cularização e essa unilaterização. E isso não é verdade. Resulta claro do voto que foi posto.

Dado este esclarecimento, eu pedia ao Sr. Deputado José Luís Nunes um esclarecimento.

O Sr. Deputado disse que ao votar a proposta adiantada pela UDP, aliás modificada de ontem para hoje, assumia nessa proposta a política do Governo, e eu faço, pois, esta pergunta ao Sr. Deputado José Luís Nunes: será que na sua dialéctica divergente, para usar um termo correspondente àquele que empregou, a UDP é aqui o porta-voz da posição do Governo em matéria da África Austral?

Risos do PSD e CDS.

Uma voz do PSD: - Boa bola!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Eu respondo com muito prazer a essa pergunta porque nela se revela como é que uma pessoa tão inteligente como é o Sr. Deputado Barbosa de Melo é capaz de dizer uma coisa destas.

O Sr. Nandim de Carvalho (PSD):- Não percebeu!

Uma voz do CDS: - Estás à rasca!

O Orador: - Eu lembro-me que, nos bons tempos...

Manifestações de desagrado do PSD

O Orador: - Quando os Srs. Deputados estiverem em silêncio, eu respondo. Não é por respeito a mim, mas sim à Câmara.

Pausa,

Dizia eu ao Sr. Deputado o seguinte: o Partido Social-Democrata pode apresentar as propostas que muito bem entender, que, quando elas forem razoáveis, nós não teremos dúvidas em votá-las. Não vamos de forma nenhuma atribuir ao Partido Social-Democrata a qualidade de porta-voz do Governo...

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Felizmente!

O Orador: -...por dois motivos: um primeiro de uma evidência clara, é que o Partido Social-Democrata não é o porta-voz do Governo...

O Sr. Barbosa de Melo (PSD): Verdade de La Palisse!

O Orador: -... o segundo também é uma verdade de La Palisse, Sr. Deputado, ou então qualifica os seus autores de La Palisse: é que o Partido Social-Democrata não será o porta-voz do Governo enquanto o Partido Socialista for o partido maioritário na confiança do povo português.

Risos do PSD e CDS.

O Credor: - Isto serve para dizer que nós não privilegiamos aqui, dentro desta Câmara, nenhum partido. A diferença que existe entre, a UDP e o partido do Sr. Deputado Barbosa de Melo é que a UDP tem um Deputado e o partido do Sr. Deputado Barbosa de Melo tem setenta e muitos.

O Sr. Nandim de Carvalho (PSD): - É a única diferença?

O Orador: - É a única diferença aqui dentro. O Sr. Deputado Acácio Barreiros é um Deputado eleito pelo povo que me merece tanta consideração como o Sr. Deputado Barbosa de Melo.

Aplausos do PS.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Ah!

O Orador: - De modo que pode o Sr. Deputado da UDP apresentar as moções que entender.. Há uma coisa que eu garanto à Câmara; é que as moções apresentadas pelo CDS, pelo PCP, pela UDP são apreciadas pelo Grupo Parlamentar Socialista pelo seu valor intrínseco, e não por virem deste ou daquele grupo parlamentar. Isto significa, dito de outra forma, o seguinte: chamou a isto o Sr. Deputado Barbosa de Melo a dialéctica da divergência e mais uma vez, embora numa linguagem talvez demasiado importante, o Sr. Deputado acertou. É, efectivamente, a dialéctica da divergência. Nós pensamos que a divergência é importante, pensamos que o confronto é enriquecedor e que a unicidade, mesmo política, é, pura e simplesmente, empobrecedora.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Barbosa de Meto (PSD): - Convergência não significa unidade.

O Orador: - Eu sei, mas em breve verá que significa.

Risos do PSD e CDS.

O Orador: - Sabe que Roma e Pavia não se fizeram num dia e, que o processo reaccionário em curso pode levar a situações muito curiosas.

Aplausos do PS.

O Sr. Cunha Leal (PSD): - Isso dito por si, Sr. Deputado!

O Orador: - É verdade, isto dito por mim!

Manifestações do PSD.

O Sr. Presidente: - Peço a atenção da Câmara para a intervenção do Sr. Deputado José Luís Nunes.

O Orador: - Eu já tive ocasião de demonstrar nesta Câmara que não tenho receio nenhum de qualquer confronto ou debate e que respondo exactamente no mesmo tom em que os problemas me são postos. Utilizarei um tom cordial quando o tom for cordial, como é o caso, utilizarei a ironia, dentro da minha possibilidade, quando o tom for de ironia e utilizarei a linguagem violenta quando entender que a devo utilizar.