O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Oliveira Baptista, que pode dispor de cinco minutos.
O Sr. Oliveira Baptista (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ouviu ontem esta Assembleia a descrição - surrealista, divorciada de toda a realidade e altamente provocatória para o meu partido e para a população do Município de Tomar em geral- de uma manifestação que houve nesta cidade na passada quarta-feira, à tarde, contra o projecto de regionalização dos serviços de saúde em Portugal continental, feito pelo Gabinete de Estudos e Planeamento, que tem a aceitação do Sr. Secretário de Estado da Saúde e cujas linhas orientadoras são julgadas pela maioria da população como gravemente lesivas dos interesses das populações da vasta região de que Tomar é centro natural e geográfico.
A população do concelho de Tomar é intransigente defensora dos valores e bens da sua terra, que muito ama.
Ouvem-se várias vozes de Deputados.
Sr. Presidente, fazia-lhe um apelo para que os meus colegas me ouvissem.
O Sr. Presidente: - Peço a atenção dos Srs. Deputados para a intervenção do Sr. Deputado Oliveira Baptista.
Tomar se concretizasse, isto é, que ganhasse forma e conteúdo uma nova província de Portugal cujo nome seria o de Beira Central, com a capital distrital em Tomar.
Apesar de se viver em ditadura, o então Deputado por Tomar foi obrigado, pressionado pela opinião pública, a levantar o problema na então Assembleia Nacional e os jornais regionais deram ampla cobertura a esta velha aspiração das populações locais.
As coisas tomaram então tal vulto que Salazar, ele próprio, ordenou que o assunto fosse totalmente silenciado e para isso foram prodigalizadas ameaças, chegando a ser altamente incomodados muitos tomarenses.
De novo, agora, se assistiu a um fenómeno semelhante. Em completa espontaneidade, a população do concelho de Tomar organiza-se e manifesta-se, com a presença de cerca de duas mil pessoas, em prol daquilo que sente que deve ser defendido - o seu hospital.
Nesta manifestação, ao contrário do que afirma o Sr. Deputado do PS, não quis o núcleo concelhio do meu partido colaborar de uma maneira activa, dinamizadora, precisamente para não a enfraquecer, emprestando-lhe cariz partidário ...
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador:-, ...pois que, para nós, sociais-democratas, o interesse das populações é guardado acima de quaisquer outros eventuais interesses.
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: - No entanto, não proibiu os seus filiados de nela se integrarem, precisamente por não ter qualquer tipo de razões que a essa atitude o levasse.
Agiu séria e honestamente o núcleo concelhio do PSD.
Não agiu assim o Sr. Deputado do PS que sobre o assunto ontem interveio nesta Casa, como também não agiu assim o secretariado da secção PS de Tomar em lamentável e calunioso comunicado que ontem fez sair.
O PS em Tomar - e não só -, patologicamente, não suporta qualquer espécie de crítica à sua actuação e por isso mesmo reage descobrindo complots e conspirações onde existe apenas uma pura e sã vontade popular de pressionar os seus representantes para que resolvam com mais eficácia, competência e prontidão os seus problemas.
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: - Para além disso, o Sr. Deputado do PS que aqui ontem nos falou reflecte muito bem todo o complexo de esquerda dos responsáveis locais do seu partido, o que é perfeitamente compreensível.
É que imagino que deve ser muito duro para os militantes locais do Partido Socialista pertencerem a um partido que, por vezes, até é marxista, e no qual é omnipotente o refrão do passado antifascista, o não se ter qualquer actividade passada que rime com os invocados pergaminhos. É que isto passa-se tudo numa pequena cidade da província, em que todos se conhecem, em que «serões da província» proporcionam o relembrar de velhas histórias...
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, informo-o de que está a chegar ao fim do seu tempo. Pedia-lhe, portanto, o favor de abreviar a sua intervenção.
O Orador: - Estou a acabar, Sr. Presidente.
Tais serões proporcionam também o relembrar de factos relativamente presentes susceptíveis de incomodar mesmo insensibilidades. Aqui, na anónima Lisboa, tudo é mais fácil; lá não.
Para além disto, a intervenção do Sr. Deputado do PS merece-me ainda as seguintes observações pontuais:
Diz o Sr. Deputado, a certa altura - para que não