tica do Programa do Governo, no momento em que a direita dirige uma provocação, precisamente enquanto nós estamos a proceder a este debate, não pode passar ao lado desta provocação. E, se, nesta Sala ninguém quer enfrentar de frente (risos) esta provocação, a UDP está a fazê-lo como sempre tem feito.

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª já enfrentou demasiadamente.

Eu pedia-lhe o favor, se me é permitido pedir-lhe um favor, de circunscrever a sua intervenção dentro dos dispositivos do Regimento, que é claríssimo e que V. Ex.ª votou.

Estamos a tratar do Programa do Governo. Estas intervenções, tal como está estabelecido no Regimento, destinam-se exactamente a esse fim. Espero que V. Ex.ª reconsidere e não me obrigue a tomar uma atitude que no fundo me desagrada sempre tomar, mas que efectivamente serei obrigado a tomar.

O Orador: - Aliás, estou a terminar, Sr. Presidente, embora me mantenha em desacordo com a crítica que a Mesa me dirigiu. Mas tomarei, apenas mais dois ou três minutos a esta Assembleia.

Não quero, no entanto, deixar de fazer notar que a UDP considera que as suas posições ainda não estão suficientemente claras e não só as defende do alto desta tribuna como vai continuar a defendê-las nas ruas e na luta ao lado do povo trabalhador de Portugal, como sempre tem feito, numa posição firme e inconciliável contra o fascismo.

Este manifesto do Partido Comunista Português (Reconstruído) que passo a ler mostra que existe hoje um verdadeiro partido comunista em Portugal.

O Sr. Presidente: - Não posso consentir que V. Ex.ª aproveite a tribuna para se deslocar por completo do objectivo destas intervenções.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Torno a chamar-lhe, pela última vez, a sua atenção e peço-lhe que não me obrigue a praticar um acto que me constrange sempre e me aborrece, ou seja, ter de lhe retirar a palavra. V. Ex.ª tem o tempo que o Regimento lhe permite para se integrar dentro do objectivo desta intervenção. Suponho que no objectivo desta intervenção não estão as críticas ao Partido Comunista, o qual não está neste momento em causa. O que está em causa é o Programa do Governo. V. Ex.ª já disse o que entendeu sobre o general Spínola, que me parece, que também não faz parte do Programa do Governo.

Portanto peço a V. Ex.ª que reconsidere e me ajude. Se porventura continuar no mesmo tom tenha muita paciência mas tenho de lhe retirar a palavra.

Governo, que, se pode tornar do alto desta tribuna, no momento em que as forças fascistas dirigem uma provocação e um insulto como este ao povo português e aos mártires dos bombistas.

Portanto, Sr. Presidente, peço a sua compreensão, pois já disse que vou ser rápido, e permita-me, que termine, o discurso. Apenas tomarei mais três ou quatro minutos, embora, o Sr. Presidente possa não estar de acordo com esta perspectiva.

Apenas queríamos apresentar a parte final - que consideramos essencial para completarmos a nossa intervenção - do manifesto do Comité Central do Partido Comunista Português (Reconstruído)...

O Orador: - Sr. Presidente: A UDP tinha pedido apenas mais quatro minutos. Sabemos que os Srs. Deputados pensavam que viriam passar aqui algumas horas após um jantar sossegado, expondo as suas posições, com a moderação que tem sido característica (risos). Mas a, UDP considera imprescindível continuar com a sua posição. Se o Sr. Presidente quiser retira-me a palavra, mas quero dizer francamente que a parte final e os três ou quatro minutos em que queríamos ainda discursar ...

O Sr. Presidente: - Só tem dois minutos, Sr. Deputado.

O Orador: - Ai, não está a descontar o tempo, Sr. Presidente?

O tempo que nos resta é para lermos o manifesto do Comité Central do Partido Comunista Português (Reconstruído), que consideramos essencial para clarificarmos a nossa posição face ao Governo.

O Sr. Presidente: - Retiro a palavra a V. Ex.ª, não pode continuar no uso da palavra.

Aplausos dos Deputados do PS e alguns do CDS.