que se fale nesta questão, porque obviamente ele e o seu partido são obstinadamente contra qualquer esquema de consenso. O que eles não querem é que haja consenso. Isso é que não lhes interessa de modo nenhum. Todo o efeito partidário, todo o projecto estratégico do PCP é destruir um consenso essencial na situação portuguesa actual.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Existe uma Constituição, existe um sistema constitucional económico e social estabelecido. O que o PCP não quer é que haja um consenso, para que esse sistema funcione e resulte. Isso é que não lhe interessa. Interessa-lhe continuar a contestar o funcionamento de facto do sistema. Que as empresas não arranquem, que a economia não funcione, que a conflitualidade seja altíssima, que haja descontentamento mobilizável pela central sindical que ele influencia, que possa ganhar dividendos em termos da opinião pública, meter o País em altos níveis de conflitualidade. Esta é obviamente a estratégia do PCP, ao contrário da estratégica do Partido Comunista Espanhol, como resulta, de uma maneira claríssima, do livro de Santiago Carrillo recentemente publicado, tão censurado pelos amigos e correligionários do PCP de Moscovo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Portanto, o problema do consenso é, no fundo, o problema que não interessa ao PCP. E porque fiz algumas críticas à situação actual, críticas de desorganização, de desencontro e conflitualidade, o Sr. Deputado Vital Moreira acha que no fundo estou a ser «velho do Restelo», que estou a ser alguém que não quer que o País avance.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Está, está!

O Orador: - Sr. Deputado: Há aqui uma claríssima divergência que muito convinha que ficasse clara. Permito-me concluir que a minha intervenção foi extremamente útil...

O Sr. Vital Moreira (PC-P): - Modéstia à parte!

O Orador: - ... justamente porque revelou isso mesmo. Revelou exactamente que o PCP não está interessado num consenso histórico na situação portuguesa actual. Não está absolutamente nada interessado nisso, nem numa análise realista da situação, nem num encontro de forças para resolveu os problemas fundamentais portugueses. Está, sim, interessado no jogo extraparlamentar, está interessado na desestabilização.

A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Isso é uma obsessão!

O Orador - Está interessado na conquista da sociedade através da conquista do Estado, ao contrário do que me parece ser agora a estratégia dos eurocomunstas que estão interessados na conquista da sociedade para depois chegarem à conquista do Estado.

Portanto, é esta, a meu ver, a resposta que o Sr. Deputado Vital Moreira merece, visto que não tem qualquer espécie de interesse ocupar-me com respostas a graçolas relativamente de mau gosto que quis dirigir-me.

Aplausos do PSD e CDS.

O Sr. Sérgio Simões (PS): - Sr. Presidente: Posso usar da palavra?

O Sr. Presidente: - Para que efeito?

O Sr. Sérgio Simões (PS): - É para um curto protesto.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Sérgio Simões (PS): - Quero protestar contra o argumento parlamentarista a que artificialmente recorreu o Sr. Deputado Mário Pinto para não responder à minha pergunta, que tinha fundamentalmente o seguinte objectivo: é evidente, e depreende-se da sua intervenção, que o Sr. Deputado Mário Pinto não defende uma excessiva regulamentação e restrição do exercício do direito à greve e eu perguntei-lhe se, face às posições contrárias defendidas pelo seu partido na Comissão, isso representava ou não uma mudança de opinião.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vital Moreira.

Aplausos do PCP.

Vozes do PSD: - É falso!

A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Aí é que está o busílis.

O Sr. Sousa Fernandes (PSD): - Há greve na União Soviética?

O Orador: - O nervosismo de alguns Srs. Deputados do PSD demonstra apenas que parece que feri a corda justa.