O Orador: - Sr. Deputado Sousa Marques, nós assumimos e continuaremos sempre a assumir as nossas responsabilidade.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado Carlos Robalo perguntou se nós consideraríamos que o CDS pretende recuperar os interesses da oligarquia financeira que deixou de exercer essa função em Portugal após o 25 de Abril. Nós não dissemos que o CDS o pretende. Nós diremos apenas que, se o CDS defender a instalação de bancos privados em Portugal e se consentir que essa instalação seja feita, constituindo

como capital social desses bancos o volume das indemnizações que sejam devidas aos detentores de antigos bancos, então, inevitavelmente, quer seja quer não seja esse o desejo ou a pretensão do CDS, isso arrastará à reconstituição da oligarquia financeira anterior.

O Sr. Herlander Estrela (PS): - Muito bem!

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Deputado, dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - Faz favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Deputado, dá-me ideia que não está de facto a responder à minha pergunta. Queria, muito claramente, que esclarecesse a sua alusão.

Não tive dúvidas do que disse o Sr. Deputado António Guterres. Logicamente que o ouvi com muito interesse, logicamente que o ouvi com muita atenção, como é de minha obrigação - por isso estou aqui -, mas queria que de facto esclarecesse a sua alusão. E o Sr. Deputado António Guterres entende muito bem o que eu lhe estou a perguntar.

O Orador: - O esclarecimento da minha alusão já foi dado. Não estou a acusar o CDS de pretender defender interesses. Estou a dizer que, se se verificar, como parece poder entender-se de certas intevenções, determinada lógica, essa lógica conduz inevitavelmente à defesa desses interesses.

O Sr. Basílio Horta (CDS): - Interpreta mal, Sr. Deputado.

O Orador: - O que, aliás, permita-me que lhe diga, não é vergonha nenhuma para o CDS, porque o CDS, como partido que defende os princípios liberais, integralmente liberais, de funcionamento de uma economia de mercado integralmente liberal, naturalmente que deverá assumir essa mesma posição sem que isso tenha qualquer espécie de vergonha ou de menos prezo para si próprio.

Vozes do PS: - Muito bem!

Neste momento assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente José Vitoriano.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - O Sr. Deputado dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - Sr. Deputado, faça favor.

Uma voz do PCP: - Já cá faltava! ...

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Tenho estado muito calado hoje, de modo que os Srs. Deputados nem sequer têm razão para estarem cansados de me ouvir.

O Credor:- Só pedia que o Sr. Deputado não usasse o meu tempo em comentários para com os outros Srs. Deputados, por favor.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Como é que disse, Sr. Deputado?

Muito obrigado, Sr. Deputado António Guterres, por me ter consentido a interrupção.

É evidente que eu e o nosso partido começamos a cansar-nos de ouvir repetidas coisas sobre .nós que não são verdadeiras, que são falsas e não correspondem à declaração de princípios do partido. Gostaria que o Sr. Deputado me citasse um só texto, um só projecto de lei, uma só declaração política ou uma só entrevista de um dirigente do CDS, para citar as várias fontes possíveis, doutrina autêntica ...

Risos do PS.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - As «folhas» do CDS!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Quais delas, Sr. Deputado?

O Credor: - ... em que o CDS definisse ser sua uma doutrina liberal ou ser sua uma economia do tipo da economia de mercado, simplesmente.

O Sr. Deputado sabe tão bem como eu que o nosso partido é favorável a uma economia de tipo misto, cem a intervenção do Estado com a função correctora e orientadora da planificação democrática. E isso o Sr. Deputado sabe tão bem como eu, porque está nos textos do meu partido e em múltiplas declarações do. mesmo. Não temos nada a ver com uma concepção liberal da economia, temos tudo a ver com uma concepção democrática-cristã do funcionamento da economia, o que são coisas completamente diferentes para quem saiba o que é, na Europa, uma e outra concepções.

Risos do PS.

O Sr. António Guterres (PS): - Gostaria de lhe dizer muito rapidamente que, em nossa opinião, o comportamento que têm tido muitos governos de prática cristã-democrática ...

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - ... e social-democrata, Sr. Deputado.