Não podemos esquecer também que há uma figura popular altamente importante, pelo seu significado nacional e pelo seu significado universal, que é Luís de Camões, que representa para nós, portugueses, ainda hoje, o expoente máximo da mentalidade portuguesa, grande figura da Renascença, com características ainda por descobrir e por discutir.

Tenho aqui na Mesa um trabalho muitíssimo interessante, de António Sérgio, sobre uma faceta curiosíssima de Luís de Camões que não pode ser indiferente aos Srs. Deputados, pelas suas características de panfletária e irreverente. Estamos todos, hoje, a procurar processar a história, actualizando as épocas e as pessoas, colocando-as dentro da nossa órbita e do quadrante da nossa vida actual. Poderíamos, talvez, considerar, sem favor, Luís de Camões, independentemente do seu valor como poeta lírico, como autor de Os Lusíadas, como autor dos sonetos, das redondilhas e de toda uma obra lírica, épica e dramática, poderíamos, dizia, considerá-lo como uma figura tutelar da irreverência, do protesto e do panfleto contra os grandes do tempo. Claro que não posso adivinhar qual seria a posição de Luís de Camões neste momento, se fosse vivo, mas tenho a impressão de que era capaz de ser um dos membros da Assembleia da República.

Srs. Deputados, são estas as palavras muito simples e muito singelas que o Presidente da Assembleia da República entendeu que vos deveria dirigir, com o apelo muito sentido e muito veemente para a compreensão do valor da grande comunidade da língua portuguesa e gabarmo-nos que sempre foi possível a consolidação das grandes comunidades dos portugueses sempre que o povo português determinou o seu destino.

A comunidade portuguesa sofreu profundos aba-los, grandes lapsos de tempo, muitas vezes praticados precisamente porque o povo português nem sempre esteve aquém dos seus destinos. Parece-me que temos de homenagear o sentido universalista desta comunidade, dado que o universalismo foi exactamente uma das grandes vocações da nossa vida atlântica e, dentro de nós, filarmos a ideia de que temos de trabalhar todos para a pequena comunidade portuguesa que somos nós, neste pequeno espaço territorial que hoje nos coube em sorte e que é, nada mais nada menos, que quase a porção territorial do tempo das Descobertas.

Estamos com muitas dificuldades, com muitos sobressaltos, mas com urna grande vontade de trabalhar, com um grande patriotismo em todos os sectores desta Câmara, e espero que esta data que se vai comemorar, na qual estarei presente na Guarda, em representação da Assembleia da República, seja uma data para não esquecer.

Muito obrigado, Srs. Deputados.

Aplausos.

Pausa.

Como nenhum Sr. Deputado da referida Comissão se pronuncia, terei talvez de retirar também o projecto de lei n.º 60/I.

Estabeleceu-se, creio que por acordo dos grupos parlamentares, o seguinte esquema de trabalho para esta sessão: proceder-se-á à leitura dos projectos apresentados, um por um; imediatamente após, serão lidos os pareceres das respectivas comissões; depois iremos discutir, globalmente, na generalidade todos os projectos, mas antes disso, como foi solicitado, usará da palavra o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, que quer fazer uma comunicação à Câmara sobre estes problemas; no final, e no encerramento dos debates, usará da palavra o Sr. Secretário de Estado da Emigração.

Tem a palavra o Sr. Deputado Barbosa de Melo.

estiveram e toda essa outra miríade, de comerciantes e intelectuais árabes que também estiveram connosco ao longo dos tempos. Lembro que o épico da nossa grei, Camões, escolheu, afinal, como símbolo de quem o guiou a porto seguro, um piloto árabe,

É nesse espírito de universalidade absoluta que nós próprios saudamos a sessão que vai iniciar-se.

Aplausos do PSD e CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Neste dia em que celebramos o Dia das Comunidades Portuguesas não deixa de ser feliz coincidência que na tribuna desta Assembleia se