O Orador- - Falou, sim, Sr. Deputado.

O Sr.Carlos Carvalhas (PCP): - Não falei, não, Sr. Ministro.

O Orador- - Falou, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Não falei, Sr. Ministro.

Portanto, não vai insistir em dizer que falei numa coisa em que não falei. Eu não falei em conspiração absolutamente nenhuma.

Mas quem é que falou em tal?

O Orador: - Sr. Deputado, se não disse, por acaso...

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Não é por acaso, nem deixa de ser por acaso!...

O Orador: - Deixe-me terminar, Sr. Deputado, porque senão também me enervo e não consigo chegar ao fim.

Poftanto, eu peço ao Sr. Deputado que me deixe terminar. Se, por acaso, não utilizou a palavra conspirar, eu retiro-a imediatamente. Mas, muito honestamente, creio tê-la ouvido.

Portanto, se a não disse apresento-lhe as minhas desculpas. Mas não se enerve, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Com certeza, peço-lhe é a máxima atenção, Sr. Ministro.

O Sr. Ministro do Comércio e Turismo (Mota Pinto): Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Só mais um minuto, Sr. Ministro, e para terminar.

O Sr. Ministro do Comércio e Turismo (Mota Pinto): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: As observações que o Sr. Deputado Carlos Carvalhas me fez foram múltiplas e variadas, e eu quero referir que, no que toca às reservas, neste país toda a gente sabe como se fez uma grande delapidação das reservas em divisas ou em ouro.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Simplesmente, mesmo que essa redução se verificasse depois, também toda a gente sabe, porque corresponde a um dado elementar da economia, que os resultados das políticas económicas desastrosas se verificam com efeitos retardados e muito tempo depois das medidas que geraram asses desequilíbrios.

Vozes do PS e do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Portanto, Sr. Deputado, vou terminar dizendo que, efectivamente, as causas principais da tensão inflacionista que se verifica e que o Governo procura corajosamente enfrentar são aquelas que há pouco indiquei.

Por isso, quando ouço certas forças políticas clamarem contra a alta dos preços, lembro-me irresistivelmente da pessoa que deita fogo ao pinhal e que vem para a estrada gritar que ele está a arder.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Terminou o período dedicado a este primeiro ponto da nossa ordem de trabalhos.

Em matéria de inflação, o «regimentozinho» que V. Ex.ªs elaboraram está excessivamente inflacionado e não concede a palavra para neste assunto a mais ninguém.

Vou interromper a sessão e,..

O Sr. Ministro Jorge Campinos: - Sr. Presidente, se me dá licença e se me fizer um imenso favor, peço-lhe que conceda ainda a palavra ao Sr. Ministro do Plano. 15to porque foi feita uma pergunta pelo Sr. Deputado Carlos Carvalhas e, se o Sr. Presidente consentir, pelo menos essa metade da resposta o Sr. Ministro do Plano dá-la-à.

O Sr.Presidente: - Vamos lá transigir mais uma vez com a inflação.

Tem a palavra, Sr. Ministro.

O Sr. Ministro do Plano e Coordenação Económica (Sousa Gomes): -Muito obrigado, Sr. Presidente.

Nós pedimos a palavra apenas com a preocupação de que não digam que o Governo não quer responder às questões formuladas.

Uma voz do PS: -Muito bem!

O Orador: -Penso que a primeira parte da pergunta que nos foi posta, sobre a manutenção do nível global do consumo privado, em termos reais de 1976, com salvaguarda da participação da factor trabalho no rendimento, nacional, é uma questão que é uma petição de princípio e o Governo, portanto, não tem de vir aqui demonstrar aquilo que é a sua intenção e o seu desejo e que neste momento considera que está a cumprir. Aliás, caberá a quem pergunta demonstrar que não é assim.

De resto, para esclarecimento, devo dizer que nós persistimos na ideia de que é possível manter a participação do factor trabalho no rendimento nacional de 1977 em relação a 1976, desde que sejam eliminadas as componentes marginais de produtividade negativa que, em 1975 e 1976, efectuaram importantes desvios nesse factor de participação.

Além disso, o Sr. Deputado pôs em causa que o Governo estivesse a actuar de forma a prejudicar os interesses da população e das camadas mais desfavorecidas. Eu repito que isso não tem validade, e pergunto .se não se considera positivo que, apesar de alguns aumentos que não nos foi possível evitar, a população disponha hoje da possibilidade de se