quando o debate já está quase terminado, ler alguns textos que certamente ficarão na história da antologia e da imagística parlamentares.

Comecemos por este texto: «Nas pequenas comunidades, onde as relações sociais se desenvolvem face a face, onde cada um e todos conhecem a exacta magnitude das suas carências e o limite dos seus desejos, onde o companheirismo, a entre-ajuda e a familiaridade própria dos pequenos mundos vence as barreiras do sectarismo e das querelas dos doutores», do Sr. Deputado e meu querido amigo Narana Coissoró.

tralização.

A descentralização que nós entendemos é total e perfeitamente contrária ao espírito do provincianismo. E é provincianismo de tipo maurrasiano ou corporativi9ta a definição dos interesses locais como os interesses mais imediatos, a que como se recorda, era o pressuposto ideológica do integralismo lusitano para a concepção do chamado voto orgânico, que contrapunha ao voto individual.

O Sr. Vital Moreira (POP): - Muito bem!

O Orador: - É igualmente provincianismo e corporativismo, embora de tipo diferente, tendo também na sua base um federalismo de raiz proudhoniana, o louvor, que eu considero absurdo, às pequenas comunidades.

Dir-me-ão que na América do Norte e noutros sítios do mundo existem comunidades de hippies, de fricks e de outras coisas cujo sentido me escapa mas que, na minha opinião, são sempre as manifestações dos marginalizantes e dos marginais que se colocam à margem da sociedade e do Estado, e que seguem o mesmo caminho dos eremitas da Idade Média, que iam para os desertos curtir em jejuns a sua separação da luta dos homens que em concreto efectivamente lutavam.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Bela demagogia!

essenciais.

A descentralização, Sr. Presidente e Srs. Deputados, para além do que se possa pensar, está muito longe de ser um tema inócuo. A história ensina-nos que foi, por exemplo, em nome da descentralização e dos direitos dos Estados (sic) que nos Estadas Unidos da América os estados sulistas proclamaram o seu direito à secessão, procurando, assim, combater as decisões do Poder Central, e o senador Barry GoldwaLer, campeão também dos direitos dos Estados, se opunha, ,em nome desses mesmos direitos, à generalização e ao aumento dos impostos e à criação dos serviços sociais. Isto vem, para quem não conhecer, no livro A Consciência de Um Conservador.

Risos do PS e do CDS.

O que importa ,não é combater o Estado Central com o poder local, mas sim afirmar solenemente que só existe autêntico poder local na base da existência

de um poder local unificador, capaz de dar às populações locais o não apoio no exercício dos seus direitos democráticos e de impedir a formação de um espírito de indiferença em relação aos grandes problemas nacionais.

Os problemas do fontanário, do hospital, da escola, da Universidade, são problemas positivos, excepto no momento em que se transformam em novas formas de indiferença e de alienação. Devemos dizer às populações locais que se têm de preocupar com esses problemas, mas em simultâneo com os problemas da nossa economia, com a estratégia da defesa portuguesa, com os problemas do Governo Português, com a nossa política externa, porque às populações locais, como a todos nós, nada é estranho. A não ser que se queira ou se pretenda contrapor ao voto individual o voto orgânico ou corporativo.

Vozes do PS e do CDS:- Muito bem!