de acrescentar-se que se alguém de entre nós, mas do que qualquer outro, está em condições de ter de pensar e de sentir assim - pelos laços estreitos de amizade criados num contacto de todos os momentos, pelo desenrolar constante de problemas vividos em comum, ou pelo conhecimento contínuo de preocupações presentes, dia a dia -, esse alguém, por mais dura que se tornasse a sua posição, foi precisamente o homem sobre quem recaiu toda a responsabilidade de encontrar para o País o caminho a seguir - foi o Chefe do Estado.

Não podemos deixar de curvar-nos respeitosamente perante a inabalável ponderação, a corajosa independência e a inexcedível serenidade com que foi assumida a responsabilidade que havia que assumir e tomada a resolução que havia que tomar. Como não poderemos pôr limites para admirar a esclarecida inteligência como S. Exa. soube, por essa forma, conquistar indiscutivelmente a adesão do País, sabendo sei vir pela melhor forma os seus altos interesses

De entre todos os assinalados serviços que, em qualquer campo, o Sr. Presidente da República tem prestado ao País, não foi este, sem dúvida, dos menos relevantes.

Constituiu por certo factor decisivo para que o Prof. Marcelo Caetano aceitasse o pesado encargo que lhe foi entregue a confiança que, por quem de direito, lhe foi manifestada.

De igual modo, não deixou, para esse efeito, de pesar também no seu espírito a gravidade das circunstâncias, nem o respeito, a admiração e a estima que o Sr. Almirante Américo Tomás lhe tem inspirado sempre desde há longos anos.

Mas creio bem que não poderá ter-lhe sido indiferente saber a que ponto são reconhecidos os seus muitos e ele-