serão ou não pagos - se entendi bem o que disse - ou se teremos de recorrer ao ouro para pagar.

Eu penso que os empréstimos serão pagos. Quanto àqueles cuja prorrogação eventualmente possa ser negociada e se isso nos for vantajoso, far-se-á a negociação da prorrogação. Isso já tem ocorrido num ou noutro caso, não tivemos dificuldade; paira o efeito. Naqueles casos em que não haja possibilidade de prorrogação, nós estamos a tentar, como sabem, criar condições de financiamento externo suficiente para que em momento nenhum haja uma ruptura de tesouraria externa, que no desejo, creio eu, de nenhum dos Srs. Deputados na realidade existe. O problema é de grande melindre, é tido em conta diariamente e é um problema muito sério. Eu diria que, tirando outros, do foro político, é este porventura o problema número um da vida portuguesa e portanto está diariamente sob observação. Admitir que não cheguemos apagar estes empréstimos isso é que na realidade não me passa pela cabeça e c reio que o Sr. Deputado apenas a título de exaustão lógica pôs assa hipótese.

O Sr. Deputado fez-me também uma pergunta, que diz respeito à previsão da dívida externa ,portuguesa nos começos de 1978. É claro que só com um pouco de bruxedo é que eu lhe poderia responder a isto, porque nós não sabemos como é que as exportações e as importações vão evoluir no imediato e nos restantes meses deste ano. Nós temos algumas indicações bastante animadoras sobre o fluxo turístico estrangeiro a Portugal. Pensamos - julgo que o Sr. Ministro do Comércio e Turismo assim pensa - que a receita bruta será da ordem dos 15 milhões a 16 milhões de contos, o que seria o máximo nacional desde sempre. As remessas dos emigrantes, cujos números eu poderei facultar ao Sr. Deputado, caso tenha interesse em conhecê-las, têm subido. Portanto, há uma série de variáveis que nós pensamos irão evoluir em sentido positivo.

Por outro lado, sabemos também que as nossas importações não têm evoluído de uma forma muito satisfatória, porque ainda se encontram a um nível relativamente excessivo face àquilo que seria desejável. E, se for caso disso, também lhe poderei fornecer números, caso queira. Portanto, não conhecendo nem os factores positivos para a balança de pagamentos nem os negativos, eu diria que não é muito fácil dar-lhe um número aproximadamente exacto. Todavia, se pensar que neste ano, a admitir que podemos ter um défice de 2 milhões e 500 000 contos mensais - é uma hipótese -, nós .poderemos pensar que aos 135 milhões de contos de débito actual acrescerão 17,5. Portanto, grosso modo e sem um compromisso definitivo, eu diria que nos princípios de 1978 teremos uma divida da ordem dos 153 milhões de contos.

O Sr. Macedo Pereira (CDS): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Ministro?

O Orador: - Com certeza.

O Sr. Macedo Pereira (CDS): - Sr. Ministro, sendo V. Ex.ª normalmente um homem realista e sem deixar de o ser, gostaria de lhe perguntar se posso ler nas suas palavras um optimismo quanto à evolução da nossa situação económica. Gostaria que me respondesse muito concretamente quanto a este ponto. É a minha última pergunta e peço desculpa de o ter maçado.

situa o busílis mais grave da questão, na balança comercial. Mas ,penso que nós vamos ter um ano de 1977 ,mais satisfatório do que o ano de 1976, o que aliás não será habilidade porque este. ano é um ano de estabilidade governativa, embora com alguns ventos de vez em quando, em que o Governo tem feição definitiva - pelo menos para aí se inclina -, e portanto é natural que isto opere os seus resultados do ponto de vista psicológico e do ponto de vista de continuidade governativa. Por isso, estou, de facto, mais optimista do que estava em 1976, sem com isso deixar de ter altíssimas preocupações com a situação.

Eu prometi dar-lhe alguns números sobre emigrantes. O Sr. Deputado não me disse se sim ou não, mas, se quiser, eu digo-lhos.

O Sr. Macedo Pereira (CDS): - No fim, terei muito gosto.

O Orador: - Com certeza.