O Orador: - Mas para nós organizarmos as cooperativas é necessário que o Governo nos dê subsídios e proteja as vendas dos produtos das cooperativas.

Mas além do apoio que o Governo devia dar às cooperativas - e nós lamentamos que ele se tenha esquecido do artigo 100.º da Constituição- há tarefas urgentes que ele tem de tomar sem demora:

1.º Criação de um seguro agrícola, protegendo o agricultor dos tempos e das doenças que por vezes danificam completamente as suas

colhei-tas.

O Sr. Lacerda Queirós (PSD): - Muito bem!

O Orador:

2.º Intervenção imediata :no tabelamento dos preços mínimas e justos, andes das colheitas, impedindo que o intermediário parasita se aproveite da falta de lucidez e de dinheiro e compre ao agricultor produtos que depois vai vender ao público pelo triplo.

Vozes do PS(r): - Muito bem!

falta de dinheiro, e que, aproveitando-se dessas más situações, faz negócios chorudos para ele e para o armazenista, que lhe dá percentagem no negócio, percentagem essa que aumenta se o negócio é muito bom.

Mudando do vinho para a fruta, mudamos de produto, mas não melhoramos de situação. Sou associado de uma cooperativa de fruta em Leiria - pelo menos chamam-lhe cooperativa, pois eu prefiro chamar-lhe armazém dos comerciantes, pois estes vão lá comprar a fruta e vão vende-la nas mercados pelo triplo e mais.

Na colheita de 1974 recebi por quilograma de maçã 6$, mas foram vendidas ao público a 25$ o quilograma.

Na colheita de 1975 pagaram-na a 390 e o público pagou-a a cerca de 10S o quilograma.

Quanto iremos receber da colhei-ta de 1976?

Assim, as cooperativas a quem servem?

Estamos a começar as sementeiras, e eu pergunto quem é que as pode fazer com os adubos tão caros e com tanta dificuldade em os adquirir?

Quem as pode fazer com as máquinas agrícolas e o gasóleo tão caro?

Par que razão não há ajudas para adquirir máquinas agrícolas e gasóleo para o pequeno e médio agricultura?

Perante isto tudo, onde está a tão apregoada justiça social que tanta vez ouvimos a quem nos governa?

O Sr. Pedro Roseta (PS): - Muito bem!

O Orador: - São horas de passarmos das palavras para as acções, pois os pequenos agricultores não vivem de promessas.

Tenho dito.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente:- Para pedidos de esclarecimento tem a palavra o Sr. Deputado Vítor Louro.

O Sr. Vítor (Louro (PCP): - Ouvi com muita atenção e junto a minha à voz do Sr. Deputado que acabou de intervir, nas reclamações que fez, e muito bem, a favor dos pequenos e médios agricultores. Só me ficou uma dúvida no espírito, que me parece ser, não tanto uma dúvida minha, mas uma contradição das bancadas do PSD.

Risos do PSD.

Com efeito é sabido que os intermediários -e refiro-me aos grandes intermediários - são um dos maiores cancros da exploração dos agricultores portugueses.

Uma voz do PS: - Como o Magalhães Mota!

Risos do PS.

O Orador: - Sendo exactamente o Ministro Magalhães Mota, hoje nosso distinto colega nesta Câmara, o responsável máximo pela comercialização dos produtos agrícolas durante cerca de um ano, mais exactamente dez meses, sabendo nós o desenvolvimento que os grandes intermediários tiveram sob a vigência do Sr. Dr. Magalhães Mota, que lhes deu oportunidade de ganharem dinheiro como nunca o fascismo lhes tinha permitido ...

Vozes do PS:- Muito bem!

Vozes do PSD:-E agora?

O Orador: - Por outro lado, ouvindo a voz veemente que alguns Deputados do PSD levantam e ainda há dias aqui levantaram - contra o decreto-lei que permite o saneamento das direcções das falsas cooperativas c, meus senhores, eu digo das falsas cooperativas porque, tal como o colega que acabou de intervir, entendo que as verdadeiras cooperativas são indispensáveis à verdadeira agricultura deste país, deixando até nessa altura de ser necessário o auxílio do Governo, porque a agricultura não precisa propriamente de auxílio, mas sim de políticas correctas ...

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado deve formular o seu pedido de esclarecimento, pois o seu tempo está a esgotar-se e eu não posso prolongá-lo.