Sabendo que há mais ou menos sessenta redactores na redacção de O Século, pergunto também ao Sr. Deputado quantos foram os trabalhadores que subscreve-
ram esse comunicado anónimo que visa uma única Risos do PS.
coisa: dividir os trabalhadores de O Século e voltá-los contra o seu conselho. de redacção. Enfim, enfraquecer a luta dos trabalhadores, luta que, no entender do nosso partido, deve ser feita à parte das querelas partidárias, porque a emancipação dos trabalhadores deve ser feita à custa dos próprios trabalhadores.
A Sr.ª Maria Emília de Meio (PS): - Muito bom, Sr. Deputado!
O Sr. Presidente: -- V. Ex.ª, Sr. Deputado José Luís Nunes, quer responder já?
O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sim, Sr. Presidente, prefiro responder já.
O Sr. Presidente:- Então tenha a bondade, Sr. Deputado.
O Sr. José Luís Nunes (RPS): - Começo por notar que a minha intervenção é golpista, tendo feito sorrir o Sr. Deputado Nandim de Carvalho, o que eu com-
preendo perfeitamente. Como dizia o grande mestre de Direito Ossory Gallardo no seu livro A Alma da Toga, nós nunca devemos sor advogados em causa própria, ou, como dizia Maurice Garçon, «advogado em causa própria tem um tolo por cliente».
Aplausos do PS.
O Sr. Barbosa de Meio (PSD):- É verdade!
É exacto!
No comunicado dos - trabalhadores, o n.º 2 diz o seguinte:
Os trabalhadores da redacção não têm qualquer conhecimento de que o seu conselho de redacção tenha dado tal parecer em seu nome.
O Sr. Nandim de Carvalho (PSD): - Sou alheio a isso.
O Orador: - Mas o que é mais interessante é que, ontem o Sr. Dr. Sérvulo Correia - e a minha memória felizmente é de ferro- (risos do PSD) fez aqui uma filípica censurando-nos por não termos ouvido os trabalhadores quando foi da demissão
e dizendo até que há partidos que falam muito nos trabalhadores e que na altura própria não respeitam a sua vontade. Eu quero só dizer o seguinte: é que, quando queremos tratar as pseudodoenças de outros, devemos ver primeiramente a hipótese de aplicar a nós próprios a terapêutica que preconizamos. Esta frase lembra-me aquela caricatura que Júlio Dinis fazia na Morgadinha dos Canaviais, em que representava um careca que vendia pós para fazer crescer o cabelo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: o conselho de redacção não foi ouvido e os trabalhadores não foram ouvidos.
Havia ainda um segundo ponto. Simplesmente neste momento não me recordo exactamente qual é.
Vozes do PSD: - Então essa memória de ferro?
O Orador: - Pedia ao Sr. Deputado o favor de repetir, se não se ,importa.
Risos do PSD.
O Sr. - Presidente: - Eu pedia silêncio, Srs. Deputados. Tenho a impressão de que quem está neste momento no jogo é o Sr. Deputado José Luís Nunes e o Sr. Deputado Nandim de Carvalho e eventualmente o Sr. Deputado Sérvulo Correia, se assim o entender.
O Sr. Nandim de Carvalho (:PSD): - Sr. Deputado: Tenho muito gosto em ajudá-lo, porque afinal a sua
memória não é de ferro, é ferrugenta.
Aplausos do PSD.
É claro que não me ,respondeu à primeira pergunta, mas a segunda, a que certamente também me não vai responder, parque não sabe, e a seguinte: sabe quantos trabalhadores subscreveram o tal comunicado e que percentagem é que isso significa em relação ao total de trabalhadores da redacção?
O Sr. José Luís Nunes (PS):- Eu vou responder-lhe muito .gostosamente, da seguinte forma: em primeiro lugar, não sei quantos trabalhadores subscreveram o tal comunicado; em segundo lugar, há uma coisa de que tenho a certeza: é que se alguns trabalhadores subscreveram este comunicado, nenhum trabalhador subscreveu a nomeação do Sr. Deputada Nandim de Carvalho para membro da redacção de O Século.
Aplausos do PS.
E com esta consoladora certeza, ,termino a minha resposta.
Vozes do PS: - Muito bem!
O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Que anedota!
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Sérvulo Carreia, para formular um protesto.
O Sr. Sérvulo Carreia (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Protesto pela forma abusiva como o Sr. Deputado José Luís Nunes deturpou as manhas palavras de ontem, ignorando a lei e as formas de representação dos trabalhadores.
Eu disse que, na decisão de demitir um administrador, o Governo não tinha, como lhe cumpria, ouvido os trabalhadores através da sua forma de repre-