O Orador: - A segunda é a proposta dos partidos da oposição, que. dizem que em Portugal não vai haver, nem pode haver, colaboração de classes. De um lado o PCP diz-nos, pela voz do Sr. Deputado Vital Moreira, que nós temos de cair sobre os rendimentos do capital e destruir os capitalistas.
O Sr. Vital Moreira (PCP): - Eu não disse isso.
O Orador: - O Sr. Deputado, nas suas considerações, se não utilizou estas palavras, disse coisas semelhantes. Aliás, nós ouvimos todas o que aqui foi dito, que havia capitalistas em Portugal e que eram grandes capitalistas. Geralmente, nós nunca falamos em pequenos e médios capitalistas, falamos é em pequenos e médios empresários; portanto, quando ouço falar em capitalistas, penso sempre nos grandes.
O Sr. Lino Lima (PCP): - Pensa mal!
Uma Voz do PS: - Foi o Expresso.
O Orador: - O Sr. Deputado do PPD, o ex-Deputado desta Assembleia da República, Alfredo de Sousa, dizia que ...
O Sn. Pedro Roseta (PSD): - Assembleia da República não, Assembleia Constituinte.
O Orador: - Peço desculpa. Eu sei que os Srs. Deputados são falhos de ideias, mas exigentes na gramática.
Dizia esse ex-Deputado do PPD que era necessário tomar determinadas medidas de austeridade, medidas essas semelhantes a este esquema que o Governo propõe.
Queixam-se os Srs. Deputados do PSD que ais críticas que nós fizemos não foram ao fundo da questão, e, pela primeira vez neste debate, eu tenho de dar .razão aos Srs. Deputados do PSD. É que até à data nenhum de nós disse, nenhum dos Srs. Deputados do PSD disse, que as críticas que são feitas ao nosso esquema de poupança são feitas, segundo dizia o tal comunicado da Comissão Política Nacional do PSD, não ao esquema de poupança que nós propomos, mas à política económica na qual esse esquema de poupança se insere. O que quer dizer antecipadamente que os Srs. Deputados do PSD, e refiro-me aos Srs. Deputados do PSD em concreto, que se têm debruçado com muita atenção sobre isto. dizem o seguinte: o Governo tem uma política errada, uma política económica que não serve aquilo que nós entendemos que devem ser os interesses nacionais, e, portanto, como esse esquema de poupança se insere nessa política económica que nós consideramos errada, nós somos contra ele. Isto é o que os Srs. Deputados do PSD têm dito.
É preciso que fique bem claro, dentro e fora desta Sala, que, com outro esquema económico, com outros objectivos, com outras formas de actuação, o PSD daria o seu apoio a um esquema de poupança semelhante a este ou a outro muito pior.
Cá dentro e lá fora, está bem claro qual é o tal esquema económico que o PSD propõe. Nós não sabemos. E mão sabemos porque o Partido Social-Democrata, dentro de uma singular justiça e de uma ambiguidade que vem sendo tradição da sua política nestes momentos, não disse ainda qual era a sua alternativa, mas permite, em determinados momentos, levantar uma ponta do véu.
A Sr.ª Melena Roseta (PSD): - O nosso objectivo é a social-democracia. O Sr. Deputado sabe isso há muito tempo.
O Orador:- Eu sei e acredito, desde que a Sr.ª Deputada mo garanta sob palavra de honra.
Risos do PS.
A alternativa, portanto, e esta. E eu chamo a atenção para uma afirmação. sibilina do. presidente do Partido Popular Democrático, que também deve estar nalgum outro comício fora desta Sala, porque o vemos aqui muito poucas vezes ...
Vozes do PS: - Muito bem!
O Orador: - Eu desejaria não ter de descer a este tipo de argumentação, mas os Srs. Deputados do PSD obrigam-me a descer a um nível a que eu não estou habituado.
O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Não?
O Orador:- Dizem ainda, no argumento sibilino, que se fala em política de austeridade, mas as despesas do Estado aumentaram assustadoramente e não foram diminuídas. Eu cito de cor, mas isto é exacto e é verdadeiro.
Sc as palavras têm alguma espécie de sentido e se as palavras servem para exprimir ideias e não pura argumentação verbal ou verbosa, conclui-se que a política do PSD consistiria numa acentuada diminuição das despesas do Estado.
A Sr.ª Melena Roseta (PSD): - E no aumento da produtividade.
O Orador: - E no aumento da produtividade, claro.
Simplesmente, essas fórmulas, que andam muito próximas de umas outras fórmulas que eu não vou aqui repetir porque acho que não vale a pena, implicavam, necessariamente, que o aumento das despesas do Estado se deve em grande parte ao sector