se não há estruturas de pertença da lavoura que o possam fazer?

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Acácio Barreiros quer responder imediatamente ou aguarda os outros pedidos de esclarecimento?

O Sr. Acácio Barreiros: (UDP): - Aguardo, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Pinto.

O Sr. Fernando Pinto (PSD): - Sr. Presidente, não ora propriamente para fazer um pedido de esclarecimento, mas sim, para protestar pela demagógica intervenção do Sr. Deputado Acácio Barreiros.

Ora, o que é que nos vem hoje dizer o Sr. Deputado Acácio Barreiros? Vem-nos dizer que o Douro, esse Douro de que tanto se tem falado, no 1 de Junho de 1974 e noutras datas gloriosas deste país, é dominado pelos grandes agrários e pelos latifundiários. Com isto, Sr. Deputado fica logo, V. Ex.ª a demonstrar que do Douro apesar de lá ter passado poucos dias nada conheceu.

Vozes do PSD:- Muito bem!

O Orador:- Se assim não fosse, teria dito que esses grandes agrários de acordo com as estatísticas oficiais, não ultrapassam mais do que 0,6% dos 28 000 mil lavradores da região. Teria tido também que os médios agrários, que serão os produtores de 100 a 200 pipas de vinho não ultrapassam 4% a 5% e que os restantes, Sr. Deputado, estão incluídos nos pequenos agricultores. E esses pequenos agricultores Sr. Deputado, são também trabalhadores rurais e, portanto, quando o Sr. Deputado confunde aqui o Douro com o Alentejo está a fazer uma grave injustiça ao Douro. É que no Douro há de facto alguns proletários, como no Alentejo, porque 90% da população do Douro, além de trabalhar por conta de outrém, tem também as suas propriedades, tem também a sua propriedade privada onde trabalha e onde trabalha e onde dá trabalho a outros que também têm propriedade privada.

Vozes do PSD: - Muito bem!

ainda que na região do Douro se pagam meios dias aos trabalhadores rurais e isso também é verdade, mas também lhe devo dizer, Sr. Deputado, que nessas freguesias, na minha própria freguesia, a generalidade das pessoas que têm propriedade privada não estão interessadas em pagar meios dias. Na maioria estão interessados em que os trabalhadores rurais trabalhem o dia inteiro e normalmente são esses mesmos trabalhadores rurais que, durante o período do calor, exigem, eles próprios, a partilha do dia em manhã e tarde, porque dispensam, erradamente, porque ainda não estão devidamente esclarecidos, advenham-lhes outros benefícios. De modo que, Sr. Deputado, quando, o ouvi não deixei de me lembrar da demagogia feita na região do Douro pelo capitão Pardal e, pelo major Delgado, da Fonseca, que defendiam outros interesses que não, provavelmente, os seus, Sr. Deputado.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para responder, Sr. Deputado Acácio Barreiros.

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Penso, em primeiro lugar, que a intervenção da UDP foi útil. Falou-se nesta Assembleia dos assalariados rurais do Douro e são insuspeitas pessoas do PPD/PSD, insuspeitas por defenderem os interesses dos agrários.

O Sr. António Lacerda (PSD): - Não apoiado!

O Orador: - ..., que, reconhecem que de facto ainda se ganha a 120$ por dia no Douro. É claro que se fizermos as; contas de uma outra maneira verifica-se, o que o Sr. Deputado não disse, que não se trabalha ao domingo nem nos dias de chuva, e só por ano são 54 domingos e, acrescentando-lhes seis feriados, são dois meses sem trabalho, em que não se recebem os 120$.

O Sr. Fernando Pinto (PSD): - Dá-me licença, Sr. Deputado?

O Orador:- Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Fernando Pinto (PSD):- Sr. Deputado, eu só queria lembrar-lhe o seguinte: O Sr. Deputado quando pensa nisso esquece-se que o salário mínimo nacional é de 3 500$, isto é, na gíria popular, secos, e que quando os lavradores - e eu não estou a defender os lavradores, Sr. Deputado - pagam 120$ os pagam com o pequeno-almoço, almoço e jantar e que, portanto, a esse ordenado o Sr. Deputado devia juntar o preço da alimentação.

O Orador: - Nem sempre é assim, nem sempre pagam com o pequeno-almoço, almoço e jantar. Mas o que os assalariados rurais dizem é que preferem antes, um salário maior e deixarem de comer a mixórdia que lhes é dada nesses pequeno-almoços, almoço e jantar.. .

Protestos do PSD.

... do que andarem a comer essas refeições e a receber 120$, que por mês não dá nada parecido com