Nestas condições, crescendo tanto como a geração de que ele é mais representativo e é, sobretudo a geração dos seus dirigentes, o CDS tinha, enfim, mar propicio e vento de feição para, sem mudar de barco, fazer uma viragem em dois quadrantes: o programático e o organizatório.
Quanto ao primeiro, se a Constituição é socialista, ou na medida em que o é, é, mesmo, se o socialismo pode também ser um agente progressivo e dinâmico da história, então quereremos que seja um socialismo puro, que consista, como a letra e o espírito sugerem, em mais vida social e mais crença na sociedade, e não e apenas em mais intervenção do Estado. Se o socialismo foi sempre, historicamente, empolamento do papel do Estado, que não seja, porém, empolamento da quantidade do poder político e de Estado, mas só aumento de dinamismo e agilidade de aparelhos públicos responsáveis que sejam via para o alargamento da competência e não via para o alargamento de fidelidade, que s ejam via para a desproletarização dos pobres e não para a consolidação e o alargamento da «burguesia» dos directores-gerais. Para além disto, a questão do socialismo já não pode ser, em termos constitucionais, a pedra de toque de qualquer alternativa política em Portugal. Não o pode ser nem o deve ser. Seria isso fechar numa baliza estreita e sem espectadores nem gáudio, precludindo a abertura infinitamente mais ampla que nos abre a experiência e a inteligência dos mundos mais evoluídos a que com certeza não desdenharíamos vir a pertencer. Uma avenida não se faz de dois becos. A história recente já vivida, que as gerações mais novas claramente rejeitam, mostrou bem que certa esquerda é apenas um sistema de palavras e que certa direita é apenas uma missanga de moedas.
Estes dois escolásticos simplismos esgotaram-se, e não vale a pena arranharmo-nos muito ou partir de raiva a pedra filosofal para saber o que aí vem.
A história pensa-se fazendo-se com um tempo novo -o das gerações novas- e um espaço novo, que será para nós o da Europa. Só com homens novo< e só num espaço novo nascerá uma filosofia política nova e uma capacidade de decisão firme. Assim aconteceu com a democracia, forjada nos balbúcios do Estado moderno, que foi a primeira forma de unificação do espaço nacional.
A eurodemocracia que propomos é, porventura, como no pólo oposto o eurocomunismo, uma precoce percepção desse mundo novo.
A confirmação do CDS, no seu II Congresso, foi por isso uma confirmação europeia e uma confirmação de Europa e com tão amplos e futurantes objectives o programa renovado do CDS, quer, também, abrir vias à possibilidade de criação e libertação pessoal numa via que, além de transcendência cristã, comporte uma espécie de transcendência histórica animadora de um empenhamento colectivo e real e seja, pois, uma aberta plataforma de reconciliação em movimento.
É com esta vontade renovada - a paz faz-se de vontades e a guerra da necess idade (padre António Vieira)-, é com esta vontade renovada, que o meu partido está disposto a enfrentar a vida futura do nosso novo país.
Aplausos dos Deputados do CDS.
O Sr. Presidente: -Srs. Deputados: Vamos passar à
O Sr. Presidente:- Como sabem, vamos, na primeira parte do período da ordem do dia, proceder à eleição da Mesa definitiva.
Houve, porém, um equívoco na elaboração das listas, pois tem de haver uma lista para a eleição do Presidente e outra para a dos restantes membros da Mesa. Para esse efeito há duas umas.
Quero comunicar-lhes, com muita solenidade e com alguma emoção, que acabo de apor pela primeira vez a minha assinatura num decreto-lei aprovado poesia Assembleia e que vai ser publicado no suplemento do Diário da República de hoje.
Aplausos gerais.
Temos agora, pelos motivos há pouco indicados, um intervalo pelo menos de dez minutos.
Está suspensa a sessão.
Eram 16 horas e 10 minutos.
O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.
Eram 17 horas.
O Sr. Presidente: - Vamos proceder à eleição da Mesa. Vai proceder-se à chamada para a votação.
Foi feita a chamada para a votação.
O Sr. Presidente: - Vai proceder-se ao escrutínio.
Convido para escrutinadores os Srs. Deputados Rui Pena e Vital Moreira:
Procedeu-se ao escrutínio.
O Sr. Presidente: - O resultado do escrutínio é o seguinte:
Presidente da Assembleia da República - listas entradas, 219; votos a favor, 215; votos desfavoráveis, 4.
Aplausos gerais, com todos os Srs. Deputados de Pé.