a situação da conjuntura, sabendo que essa conjuntura, se não for devidamente gerida, pode pôr em causa a democracia em Portugal.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente:-Sr. Deputado, peço desculpa, mas considero a sua intervenção como um protesto.

O Orador: - É exactamente, um protesto, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então logo que era mm protesto.

O Orador: -.... se arvore em intérprete da consciência histórica, é estranho que denunciei, acuse e ataque, é estranho que o Partido Comunista Português, baseado numa imprensa que faz o condicionamento subliminar das pessoas, numa imprensa que tem um tempo simbólico e semântico perfeitamente fechado - que é a sua imprensa, que são os seus panfletos - manipule as suas bases e os trabalhadores portugueses, não lhes dando a consciência política' clara, não lhes dando uma perspectiva clara, quer para' o desenrolar do processo político português quer para um entendimento com o Partido Socialista que o Partido Comunista Português muitas vezes diz desejar paira bom rumo da democracia e do socialismo em Portugal. No entanto, o Partido Comunista Português mais do que qualquer outro partido comunista, precisa do diálogo e da compreensão com os socialistas portugueses, porque senão nunca mais terá acesso aos mecanismos governamentais.

Será iolado num "ghetto" sob mira da direita e da extrema direita que o quer destruir e nunca será em Portugal senão um partido fossilizado.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Aires Rodrigues.

O Sr. Aires Rodrigues (Indep.): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Eu desejava fazer ao Sr. Deputado Carlos Brito duas perguntas.

A primeira diz respeito à proposta avançada quanto à dissolução desta Assembleia e à realização de eleições gerais. E queria começar por dizer o seguinte: o Sr. Deputado Carlos Brito, tal como o documento do Comité Central do Partido Comunista, - fundamentou esta proposta a partir de uma modificação política na orientação do Governo que ele considerou como uma modificação de fundo. No entanto, ma sua intervenção, disse que havia nesta Assembleia uma maioria; de Deputados do Partido Socialista e do Partido Comunista e que isso tinha determinado em parte a orientação de conseguirem o entendimento nessa base, mas, a partir ida modificação da orientação do Governo, que considere de fundo, determinou a proposta de dissolução da Assembleia da República e de realização de eleições gerais para a constituição de um novo Governo. A pergunta é esta: en o Partido Comunista a fórmula governamental democrática sem qualquer discriminação. Entende o seu partido que é necessário que os democratas deste país façam bicha à porta da Rua António Serpa? - e eu agora caricaturo, mas é legítimo caricaturar, na media em que a fórmula é de facto muito vaga -, entende o seu partido que um governo de democratas significaria que os partidos passavam por baixo da mesa, significaria que aquilo que os trabalhadores construíram ao longo do seu combate, como expressão da sua mesma organização, era varrido como um trapo na sua própria história, no seu partido? Existiriam ai democratas que se apresentariam na António Seroa ou em qualquer outro lugar para se candidatarem a constituir um Governo? Ou, ao contrário, uma fórmula governamental tem de ter em conta o próprio movimento que os trabalhadores, para a sua organização, no seu combate, constróem, ainda que muitas vezes as suas próprias organizações e a sua direcção estejam em dissonância com as aspirações dos seus militantes? Em conclusão: para a constituição de um governo, para que uma fórmula governamental possa ser apreendida pela mais larga massa da população portuguesa, deve ou não ter-se em conta a existência dos partidos que os trabalhadores construíram com o seu esforço paira se organizarem e para se emanciparem? Nesta mesma pergunta está encerrada a questão que eu pus na anterior: se a partir de agora o Partido Comunista entende que o Partido Socialista, fazendo uma amálgama entre a direcção, militantes e simpatizantes, passa a ser um partido contra-revolu-