O Sr. Faria de Almeida (CDS): - Era somente para fazer umas perguntas.

Em primeiro lugar, eu queria perguntar ao Sr. Deputado, que tantas vezes aí falou em referendo, se o PS já fez algum referendo sobre uma afirmação que constantemente faz, dizendo que o povo português ratificou a Reforma Agrária.

Uma voz do PS: - É óbvio que fomos nós.

O Sr. Aboim Inglês (PCP): - Três eleições!

O Orador: - A segunda pergunta que lhe queria fazer era se, quando o Sr. Deputado afirma que o PS respeita a posse das terras no Centro e Norte, com

o contrato de arrendamento em vigor, não discutido regionalmente, essa posse lhe é garantida.

A terceira questão é sobre o crédito de emergência, assunto sobre o qual já aqui tinha falado. Crê o Sr. Deputado que a agricultura do Centro e Norte

do País está em condições de pagar o juro do crédito de emergência?

O Sr. Deputado referiu-se a um projecto de lei de fomento agrário, apresentado pelo PS na Comissão de Agricultura e Pescas. Eu gostaria de dizer ao Sr. Deputado, como, aliás, já o disse na Comissão, que preferia chamar-lhe "apontamentos para um projecto", porque aquilo nada é, pelo menos especificado, para quem trabalha na lavoura.

Em último lugar, eu queria perguntar-lhe se tem dúvidas sobre as próximas eleições, perante a actuação dessa bancada num assunto tão sério como o da Re

forma Agrária.

O Sr. Presidente:- Sr. Deputado Nuno Abecasis, tenha a bondade de dizer para que efeito pede a palavra. Já há pouco a usou para formular um protesto

e para pedir esclarecimentos.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Sr. Presidente: É que eu tinha feito uma pergunta que me parece ninguém ouviu.

O Sr. Presidente: - O interpelado ainda não pôs essa objecção.

O Orador: - Mas pôs o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Presidente: - Deixemos então responder o interpelado e depois, se ele não tiver ouvido a sua pergunta, V. Ex.ª terá oportunidade de a fazer de novo.

O Sr. Deputado Brás Pinto deseja prestar desde já os esclarecimentos ou reserva-se para depois do intervalo, visto que estamos na hora em que habitualmente ele é feito?

O Sr. Brás Pinto (PS):- Respondo já.

O Sr. Deputado Nuno Abecasis disse muitas coisas mas perguntou muito pouco. Em primeiro lugar, protestou contra o processo de intenção, as falsas intenções, as meias verdades, ligando com as bombas, etc.

Eu nunca disse que o CDS pôs as bombas. Longe de mim tal afirmação.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Insinuou! Mas ainda bem que retira.

O Orador: - Não, não! Eu não retiro, porque não cheguei a afirmar.

Desculpe, mas está a ver nas minhas palavras coisas que não existem e isso não é democracia.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado: Embora o diálogo seja normalmente muito útil, creio que neste momento não é pertinente.

Queira responder às questões.

O Orador: - Quanto, às nacionalizações, também não falei em desnacionalizações, falei em suspensão das expropriações, o que é completamente diferente de desnacionalizações.

Eu do que estou convencido é que o CDS está tão preocupado com as desnacionalizações que até vê desnacionalizações onde elas não existem.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Que piada!

O Orador: - Quanto à questão de eu ter dito que o CDS traía o espírito do 25 de Abril, eu também não disse isso. E para isto parece-me que posso usar as mesmas argumentações que usei há pouco.

Quanto aos trabalhadores rurais, ou melhor, trabalhadores agrícolas do Sul - eu prefiro chamar-lhes assim, não se sentirem proprietários dos 5 ha de terra, eu queria dizer ao Sr. Deputado que, por acaso, até sou membro de uma cooperativa do Alentejo, sou um dos cento e vinte trabalhadores de uma cooperativa do Alentejo.

Uma voz do CDS: - Nota-se!

O Orador: - Nota-se, soim, porque ser regente agrícola também é ser trabalhador, meu senhor. Porque o PS nunca desmentiu que os quadros também são trabalhadores. Portanto, parece-me que não podem fazer essa acusação.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado deve limitai-se ao objecto das perguntas.

O seu tempo é, como sabe, limitado.

O Sr. Oliveira Dias (CDS): - Então estão enganados.

Uma voz do CDS: - É uma vantagem.

O Orador: - Talvez não seja vantagem para o senhor que nunca produziu nem milho nem trigo.