ritmo de acréscimo do crédito distribuído pelos bancos comerciais não se explicará por insuficiência da capacidade prestamista própria ou por força de restrições aplicadas pelo Banco Central, mas principalmente, ao que se pensa, por aplicação de critérios mais selectivos na apreciação de propostas de operações, fundamentadas em estimativas de riscos sobre a situação de vários sectores da actividade económica nacional.

Relativamente aos créditos a prazo não superior a dois anos, concedidos pelos mencionados bancos sob as formas de carteira comercial e de empréstimos, e contas correntes caucionados, os quadros n.ºs 59 e 60 anexos mostram a decomposição desses créditos por prazos e sectores de actividade beneficiários, por onde se verifica que não se operaram modificações muito significativas das estruturas repartitivas. Em particular, é de salientar a elevada representação dos créditos ao consumo, bem como a dos créditos à importação, por confronto com a dos crédito s à exportação.

Quanto aos depósitos nos mesmos bancos comerciais, os quadros n.ºs 61 e 62 anexos esclarecem o movimento, a que se fez alusão, de crescimento de depósitos a prazo, particularmente no 2.º semestre de 1967 e 1.º semestre do ano corrente; enquanto no 2.º semestre do ano passado o acréscimo dos depósitos a prazo foi determinado principalmente pelas contas das empresas e na primeira metade de 1968 interessou exclusivamente as contas dos particulares. As posições do conjunto das caixas económicas constantes do quadro n.º 63 anexo mostram a expansão geral das suas operações no período em análise, se bem que as dimensões desse agregado de instituições de crédito não lhe confiram ainda importância muito significativa no quadro do sector monetário da estrutura bancária nacional.

Pelos elementos do aludido quadro, verifica-se, em particular, o movimento de quebra da representação, no passivo, dos depósitos à ordem e outras responsabilidades à vista e, em contrapartida, a tendência de aumento da percentagem correspondente aos depósitos a curto prazo. Por outro lado, a relação entre o saldo do crédito bancário distribuído e o total das responsabilidades em moeda nacional - que decaíra um pouco no ano passado - voltava a subir no 1.º semestre de 1968 Simultaneamente, a taxa de cobertura das mesmas responsabilidades pelas reservas efectivas de caixa manifestava um sentido de descida continuada, particularmente sensível no 1.º semestre do ano corrente, mas, a este respeito, é de notar que o montante da conta «Saldos e outros valores sobre instituições de crédito nacionais» - em que principalmente pesam saldos de contas de depósito à ordem e a prazo - se acrescia de 566 para 692 milhões da escudos em 1967 e para 744 milhões no 1.º semestre de 1968.

No tocante aos créditos com vencimento até dois anos outorgados pelas sobreditas caixas económicas, os quadros n.ºs 64 e 65 anexos esclarecem os considerandos gerais antes formulados quanto aos quantitativos das operações e a sua evolução recente, parecendo de salientar apenas a elevada representação nesses créditos do chamado crédito ao consumo.

Finalmente, quanto à Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência, o quadro n.º 66 anexo, das posições das principais contas, acusa alterações muito sensíveis de 1967 para 1968. De facto.

a) Durante o ano de 1967 o crescimento dos depósitos totais fora pouco significativo, em pouco excedendo os 350 milhões de escudos, correlativamente, o saldo do crédito bancário distribuído não foi muito além dos 420 milhões, mas, ainda assim, as reservas de caixa da instituição aumentavam quase 250 milhões.

b) No 1.º semestre de 1968 verificava-se um aumento extraordinário dos depósitos (2155 milhões de escudos), na sua maior parte reflectido em contas de depósito a prazo. Apesar disto, o saldo do crédito bancário outorgado acrescia-se apenas de 520 milhões, pelo que as reservas de caixa averbavam um muito vultoso acréscimo (quase 1680 milhões), significando uma elevação considerável da liquidez real da instituição a relação entre as reservas de caixa e os depósitos totais subia, entre 1966 e 1967, de 23,6 para 24,6 por cento e para 30,6 no 1.º semestre do ano corrente.

Note-se, por último, de acordo com os dados do quadro n.º 67 anexo, que os saldos das operações de empréstimos até dois anos pouco aumentaram durante o período em referência, continuando a pesar, no conjunto, os créditos a «actividades económicas diversas», às indústrias transformadoras e às caixas de crédito agrícola mútuo. Da análise precedente, parece de concluir, em termos gerais, que o comportamento do mercado monetário em 1968 se manteve nas linhas tendenciais vindas dos períodos anteriores, reforçando-se até alguns aspectos relevantes.

Com efeito, acentuava-se o movimento de conversão de depósitos à ordem em depósitos a prazo, com reflexos na liquidez legal das instituições, dado que, ao mesmo tempo, se mantinha a orientação de conter a oferta de crédito, permitindo, em conjugação, reduzir consideravelmente o recurso ao Banco Central, até porque, na liquidez real do mercado, se projectavam os fluxos de meios de pagamento internos criados em consequência dos excedentes da balança de pagamentos externos. Deste modo, a potencialidade creditícia do sector monetário da estrutura bancária metropolitana teria crescido entre 1966 e 1968, sem que se houvesse reduzido, ao que se julga,, a procura global de fundos. Em todo o caso, as situações do desequilíbrio monetário-financeiro acusadas por diversas empresas em vários sectores da actividade económica haverão concorrido para diminuir aquela procura julgada aceitável do ponto de vista dos riscos e, por outro lado, para justificar uma atitude de maior prudência, redundando, afinal, em contenção geral da oferta. De resto, a dificuldade da grande maioria das empresas nacionais em prestar informações suficientes das suas posições económicas e monetário-financeiras dos seus planos de produção, carteira de encomendas, programas de investimentos, etc. , tende, naturalmente, em conjunturas como as dos anos de 1967 e 1968, a explicar aquela atitude das instituições de crédito. Mercado financeiro