Uma voz do PCP: - Falas tu do internacionalismo!

Europa.

Dada a rapidez com que o Sr. Deputado fez as perguntas, não tive tempo de as anotar todas, pelo que lhe agradeço que me repita a segunda.

O Sr. Presidente: - Desculpe, Sr. Deputado, mas não o pode fazer. Se não tomou nota, ninguém tem culpa. V. Ex.ª terá de responder sem nova interpelação do Sr. Deputado que lhe fez as perguntas.

O Orador: - Não é interpelação. Eu autorizo o Sr. Deputado a interromper-me para ...

O Sr. Presidente: - Mas a Mesa não autoriza, Sr. Deputado. Seria a repetição, das perguntas, o que o Regimento não permite.

O Orador: - Em relação às perguntas do Sr. Deputado José Luís Nunes ...

Uma voz do PSD:- Manda-lhe lá uma!

O Orador: - ... eu penso que neste momento em que o Sr. Deputado está sentado na bancada do Partido Socialista, partido do Governo dito «socialista», me vem fazer perguntas que deveriam ser feitas à República Popular da China. Esse Governo já está neste momento embalado para ir fazer uma visita à ditadura militar fascista brasileira e continua sem prestar contas ao povo português em que ponto está o estabelecimento de relações diplomáticas com a China e com a República Popular da Albânia. Francamente, se quer acusar-me de ignorância, eu penso que isso é irresponsabilidade.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado: V. Ex.ª dispõe de mais um minuto, dos seis que lhe cabem para responder aos dois pedidos de esclarecimento.

O Orador: - Muito obrigado.

De facto, a República Popular da China e a República Popular da Albânia são, dois países socialistas com os quais inexplicavelmente já após dois anos e meio do 25 de Abril se continua a não ter relações diplomáticas e o Governo Constitucional não presta contas disso.

Portanto, essas perguntas dirija-as à República Popular da China, porque eu estou aqui a traçar a política externa do ponto de vista do proletariado português, que não está no poder (risos), que não detém o poder e, portanto, a posição, é necessariamente diferente, mas convergente.

O Sr. Presidente: - Estou a ouvir uns sussurros e, francamente, não sei se vêm das galerias se do hemiciclo. De qualquer modo, as galerias não podem pronunciar-se, de nenhuma forma e os Srs. Deputados devem ouvir com atenção.

O Orador: - Sr. Presidente: Penso que no essencial respondi às questões.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Sérvulo Correia para formular um protesto.

O Sr. Sérvulo Correia (PSD): - Protesto quanto às propendidas intenções ou cumplicidades do meu partido, em qualquer projecto neocolonialista ligado, ou não com a individualidade que o Sr. Deputado Acácio Barreiros referiu. O meu partido, desde a data da sua constituição, tomou uma posição muito clara em relação à descolonização, que entendia como um processo feito com as cautelas necessárias para assegurar aos povos dos territórios administrados por Portugal uma verdadeira autodeterminação. Aliás, todas as minhas palavras, de que o Sr. Deputado Acácio Barreiros se serviu como pretexto para as referências que, hoje fez, iam precisamente no sentido de lamentar que Portugal não tivesse tido a força suficiente e de que o processo não tivesse sido conduzido com inteligência bastante para impedir a formação de neocolonialismo, que era precisamente aquilo que deveria ter sido evitado a todo o custo.

O Sr. Presidente: - O protesto fica lavrado. O Regimento é omisso sobre a sua aceitação. É uma lacuna que convém preencher porque infelizmente, segundo o meu ponto de vista, nem todos os protestos são pertinentes.

Esse, eu pessoalmente, considero-o pertinente, mas a Mesa não o aceita na medida em que o Regimento não diz que aceita ou rejeita.